Batalhas II

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Tinos

Nunca imaginei voltar a ver e enfrentar essa abominação. Continuo minha aproximação e rapidamente lanço meu primeiro ataque, observo cauteloso uma de minhas adagas cravada em seu corpo. Riwey se vira e larga uma pequena criança que estava prestes a ser devorada. Ao me reconhecer ele muda sua feição e se transforma em um monstro diferente, o que eu conheci e convivi por muitos anos.

— Não acha demais usar essa aparência para lutar contra mim Riwey? — Me lembro do passado:

Quando jovem fui um garoto muito curioso e astuto. Um dia descobri um livro muito antigo que contava a historia dos exilados. Criaturas que viviam neste mundo antes do mesmo ser escolhido pelos deuses. Com a chegada dos primeiros feéricos não houve uma boa recepção. Afinal estavam invadindo a morada deles. Com pouca luta e muita conversa chegaram a um acordo de convivência no qual não viveriam separados mas sim juntos. Muitos anos se passaram e aquela pás sucumbiu quando um de seus mestres foi morto por um feérico, a guerra durou muito ate que apenas os mestres do povo antigo sobreviveram. Todos foram apreendidos e exilados para que jamais pudessem causar mal. O assassino foi punido e transformado em um dos que ele mais odiava, virou uma criatura como eles e também foi exilado para que assim em seu exílio sofresse. O assassino é Riwey, que um dia em minhas leituras conseguiu de alguma forma se comunicar comigo. Conseguiu me manipular e me fez liberta-lo com um feitiço. Foi difícil encobrir a presença dele mas juntos nós treinávamos todos os dias por um longo tempo. Eramos amigos. Pelo menos eu achava isso.

Parecia um amigo até que ele me pediu algo que eu não poderia dar. Ele queria trazer os seus agora considerados irmãos de volta do exílio. Eu recusei e como recompensa tive que lutar contra ele até que não restasse forças em nossos corpos, consegui manda-lo de volta, só por que eu não tive coragem de matá-lo.

— Não vê velho Tinos? Aqui estou eu junto aos meus irmãos. Alguém fez o que você não teve coragem de fazer, ah estou enganado. Você me apunhalou pelas costas me trancando de novo. Eu só queria me redimir.

— Você queria trazer vingança. Matou um dos deles e como foi punido por tal ato achou que devia se vingar.

— Não me arrependo do que fiz. Os feéricos que deviam se arrepender, e eles vão.

— Você está consumido pelo ódio. Sabe que não pode me derrotar.

— Você acha que sou o mesmo?

Ele estende sua mão direita em minha direção e uma esfera negra de poder obscuro começa a se formar. Ao chegar a um certo tamanho a esfera se multiplica e todas são laçadas em mim. Com um movimento rápido me desvio mas uma delas, a primeira que apareceu, volta e me atinge em cheio nas costas. Sinto uma explosão enorme e agora tenho todo o meu corpo queimado.

— Fogo, acha mesmo que isso vai me deter? — Exalto enquanto meu corpo absorve a energia e os ferimentos da explosão.

— Espero que não ache que o seu fogo será capaz de ferir como antes, velho Tinos. — Ele sorri.

Eu sei que meu fogo não irá ferir, mas posso usar a inexperiência que ele acha que eu tenho a meu favor. Saco minhas duas espadas. Uma grande e perfeitamente reta, a outra pequena (quase a metade da primeira) e encurvada. A aparência é de fato meio estranha mas a utilidade supera. Me posiciono e espero o ataque direto. Sou firmemente atingido com uma lamina fina e imponente, o encontro de nossas espadas gera ondas de magia por todo lado. Me solto com a espada menor e mantenho a grande segurando a dele, giro ela no ar e antecipando um possível ataque, meu oponente recua antes que eu consiga pegar minha adaga. Tolo.

A adaga chega em minhas mãos e logo é revelada a corrente de fogo que liga a pequena espada encurvada, ao ferimento nas costas do meu oponente. Um simples novo giro e um buraco enorme surge no centro do ferimento. A cor de seus olhos some e eu o vejo cair levemente ate colidir com o chão finalmente morto.

(Atualizando) Amor e magia - Submisso ao DestinoWhere stories live. Discover now