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Tristan

Um covarde, é exatamente isso que eu sou, deixei ela ver a merda de companheiro que eu era e depois fugi como uma criança assustada, faz três dias que jantei com Eevy e até agora não fui falar com ela, eu sou patético, puta merda.

Apoio os cotovelos na mesa e passo as mãos no rosto freneticamente, que raiva de mim mesmo, assim só estou tornando mais fácil para ela me deixar.

Estou na empresa, tenho minha própria sala e ela fica no lado da sala de Eevy, isso foi ideia de Lucille e Carol, elas parecem estar se esforçando para fazer Eevy ficar comigo, mas não acho isso legal, Eevy tem que querer ficar comigo por si mesma e não por pressao das amigas.

Passo um tempo olhando pela janela e minha atenção é tirada quando meu celular começa a tocar, olho o visor e vejo o nome "Ruy" nele, ele deve estar querendo confirmar o nosso almoço, nos tornamos amigos, ele e eu vamos almoçar para conversar sobre a saúde da Eevy, nós dois nos preocupamos com ela.

- Alô. - digo depois de atender.

- Vem pra cá. - ele quase grita.

- Pra onde? O que aconteceu?. - disparo tentando entender seu desespero.

- É a Eevy, vem logo. - e assim ele desliga.

Levo alguns segundos para entender. Alguma coisa aconteceu com a Eevy.

Pego minhas coisas e saio correndo da minha sala, vou pro elevador e desço para garagem, entro no meu carro e acelero até o hospital.

Entro apressado no hospital e logo vejo Ruy na recepção.

- O que aconteceu? - pergunto me aproximando dele.

- Ela estava bem de manhã, mas depois a vi no corredor escorada na parede, ela estava estranha e reclamou de uma dor forte no peito antes de cair apagada no chão, eu fiz e refiz todos os exames possíveis, ela passou a manhã nisso, ela está bem, mas não acorda, todas as ideias que eu tive de diagnóstico estavam erradas, até o açúcar dela está completamente normal. - ele explica passando as mãos nos cabelos.

Tá, a Eevy tem algo, mas não pode ser explicado pela ciência, o que ela tem então? Vamos lá Tristan, pensa...

- Eu posso ver ela? - pergunto tendo uma ideia.

Ruy assente e me leva até o quarto número cinco, abro a porta e vejo Eevy deitada na cama, é como se ela estivesse dormindo.

- Vou dar um tempo para vocês. - Ruy diz antes de sair.

Me próximo da cama e pego a mão de Eevy, logo sinto um choque elétrico e a solto, nossa isso foi forte, volto a pegar a mão de Eevy e sinto sua mão apertar a minha, olho para seu rosto, mas ela continua exatamente do mesmo jeito que antes, imóvel.

Pensa Tristan, por que ela está assim? Ela reclamou de dor no peito, dor de rejeição não é, nos aceitamos, ela não acorda, mas apertou minha mão. É como seu seu corpo me reconhecesse...

Merda

Eu sei o que ela tem e sei quem é o culpado. Eu.

Tem um motivo para as Lobas encontrarem os companheiros aos quinze anos, nós lupinos não nascemos para ficarmos sozinhos, e isso é pior com as fêmeas, a vida delas depende de nós, não podemos ficar separados por muito tempo, Eevy está sem mim a dez anos, isso deveria ter acontecido a muito tempo, ela nem era para estar viva agora, e tudo por minha culpa, eu devia ter pensado nisso, devia ter lembrado que elas não sobrevivem sem nós, eu podia ter matado ela e morreria sozinho depois, os machos podem demorar a encontrar as companheiras, com a gente e diferente, mas elas, elas podem morrer se não estivermos com elas, eu fui um filho da puta maior do que eu pensava, eu coloquei a vida dela em risco, ela está nessa cama por minha culpa, nós aceitamos, mas não estamos juntos e isso teve consequências.

Poistetaan (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora