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Changkyun e Kihyun estavam correndo o mais rápido que podiam desde o momento em que perceberam que estavam sendo perseguidos por cães reais, ainda dentro da passagem subterrânea.

O Yoo se atrapalhou, já que nunca precisou correr antes, e Changkyun não quis deixá-lo para trás por algum motivo desconhecido por si. Preferiu colocar a culpa de sua empatia na coroa escondida.

-- Desse jeito nós vamos virar ração, loirinho!

-- Estou correndo o mais rápido que posso!

Kihyun já estava ofegante quando eles finalmente saíram daquele túnel que parecia não ter fim.

-- Precisamos nos esconder. - Changkyun avistou um lamaçal - Passa lama no corpo. Sempre funciona nos filmes.

-- Eu não vou me sujar de lama.

-- Prefere virar comida de cachorro e nunca ver as lanternas de perto? Tudo bem, a escolha é sua.

O Yoo se rendeu, mesmo que sua consciência estivesse condenando-o por isso.

-- Tudo bem, eu me sujo com isso, mas você tem que prometer que não vou ver as lanternas assim.

-- Tá, a gente passa em um rio depois. Anda, eles devem estar perto. - Changkyun já estava mergulhando na lama -

Kihyun deitou na sujeira repensando todas as escolhas que fez em sua vida, até se dar conta de que essa é a única escolha real que está fazendo desde que se entende por gente.

-- Você fica uma gracinha coberto de lama.

-- Isso foi uma ofensa, Daniel.

-- Foi?

Kihyun fez cara feia, mas prendeu a respiração assim que notou os cachorros e os guardas reais rondando a área.

-- Por aqui, loirinho.

Ele seguiu Changkyun, que se mexia o mínimo possível, até que encontraram uma pedreira aparentemente abandonada.

-- Está bem escuro aqui dentro.

-- Só precisamos esperar até eles desistirem de nos procurar por essa região.

-- Como consegue viver fugindo assim? É bem cansativo.

-- Tenho alguns anos de prática.

-- E você já passou por essa sujeira antes?

-- A lama?

-- Sim. Estamos imundos e fedidos.

-- Nunca fiz, mas confesso que nos filmes parece mais legal. Tipo quando as pessoas se arrastam pelo chão com suas armas.

Changkyun tentou imitar uma cena que em sua cabeça sairia perfeita. Mas sua perna vacilou e ele deixou um grito de dor escapar.

-- Daniel?! Está tudo bem?

-- A minha perna... Eu devo ter cortado quando me joguei no chão pra me camuflar.

-- Eu posso ver?

Changkyun balançou a cabeça positivamente. Por um momento esqueceu que Kihyun não podia vê-lo claramente.

-- Mas está escuro.

-- Não tem problema. Só prometa que o que irei fazer agora não vai te fazer fugir.

-- Como é que é? O que você vai fazer, Kihyun?

-- É a primeira vez que me chama pelo meu nome. Deve ser um avanço.

Quando o Yoo começou a cantar, seu cabelo foi acendedo aos poucos, iluminando o ambiente e enlouquecendo Changkyun, que estava paralisado com um grito entalado na garganta.

Kihyun pegou sua faca e abriu mais o rasgão que já havia na calça de Changkyun. A pele estava cortada, e o sangue misturado com a lama. Ele não pensou duas vezes antes de colocar seu cabelo em cima e cantar um pouco mais antes de finalizar a música.

-- O que você fez? A dor sumiu... Por que a dor sumiu?!

-- Por que agora você está bem.

-- Mas como isso é possível?! O seu cabelo...?

-- É o que você acabou de ver. Eu tenho um cabelo mágico que brilha no escuro e pode curar as pessoas.

-- Ainda bem. - Changkyun respirou fundo - Pensei que eu estava delirando.

-- Isso não te assusta?

-- Assusta e muito, mas acho que não preciso ter medo de você.

-- Eu sou assim desde que nasci. A mamãe disse que tentaram cortar meu cabelo uma vez, mas quando isso acontece ele vai perdendo o poder e ficando castanho. - mostrou a parte cortada - É por isso que ela...

-- Ela?

-- Por isso eu nunca consegui sair...

-- Você nunca saiu daquela torre?

-- As pessoas se aproveitariam de mim se soubessem. Eu fico mais seguro lá.

-- Já que você tá me contando seu maior segredo, acho que posso te contar o meu.

-- Qual é o seu segredo, Daniel?

-- Changkyun.

-- O que disse?

-- Meu nome de verdade é Im Changkyun. Só meus amigos sabem disso, e agora você.

-- Então por que Daniel?

-- É uma história chata sobre um órfão que gostava de ler. Você não vai curtir.

Kihyun apoiou os cotovelos nas coxas e o rosto nas mãos.

-- Pode começar. Eu gosto de histórias.

Changkyun suspirou, se dando por vencido.

-- No orfanato onde eu morava, havia alguns livros contando histórias de um homem cheio da grana. Ele tinha tudo o que queria e não precisava se preocupar com nada além da segurança da cidade onde vivia. O nome dele era Daniel.

-- Então ele não era ladrão também?

-- Não. Ele trabalhava muito sendo detetive e ajudando as pessoas, acho que gostava do que fazia.

-- Você gosta do que faz?

Changkyun tentou enxergar o brilho dos seus olhos no meio da escuridão, mas desviou antes mesmo de encontrar.

-- Não importa se eu gosto. Não tenho outra opção.

Kihyun ficou em silêncio, pensando nas palavras que diria com cuidado. Porém Changkyun não deixou ele falar mais nada sobre esse assunto.

-- Acho que os cães já foram embora.

-- Changkyun, eu-

-- Tá tudo bem, loirinho. Vem, precisamos nos limpar de toda essa lama.

Eles saíram da pedreira enquanto ainda estava claro, e seguiram para o rio próximo.

-- Seu cabelo está todo sujo agora. Me deixa te ajudar.

Changkyun ajudou Kihyun a lavar o cabelo e tirar toda a sujeira. Suas mãos se tocaram por mais tempo do que o necessário durante o processo, e, por algum motivo, seus corações começaram a bater mais rápido. Mas o frio levou a culpa, já que era o mais conveniente.

Depois que o Im saiu, alegando que buscaria lenha antes de anoitecer, não demorou muito para Yuna aparecer, causando medo e culpa em Kihyun, que agora não sabia o que fazer para se justificar.

Tangled [Changki]Where stories live. Discover now