Realizando Seu Sonho

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– Não sei Fee... Talvez não tenha sido uma boa ideia...

Cosima estava parada no meio do banheiro apenas de sutiã enquanto tentava ajustar as tiras da cinta da forma mais confortável possível.

– De jeito nenhum! Eu não vou deixar você voltar atrás agora e você vai me agradecer por isso depois – disse ele passando uma calcinha boxer preta para ela. – Agora vai, veste isso

Cosima passou os pés pelas aberturas destinadas às pernas e subiu a peça até a metade das coxas. Depois ficou ali paralisada; oscilava o olhar entre aquela coisa presa junto a seu osso púbico e a calcinha, completamente incerta em como prosseguir.

– Anda logo Cosima! – disse Felix já começando a ficar impaciente com a demora dela. – Aquenda logo essa neca!

Ela segurou o brinquedo com uma mão – ainda se acostumando com a sensação de ter algo preso ao seu corpo – e com a outra subiu a calcinha, tentando esconde-lo de forma que ficasse imperceptível.

– Isso não vai dar certo Felix – ela resmungou.

– Mas é claro que vai! Como você acha que as drag queens e as mulheres trans não operadas fazem?

– Tá, eu sei da teoria, mas eu acho que com elas só funciona porque elas não estão tão... acordadas.

– Ah, querida, eu posso te garantir que tem muita drag que mesmo desmaiada é maior que esse seu acordado aí.

Naquele dia mais cedo, quando os dois foram ao sex shop fazer a compra do acessório, Felix insistiu para que Cosima levasse um modelo mais, digamos, generoso. Porém, contrariando a opinião do amigo, ela acabou preferindo algo mais modesto.

– Não é tão pequeno assim – ela retrucou.

– Pode até ser, mas tenho certeza de que a Delphine já saiu com algum francês bem melhor dotado que isso aí – Cosima o fuzilou com o olhar. – Tá bom, tá bom... Eu exagerei. O tamanho não é a coisa mais importante...

Mesmo não devendo, a morena não conseguiu deixar de sentir uma pontada de ciúmes ao imaginar Delphine se relacionando com outras pessoas no passado. Especialmente por essas pessoas terem sido homens.

– Viu? Não ficou tão mal assim – ele falou conferindo o volume na calcinha dela. – Quando vestir a calça ninguém vai nem perceber.

– Só não sei como eu vou fazer pra andar... – ela disse ensaiando os primeiros movimentos, provocando risos em Felix devido a sua falta de jeito.

– Você se acostuma.

Foi então que eles ouviram algo que os impediu de continuar falando.

Cosima?

Reconhecer a voz de Delphine vindo se seu quarto fez com que Cosima olhasse para Felix com os olhos arregalados.

Com um pouco de mímica e mexendo os lábios sem emitir som algum, ele disse a ela: Relaxa, eu vou lá.

Tão logo ele saiu do banheiro, a morena se apressou para continuar vestindo sua roupa.

– Delphine! Você já chegou!?

Felix foi rápido em sua ação; no instante seguinte ele já tinha conseguido levar Delphine para longe.

Sem mais demora, Cosima se debruçou sobre a bancada do banheiro e habilidosamente fez seu típico delineado nos olhos. Graças a uma tosse chata que ela não sabia de onde tinha vindo, teve sorte de não acabar borrando seu todo rosto.

Je L'aime à MourirOnde histórias criam vida. Descubra agora