The White Bus |l.p|

sem cor

"Eu chamo-me Dorothy." As palavras saem da minha boca sem aviso. Observo a expressão surpreendida do rapaz à minha frente. Até eu estou surpreendida comigo própria. Sorrio na mesma, embora não esteja inteiramente feliz.

Ele retribui-me o sorriso, absorvido nos seus pensamentos.

"Bonito nome." Ele repete o que eu disse anteriormente. "Muito prazer em conhecer-te, Dorothy."

O meu nome nunca foi tão bem pronunciado como quando este rapaz sentado à minha frente o fez.

"O prazer é meu, Liam." Sorri.

Percebo que a minha paragem está a chegar. Continuo a sorrir para ele e ele retribui. Olho pela janela, verificando os prédios que antecedem ao edifício onde saio todos os dias.

Quando o autocarro para, lanço um último sorriso a Liam e saio.

Paro no meio do passeio. Mordo o lábio a pensar no que acabou de acontecer.

Olho para o autocarro que está quase a sair da paragem e na janela, onde normalmente não está ninguém, Liam olhava para mim e por momentos, um pequeno sorriso de gratidão se apoderou do meu rosto.

Sinto as minhas bochechas ferverem quando me lembro dos acontecimentos de apenas à duas horas atrás. Nada parecido me tinha acontecido na minha vida.

Aquela conversa, embora estranha, ajudou-me mais do que mil anos de terapia. O que é estúpido, apenas nos apresentamos.

Mas o facto de ao início só estarmos a olhar um para o outro, de longe – o que por si só é muito esquisito, se pensar bem – fez com que fosse mais especial, quando ele finalmente se dirigiu a mim.

Não sei, ninguém nunca me fez isso, apenas foi diferente da minha vida tão monótona e das minhas viagens no autocarro, sem cor.

Estou à espera que o sr.Rodriguez venha me ver. E é isto a minha rotina. Venho todas as manhãs para aqui, almoço aqui, e apenas às cinco da tarde é que saio.

Não vou à escola e não saio com amigos – até porque não os tenho. Apenas saio de casa para aqui e daqui para casa.

Não me queixo. Também não gosto de sair de casa, embora muita coisa aconteça naquela casa. Não gosto de mudanças, e se tiver que ficar todo o dia em casa, mesmo com tudo o que acontece, eu fico.

O sr.Rodriguez entra na sala, com uma pasta nas mãos.

"Oh, hey. Já aqui estás!" Senta-se na sua cadeira declinável e pousa a pasta que trazia debaixo do braço. "Pareces melhor hoje!"

Não respondi. Não senti necessidade.

"Bom, vamos começar?" fala a sua habitual frase e eu preparo-me para o que vem a seguir.

•

Entro no autocarro branco e sento-me no meu habitual banco.

O autocarro está vazio, tal como está sempre a esta hora. Estico os meu pés e coloco-os em cima do banco à minha frente. No banco onde ele estava hoje.

Agora não me passa outra coisa pela cabeça?

Olho pela janela. Neste momento, o autocarro passa pela escola. A escola onde eu deveria andar.

Por muito estranho que possa parecer, tenho saudades da escola. De tudo o que ela constitui. Professores, funcionários, até dos colegas que nem falavam muito comigo, mas é algo que sinto falta. Talvez sinta mais falta de estudar, de me ocupar, de ter algo para fazer para poder bloquear todas as outras coisas que acontecem naquela casa.

O Liam. Ele está ali.

O autocarro avança, fazendo com que a escola desapareça da minha vista.

Um rapaz de cabelo castanho estava junto às grades da escola, com um grupo de rapazes. Era ele. Tenho a certeza.

Sorrio instantaneamente. Voltei a vê-lo. A minha cabeça enche-se de pensamentos e não sei bem o que pensar.

Gostei de o voltar a ver, mas queria estar ao seu lado.

Oh meu deus, mal o conheces. O meu subconsciente tem razão. Mas apenas o sinto e não o sei explicar.

Não interessa. O que interessa é que o voltei a ver e estou feliz por isso.

Hoje é um dia excepcionalmente bom, apenas rezo para que continue assim...

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Oláááááááá

Ontem não consegui atualizar, mas ainda vou a tempo de cumprir o que disse por isso, AQUI ESTÁ! 

Eu sei que não tenho muitas leituras, mas gostava que as leitoras se pronunciassem. Significaria o mundo se o fizessem. OBRIGADAAAA!

BabyPopcorn xx