CAPÍTULO 17

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Acordei me sentindo muito melhor. Depois de uma semana de recuperação, eu finalmente, estava sentindo meu corpo bem, sem dores, e eu poderia finalmente voltar a andar de moto. Não via a hora de, sentir aquele vento forte batendo no meu rosto, enquanto, eu aumentava a velocidade, mais e mais.

A detenção finalmente, tinha acabado, eu não aguentava mais, ouvir a voz daquele inspetor e suas histórias. Muito menos, aguentava a Savannah debochando de mim e, me pedindo para contar as histórias novas que, o Murphy tinha partilhado comigo.

Nessa semana, consegui conhecer melhor a Vanscoor, seus gostos, alguns dos seus medos, soube até que ela tinha um gato, não me simpatizava muito com eles, mas, gostei dela ter me contado coisas, sobre sua vida. Eu tinha percebido que, realmente, gostava da sua companhia e a queria por perto, então, por mais que ela corresse riscos eu iria protegê-la, não deixaria ninguém encostar nela.

Eu também, acabei contando um pouco da minha, claro que, excluindo a parte da organização e de que vivia na rua, eu ainda não me sentia preparado para me abrir com alguém. de como eu me sentia naquelas ruas frias.

Hoje, eu teria uma corrida, e eu estava torcendo muito para que a mulher da Panigale aparecesse, pois, eu queria muito descobrir quem ela era, ainda mais agora que, eu sabia que ela fazia parte dos Croops.
...

O sinal que anunciava o intervalo tocou, e eu fui logo para o lugar que eu sempre, passava os intervalos. Era no terraço de um dos prédios da universidade, eu consegui a chave para poder ficar ali, onde ninguém me perturbava, era apenas eu, meu silencio e o céu que hoje, se encontrava ensolarado.

-Então, é aqui que você se esconde – voltei o rosto para ver, a quem pertencia a voz, vendo os olhos azuis da Savannah e seu meio sorriso de lado– Como conseguiu a chave?–perguntou curiosa.

Eu gostava do meu silencio, porém, ela ali me fazia duvidar do meu conceito, pois, parecia ser mais interessante, estar falando com ela do que, encarar o céu.

Savannah, se tornou exceção em tudo.

-Talvez, pegando-a do zelador – eu disse, dando um meio sorriso, apontado o chão ao meu lado para que, ela se sentasse e assim ela o fez.

-Você a roubou? – ela indagou debochada.

-Roubar é muito forte, eu simplesmente, o peguei emprestado para fazer uma cópia e, depois devolvê-la – respondi a encarando sorrindo de lado, outra coisa que reparei que, eu andava fazendo, com bastante frequência, na presença dela.

-Isso é roubar, Hills – constatou sorriu, me olhando o que me fez parar, um pouco, para observá-la – trouxe comida – ela desviou o olhar e notei, um pequeno tom avermelhado, na sua bochecha o que, me fez sorrir ainda mais.

Poucas vezes vi Savannah, avermelhada, ou com vergonha. Então, era algo inédito de se observar.

Ela tirou da sua mochila alguns donuts, e uma garrafa de água com, três rodelas de limão. Quando vi a garrafinha com o líquido, olhei-a sorrindo e ela fingiu não ter visto, continuando com um sorriso de canto. 

-Trouxe de casa ? – me referi á agua.

-Não, pedi a senhora do refeitório, para fazer – ela respondeu ainda sem me olhar, talvez, com medo que eu visse que, ela estava envergonhada. O que ela falhou, completamente, pois, eu já tinha reparado.

-Obrigada – agradeci, tomando um gole da água que, estava bem fresca, como eu gostava.

-Quanto aos donuts, eu que fiz, se não gostar, me dê que eu como tudo –comentou me entregando um, e eu ri. Provavelmente, ela queria que eu não gostasse, para comer tudo sozinha.

-Já comi melhores – falei apenas para a irritar, após comer um.

-Da próxima, nem dou – ela afirmou comendo, seu quarto donut.

-Vai ter próxima? – perguntei analisando-a, se lambuzar nos donuts, me fazendo dar uma pequena risada.

-Caso você não se afaste, de novo, podemos nos encontrar sempre – ela declarou e senti algo estranho, algo bom, por saber que ela me queria por perto, assim como eu a queria.

-É que, é complicado – falei me referindo, ao motivo de ter me afastado dela, aquele dia.

-O que é complicado, Lucca ? – perguntou, agora séria, se voltando para mim.

-Você não entenderia, Savannah, eu tenho medo do que pode acontecer, com você – respondi, abaixando a cabeça e suspirando.

-Eu sei me defender. E o que aconteceria, comigo? – questionou, com o tom de voz, um pouco exaltado.

-Eu não posso contar, e você não entenderia – exprimi, ainda de cabeça baixa.

-O que eu não entenderia, Lucca? Merda, então me explica! – ela se exaltou, levantando-se e eu a observei, reparando que, ela estava bem irritada – Olha Lucca, se for pra você me afastar, me afaste, agora – ela pediu, de forma séria, mas, vi uma leve tristeza, passar no seu olhar.

-Savannah, vem cá – estendi a mão na sua direção e, ela se sentou, sem pegar minha mão – Eu não quero você longe de mim, a minha vida é um caos, e eu tenho medo por você, só que, eu vou te proteger, eu não quero te afastar – terminei de falar e ela me olhou sem falar nada, por alguns segundos, mas, logo em seguida, me abraçou.

Eu não estava muito acostumado com abraços, porém, o dela, de certa forma, me relaxava e me trazia conforto. Nos separamos do abraço, mas, continuamos perto um do outro. Ela me encarava de forma intensa e, eu retribuía o olhar, vendo suas íris azuis se tornarem, mais escuras.

Me aproximei dela e ela fez o mesmo, ficamos a poucos milímetros um do outro, fazendo nossos lábios se encostarem. Sua respiração, já estava um pouco descontrolada, assim como a minha.

Não esperei mais e, tomei seus lábios com os meus, num beijo rápido e intenso. Sua boca se entreabriu, me dando permissão para entrelaçar, nossas línguas. Aprofundei o beijo, agarrando sua cintura de forma firme, enquanto, ela arranhava minha nuca com suas unhas, me fazendo arrepiar.

Puxei seu lábio inferior, enquanto tomava ar, para voltar a beijá-la, novamente, dessa vez de forma, mais calma. Nossos lábios se encaixavam, de forma perfeita e, sua boca macia brincava com meu lábio inferior, mordendo-a, logo em seguida. Só paramos, quando ouvimos o sinal tocar, anunciando o fim do intervalo.

Acariciei seu rosto, depois de nos separarmos do beijo, ainda com nossas testas coladas. Ela respirava de forma descompassada e, eu estava na mesma situação. Eu só queria beijá-la, novamente, mas infelizmente, teríamos que voltar á aula.

Dei um selinho nela e, levantei-me estendendo a minha mão, na sua direção, para ajudá-la a levantar. Arrumamos as coisas que tínhamos comido e, descemos as escadas do terraço devagar, e sem fazer barulho, para que ninguém nos visse.

Andávamos lado a lado, em direção á sua sala, onde eu a deixaria, antes, de ir para a minha. Não falamos nada do beijo, porém, o silêncio que pairava sobre nós, não era desconfortável.

Deixei-a na porta da sua sala, dando-lhe um beijo no topo da sua cabeça, e as pessoas que estavam naquele corredor, nos olhavam curiosos, e certamente, em poucos minutos, toda a escola estaria sabendo. Eu estava pouco me importando com eles, desde que não me perturbassem, podiam inventar o que quisessem.

-Nos vemos, depois – falei e ela assentiu, entrando na sua sala, com seus passos firmes e sua pose de durona.

Ri, pois, comigo ela não fazia aquilo mais. Ela me mostrava o outro lado, a que ninguém naquela universidade conhecia, a mulher delicada que ela conseguia ser, as vezes. Para mim, ela encorporava aquela pose, apenas, por não querer pessoas perto dela, ou a atormentando.

Savannah, era considerada a pessoa que, apenas podíamos admirar de longe, mas, não nos aproximar, com medo de levar um soco, pois, era isso que sua postura transmitia.

Dirigi-me á minha sala, sendo observado por vários alunos, naquele corredor, o que me fez bufar.

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