19 anos (Todas as memórias)

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 A promessa de Jay que esperaria por Alec se manteve viva por cerca de cinco anos, até que ela partiu junto com ele inesperadamente.

Pouco depois de completar 12 anos, Jay foi num acampamento de verão com a turma da escola, e no terceiro dia acabou sendo picado por uma abelha.

Outras crianças também foram picadas porque encontraram uma colmeia onde não deveria ter, mas até então ninguém, nem mesmo os próprios pais sabiam que apenas Jay era altamente alérgico.

Alguns meninos sofreram apenas inchaços e coceiras, mas Jay simplesmente parou de respirar.

Ele foi socorrido pelos professores, mas mesmo com uma enfermaria à disposição, acabou não resistindo.

A mãe tinha recebido a notícia por telefone, e seu completo desespero foi o suficiente para Magnus e Clarice entenderem que eram apenas dois agora.

Que Jay tinha ido para nunca mais voltar.

A partir daquele momento até os três dias seguintes, Magnus agiu por puro mecanismo, se arrumando para o funeral de seu irmãozinho caçula sem ter total consciência disso.

Ele simplesmente não acreditava que uma pequena abelha pudesse tirar a vida de seu irmão tão cruelmente assim, e o fato de não tê-lo visto ainda só piorava tudo.

Seus pais e até Clarice o viram no dia anterior, mas Magnus não conseguiu nem mesmo atravessar a porta de onde ele estava porque sabia que o seu pequeno Jay estaria assustadoramente imóvel e pálido embaixo de um lençol.

Aquele momento tornou tudo ainda mais surreal porque Jay era sempre tão alegre e ativo.

Sempre sorrindo e contagiando a todos com sua positividade.

- Eu sei que não falamos mais sobre isso, mas ainda estamos esperando o Alec voltar, né? - Ele havia perguntado poucos dias antes de ir para o acampamento, e Magnus quase respondeu que já tinha se passado muito tempo sem qualquer notícia, mas os olhinhos suplicantes dele amoleceram seu coração quebrado.

- Sim. - Foi só o que disse, e Jay abriu um grande sorriso.

- Que bom, porque eu sinto que não falta muito tempo agora.

Magnus não tinha ideia de como ele poderia saber isso, mas agora ele estava morto e Alec continuava onde quer que ele estivesse naqueles últimos 5 anos.

A dor de perder duas das pessoas mais importantes da sua vida estava consumindo Magnus de dentro pra fora lentamente, e se não fosse por Blink ele não estaria de pé agora, caminhando até o local onde seu irmãozinho seria enterrado.

Havia tantas pessoas, tantos rostos e vozes oferendo sua simpatia, mas Magnus não se importou com nada e nem ninguém enquanto tentava criar coragem para ir até seu irmãozinho, deitado num caixão há poucos metros de distância.

Uma parte de si queria correr até ele, abraça-lo e dizer que o amava incondicionalmente, mas suas pernas simplesmente não se moviam porque ele não queria ter que dizer adeus também.

Clarice era mil vezes mais forte, e após receber um beijo na testa, Magnus ficou observando a irmã seguir até Jay e se ajoelhar ao lado dele, acariciando seu rostinho como se ele estivesse apenas dormindo.

Magnus continuou ali na porta, fraco, sem apoio ou esperança e com lágrimas constantes escapando de seus olhos.

Por incontáveis minutos ele se sentiu completamente vazio e sozinho, como se fosse apenas uma casca danificada no mundo, até que de repente alguém segurou a sua mão.

Talvez toda a dor e o desespero que esteve contendo tivessem o deixado louco, mas naquele simples aperto de mão Magnus sentiu todas as memórias voltando à tona e invadindo sua mente como uma explosão incontrolável.

A primeira vez que viu Alec.

A primeira vez que Alec segurou o bebê Jay no colo.

O primeiro beijo.

O primeiro encontro escondido.

O primeiro eu te amo.

Jay fazendo uma peça de teatro no quintal de casa e Alec o aplaudindo tanto quando Magnus e Blink.

Alec no primeiro jogo de futebol de Jay.

Alec e Magnus tentando ensinar Jay a matar zumbies num videogame.

Jay dizendo que queria que Alec fosse seu irmão.

E por fim pensou no rostinho esperançoso de Jay dizendo que Alec voltaria logo.

Todas aquelas memórias dos últimos 13 anos passaram como um filme na sua cabeça enquanto encarava aquela mão tão familiar segurando a sua, e quando Magnus finalmente ergueu o olhar pra ele, viu que era mesmo Alec bem ali, exatamente como Jay tinha prometido e que agora nunca saberia que estava certo.

Magnus olhou pra Alec e chorou toda a dor que estava presa no seu coração.

Chorou pelo seu irmãozinho, por seu amor perdido, e por não ter forças pra suportar aquilo com dignidade.

Queria dizer e perguntar tanta coisa, mas apenas deu um passo a frente e abraçou Alec, encontrando o apoio que tanto precisava e que nem mesmo Clarice conseguiu lhe dar.

- Eu sinto muito. - Alec sussurrou em meio as próprias lágrimas, e mesmo sem saber pelo que exatamente ele estava se desculpando, Magnus o apertou ainda mais contra seu corpo e fechou os olhos.

A sensação era a mesma apesar de tanto tempo ter se passado, e apenas naquele instante, Magnus sentiu um pouco de paz.

- Eu não consigo ir lá. - Ele disse após os longos minutos que ficou naquele abraço, e Alec apoiou a testa na sua.

Talvez fosse mesmo uma alucinação que sua mente criou, mas ao olhar bem fundo nos olhos azuis dele, Magnus viu uma alma tão quebrada quanto a sua.

- Vamos fazer isso juntos? - Alec pediu baixinho, como se temesse ser rejeitado, e se acontecesse não o culparia, mas Magnus assentiu e entrelaçou seus dedos antes de caminhar até o caixão.

A mãe de Magnus estava ali, com o rosto vermelho e inchado, mas abriu um sorrisinho ao vê-los, enquanto o pai ignorou completamente a presença de Alec e mal olhou pro próprio filho, coisa que já vinha acontecendo há muito tempo de ambas as partes.

Magnus não se importou e continuou caminhando até parar ao lado de Blink, que tinha uma expressão de puro choque no rosto, mas nenhum deles disse nada para o outro, apenas deram as mãos e se despediram do pequeno Jay Bane pra sempre.

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