Chapter XIX

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Louis sabia que estava andando mas não conseguia sentir suas pernas se moverem. Ele ouviu a orquestra estremecer em uma parada confusa atrás dele, cordas raspando, trompas grunhindo como um rebanho de vacas confusas, enquanto um fagote solitário continuava tocando depois que todo mundo tinha parado. Ele passou rapidamente pelas alas, desviando as pesadas cortinas escuras e tentando desfocar da conversa que circulava pelo corredor. Pessoas sussurrando, perguntas sendo feitas em tom alto e exigente. Louis caminhou até a porta do backstage, Trovão tremendo em suas mãos, e fechou ela no momento em que Lucinda Price começou a se desculpar no microfone.

"Senhoras e senhores..."

Ele escapou para o corredor antes que pudesse ouvir mais. Oh Deus. Oh, Merda. Louis podia sentir seu pulso latejando em seu pescoço enquanto ele balançava seus pés, estendendo a mão até a parede para se apoiar. Um soluço estridente escapou dele, mas estava seco. Isso doeu na garganta. Merda. Por que eu não posso... Harry... Seus olhos de repente se encheram de lágrimas, seu rosto amassando quando ele tropeçou pelo corredor até um pequeno armário de zeladoria. Ele se fechou e sentou-se pesadamente em um balde de plástico virado, as juntas de seus dedos roçando as costas lisas de seu violino. Porra, porra. Acabou. Ele quase engasgou quando percebeu, todos os anos, os anos perdidos. O desperdício das últimas três semanas sem Harry, que de alguma forma pareceu uma tragédia pior do que duas décadas e meia de prática obstinada, sacrifício e dedicação a um instrumento que nunca poderia amá-lo de volta. Acabou, ele pensou novamente. Estou acabado.

Louis chorou, segurando seu violino. Ele traçou as curvas com as pontas de seus dedos, tentando lembrar a sensação da pele de Harry. A curva no final de sua coluna, o suave arco dos lábios. As clavículas tatuadas. Mas tudo o que ele podia tocar era madeira dura, e tudo o que ele tinha era sua carreira. Ele teria que deixar o OSL, é claro. Ele encontraria algum emprego, em algum lugar, provavelmente no fundo de uma orquestra de segunda categoria, perto do harpista e dos sinos tubulares, mas nunca mais seria um concertino. Ele nunca tocaria outro solo. Mesmo que Grimshaw quisesse que ele ficasse depois disso, ele sabia que não poderia.

Não sem Harry.

Louis respirou trêmulo, sentindo-se pesado no peito e um pouco congestionado de chorar. Ele quase quis rir do absurdo disso — ele tinha tanto medo de perder sua capacidade musical, de perder sua posição para Eleanor, que ele quebrou e disse a pior coisa possível no pior momento possível. E ele perdeu Harry, ao invés. Harry, que conseguiu trazer algo que Louis havia desistido de encontrar dentro de si mesmo anos atrás. Meu Harry.

Ele engoliu outro soluço, porque Harry não era mais o seu Harry. Ele estava com Florian agora, e se eles pertenciam um ao outro da mesma maneira etérea, ainda que incrivelmente física, de-joelhos-raspados-no-concreto que Louis pertencia a Harry, ele não tinha mais o direito. Seu trabalho agora era recuar. Isso era o melhor do melhor que ele podia fazer.

Louis sentiu seu coração se partir novamente, a dor em seus ossos crescendo até que todo o seu corpo se tornou a crista branca e espumosa de uma onda de dor emocional mais forte do que qualquer coisa que ele já sentiu. Harry... Deus, ele esteve na audiência. Louis quase parou de respirar. Eu me pergunto como ele tem vergonha de mim. Porque agora — agora ele finalmente vê. Ele tem que ver! Que sou um músico medíocre que apenas enganou todo mundo por um tempo, de alguma forma, e que não sou bom o suficiente para ele. Em nenhum universo eu poderia ser o que ele merece. Louis estava tremendo; ele tentou se acalmar. Mesmo se eu não tivesse sido horrível, ele teria ido embora eventualmente. Eu não sou suficiente.

Não parecia o tipo de autopiedade que Louis às vezes se entregava, abraçando seu queixo nos joelhos no escuro e imaginando que alguém (geralmente sua mãe) estava argumentando contra ele, dizendo-lhe que não, não, ele fez tudo errado. Ele era melhor que medíocre. Ele era uma pessoa amável. Ele era um grande violinista que merecia toda a fé que todos haviam depositado nele. Mas,

love is a rebellious bird ➤ portuguese versionOù les histoires vivent. Découvrez maintenant