A Favorita Do Sultão

Perbincangan

Jasmine

— Senhora, eu... — Tentei me explicar e ela se aproximou rapidamente de mim como uma forte tempestade. Os olhos estavam em brasa e me encararam de friamente.

— Como ousa tentar menosprezar a tradição do nosso povo?

— Eu não estava menosprezando, senhora. Apenas disse que não acho justo a desvalorização da filha mulher. — Tentei me justificar e ela arqueou a sobrancelha.

— E que peso a opinião de uma pessoa como você tem? Eu te explico: nenhum. Os filhos homens carregam o nome da família, são líderes natos. São eles que provém toda a economia do nosso país.

— Ya. Eu sei de toda essa importância na nossa sociedade, mas nós mulheres também somos tão importantes quanto eles. — Rebati irritada e ela pareceu ainda mais furiosa com a minha petulância em responder. Na verdade eu sabia que não deveria fazer isso, mas era algo que estava entalado na minha garganta desde que descobri tudo. As palavras saíam da minha boca sem que eu tivesse o mínimo controle.

— Nem se comparam a superioridade dos homens. Eles sempre serão os chefes de estado por uma questão de lógica. Mulheres são seres vulneráveis por natureza.

— A senhora também é uma mulher. Também é um ser vulnerável? — Rebati e ela aproximou perigosamente de mim com o olhar cravado no meu.

— Você está me afrontando, criada? — Questionou entredentes.

— Meu nome é Jasmine, senhora. — Avisei e ela pareceu ainda mais furiosa. — Eu não estou te afrontando, só estou tentando entender seu ponto de vista.

— Você não tem que entender nada. É apenas uma criada, sempre será uma criada cuja a única função é apenas nos servir. Limite-se ao seu lugar! E para o seu governo eu não sou como​ as outras mulheres, eu sou uma rainha. Obviamente já nasci diferente das outras.

— Com toda certeza. — Ironizei abaixando a cabeça, engolindo todo o meu ódio e tentando abrandar a minha voz. — Uma mulher qualquer jamais teria o lugar da senhora.

— Que bom que tem consciência disso.

— Me perdoe pelas palavras descabidas! — Pedi ainda olhando para o chão.

— A partir de hoje estarei de olho em você, criada. Não quero mais ouvir uma palavra sequer sobre todo esse absurdo que me disse. Talvez esteja faltando trabalho para você, já que sua mente ainda tão desocupada ao ponto do que houve aqui. Mas não se preocupe, irei providenciar que tenha sempre suas funções de uma reles criada para fazer. Assim verá o tanto que mulheres como você é importante na sociedade. — Sua voz tinha um tom muito claro de sarcasmo.

Fiquei em silêncio apenas tentando conter a minha revolta em ver que ela realmente acreditava que ela era a única mulher digna de alguma coisa. As outras apenas serviam para trabalhos braçais e humilhações como essa.

Rainha Azura tomou o lenço da minha mão e analisou o bordado. Pareceu se interessar por ele, mas não disse absolutamente nada. Apenas o jogou no chão como se fosse algo descartável.

— Chega de bordados​ por hoje! Agora você vai limpar os banheiros.

— Todos já estão limpos, senhora. — Contei erguendo meu olhar e notando um sorriso triunfante no rosto dela.

— Mas eu quero que você lave tudo novamente. Algum problema com isso?

— Tidak. — Neguei irritada.

— Então vá! Lave todos os banheiros sem ajuda de ninguém! Use todo o seu tempo agora para refletir nas suas atitudes. E nunca mais ouse me confrontar. Você nunca irá me querer ver com raiva.

Concordei furiosa e saí do salão largando a maldita agulha no móvel próximo da porta. Notei que a rainha parecia discutir com a princesa, mas segui mesmo assim para o meu castigo.

Era óbvio que eu não conseguiria lavar todos os quarenta e três banheiros sozinha em um único dia. Não era à toa que havia uma infinidade de criadas no palácio. Mas eu realmente aproveitei o tempo para pensar nas possibilidades que a discussão me proporcionou. Agora eu já sabia exatamente o que fazer para conquistar a confiança da sultana. Eu precisava tratá-la como​ se ela fosse o ser mais especial da face da terra. Por isso sondei Ismênia e descobri a cor que a rainha mais gostava de o modelo de vestido, assim decidi fazer um para presenteá-la e assim fingir ser uma boa criada aos seus olhos. Se era uma imbecil que ela queria aos seus pés, era o que ela teria. Agora, mais do que nunca, a minha vontade de desmascarar a rainha se tornou uma questão de honra. Eu iria provar para ela que homem nenhum chega aos pés de uma mulher decidida.

Ela vai pagar por cada palavra.