[ b ó n u s . b ó n u s ]

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A vida pode ser comparada, numa perspectiva simplória, a uma bela e jovem flor. Claro que esta flor não é especial e passa por tudo o que todas as outras flores passam. Em algum ponto da vida pequena delas (demasiado pequena) perdem-se as pétalas, que antes disso já pareciam velhinhas e amadurecidas (como uma fruta que vai de madura a podre), e depois morrem, já não são o encanto de ninguém. Se as pousarmos num cantinho, deitadas, as pétalas não caem, mas isso não pode acontecer com uma vida, ou pode? Se encostarmos um coração ao canto é até possível que ele morra mais cedo (ou se torne podre). 

A vida é mesmo como uma flor. Pum, uma pétala, lá se foi o pré escolar, já não somos bebés, já sabemos falar, andar e resmungar. Dois, outra pétala, nada mais de infância, já não somos meninos dos papás. Três, chega de adolescência, chega de lutas de armário e birras típicas. Quatro, hora de trabalhar. Cinco, hora de encontrar alguém. Seis, casar. Sete, rotina. Oito, envelhecer. Nove, morrer. 

Jeon Jungkook e Park Jimin estavam numa longa fase de um número muito bonito. Sete

Tinham passado por muito juntos e por volta dos três já estavam ao lado um do outro, como um tipo de destino inimaginável que era só deles e ninguém nunca entenderia.  

Naquele dia em especial, Jeon Jungkook acabara de alcançar uma nova conquista. Fechou a porta do quarto do filho com pressa, mas em pleno silêncio, porque demorara longos minutos a conseguir com que ele dormisse, para depois descer as escadas quase a correr, a câmara fotográfica na mão (como quase sempre), até se sentar ao lado do marido no sofá da sala. 

Park Jimin estava encolhido no canto, as pernas contra o peito. Tinha acabado de adormecer a menina e ainda era cedo, mal passava das dez da noite. Na televisão passava uma série sobre investigação criminal qualquer e mal viu o seu amor descer pelas escadas, totalmente animado, sorriu grandinho. 

''Olhe o que eu consegui!'' Exclamou o moreno, sentando-se de forma desajeitada e já mexendo na câmara para buscar o que queria. 

Os olhos de Jimin quase derramaram lágrimas quando Jungkook lhe mostrou, naquele ecrã pequenino, uma fotografia do maior com um dos seus filhos, Chul. 

''Ele deixou?'' Completamente pasmo, Jimin perguntou, desviando o olhar para as orbes escurecidas do outro. 

Jungkook acenou, sem descolar o olhar do ecrã e sorrindo por completo. 

''Ele quis.'' Explicou ele, o que era muito melhor. ''Ele me pediu antes de dormir.'' 

Jimin acenou para aquilo, chegando-se ao mais novo e abraçando-o de lado, apoiando a bochecha contra o ombro alheio, depois confessando: 

''Espero que um dia ele queira tirar uma comigo também.'' 

Sem precisar de tentar entender muito do assunto, o fotografo largou a câmara do outro lado do sofá, puxando o mais velho para cima de si e segurando-o pelas bochechas. 

''Óbvio que ele vai querer, bebê.'' 

Chul era um tópico difícil. 

No dia que o casal fora ao centro de adoção acabaram se apaixonando por um par de gémeos de forma tão rápida que foi estranho para eles quando não foram correspondidos da mesma forma. Os meninos tinham seis anos, já tinham a pequena noção de que andavam em casas do sistema, em famílias que não ficavam com eles depois de dois ou três meses, por isso era de se entender que desconfiassem daquela. 

A primeira vez que sequer se sentiram conectados com Chul, o menino, fora quando o mesmo descera as escadas e dissera aos novos pais que não gostava da cor do seu quarto (que era amarela clara). No dia a seguir puseram mãos ao trabalho, foram a uma lojinha da cidade e pintaram o quarto com a cor que o menino escolhera: verde tropa. 

Sete minutos [ji.kook]Onde histórias criam vida. Descubra agora