Tangled [Changki]

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Em um lugar do reino esquecido pela realeza, através de falsas paredes camufladas, lá estava a enorme torre de pedra. E foi nela que Yuna viu a chance de começar uma falsa vida com Kihyun, fingindo ser sua mãe super protetora.

Cuidou do bebê tão precioso para si como se sua vida dependesse disso. Ah, claro, dependia mesmo.

Bem, ela o proibiu de sair da torre não importa qual seja a ocasião. Arrumando sempre todas as coisas que Kihyun pedia, foi levando a mentira, e, mesmo indo completar dezoito anos em dois dias, o Yoo ainda não havia desconfiado de nada. Nem mesmo que seu sobrenome não era Kim, como a mãe afirmava.

Sua consciência o faz companhia durante os dias em que fica sozinho. Ou seja, quase todos os dias. Ele conversa consigo mesmo as vezes já que não tem mais ninguém para conversar.

Mas Kihyun não classifica sua vida como chata. Não, não. Pelo contrário. Tem diversos livros de todos os tipos para ler, muita tinta e telas para pintar, assim como pode cozinhar sempre que quiser testar algo novo. Sem falar do canto e da dança que pratica sozinho as vezes. Mas nunca, em hipótese alguma, pode citar o lado de fora. As coisas são assustadoras de mais segundo sua mãe e ela já está cansada de reclamar da teimosia dele quando o assunto é abordado.

Entretanto, hoje sua coragem teria que falar mais alto do que a aceitação e ele tocaria no assunto mais uma vez. Acontece que em um dia específico do ano, mais precisamente no aniversário do Yoo, milhares de luzes flutuantes são lançadas ao céu. Isso acontece anualmente e, agora que completará dezoito anos, o garoto quer muito vê-las de perto e descobrir qual é o sentido delas. Por que sempre são lançadas no dia de seu aniversário e nele apenas?

Quando ouviu sua mãe chamar três vezes, jogou a escada de corda para a mesma subir.

O quê? Pensou que ele jogaria cabelo? Fala sério, em apenas dezoito anos seu cabelo ainda estava batendo na coxa. Com certeza não alcançaria nem metade da torre e ele definitivamente não tem tanta força para puxar uma pessoa com a cabeça.

-- Oi, meu tesouro! - Yuna cantarolou - Eu trouxe algumas de suas frutas preferidas.

-- Obrigado, mamãe. - ele estava nervoso. Será a primeira vez em dois anos que toca no assunto "fora da torre" - Sabe, mãe... Meu aniversário tá chegando!

-- Mas já?

-- É! Legal, né?!

-- O que você quer?

-- Sabe... Eu estava pensando... E tem uma coisa que eu quero muito, muito nesse aniversário, mamãe. Se a senhora deixasse, eu ficaria muito feliz.

-- Pare de enrolação. Odeio quando fica enrolando e não diz logo o que quer, Kihyun.

-- Ah. Hm, eu quero muito... Ver as luzes flutuantes, mamãe!

-- Ver o quê?

-- As luzes flutuantes. Elas aparecem lá no céu e ficam brilhando.

-- Ah, são estrelas, bobinho.

-- Mas não parecem estrelas. Essas luzes só aparecem uma vez por ano. E adivinha?! No meu aniversário! Deve ter uma boa razão e eu preciso descobrir.

-- Chega de bobagens, querido. Cante um pouco para a mim. Estou me sentindo muito cansada.

Kihyun sentiu Yuna fazer carinho em sua cabeça e começou a cantar baixinho. Sua mãe, logo que sentiu estar mais jovem, se afastou.

-- Você vai me deixar ver as luzes, mãe?

-- Claro. Veja da janela.

-- Mas a senhora não entende! Eu preciso ver elas de perto-

-- Kim Kihyun! Nós já conversamos sobre isso.

-- Eu me sinto tão preso aqui. Por que nunca posso sair? O horizonte não parece ser nada assustador. Eu li algumas histórias sobre.

-- São apenas historias, Kihyun. Eu sei o que é melhor para você. Acredite em mim quando digo que as pessoas são maldosas e fariam de tudo para ter o seu cabelo. Elas são más, meu bem. Dos olhos delas emana maldade. Você é muito puro e elas se aproveitariam de você. Me entende, meu bem?

-- Sim, mamãe...

-- Ótimo. Vou pegar o resto das frutas que separei. Volto em um instante.

-- Tudo bem. Vou cortar as frutas que já trouxe.

Yuna saiu pela escada. Essa que Kihyun esqueceu de trazer para a torre novamente como sempre fazia quando a mãe saia.

Mal sabe ele que sua vida mudará completamente por causa desse pequeno deslize.