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Andava de um lado para o outro na suíte presidencial, embora o quarto fosse gigantesco e ricamente decorado, as paredes pareciam sufocar-me naquele cômodo.
Alguns poucos anos tinham passado desde que assumi o tráfico no México. Leonardo Martínez entregou-me um cartel poderoso e temido. Tudo estava na mais perfeita ordem, porém, com a saída do meu cunhado Amadeo do tráfico, as coisas começaram a desandar.
Minha irmã, finalmente convenceu Amadeo de largar o mundo do crime, e para meu desespero o filho da puta, não só aceitou como se tornou um empresário bem sucedido no ramo da segurança. Sim, o veado do Amadeo cuida da segurança das empresas mais importantes do país, e pasmem-se, ele é o melhor no seu ramo.
Não bastando a perca de Amadeo, minha vida sentimental também não andava muito bem. Meu relacionamento com May começou a cair na rotina, ela estava entrando na fase final do curso de medicina e minhas inúmeras viagens à negócio fizeram com que nosso namoro esfriasse. Ela por sua vez, estava cada vez mais próximo do "doutorzinho de merda", apelido carinhoso que Amadeo colocou.
Paro em frente a janela panorâmica e olho o mar. O último ano foi péssimo, azar nos negócios e azar no amor. Passo as mãos no rosto e olho a movimentação na rua, em que hora a vida se encarregaria de fazer uma mudança? Bom, eu não ficaria de braços cruzados esperando, dos meus negócios eu cuidaria com mãos de ferro! A vida que se encarregasse de me mandar um amor, diferente dos meus amigos que nunca acreditaram no amor, eu ainda espero a mulher que me faça tremer na base, meu coração bater descompassado no peito e todas aquelas outras coisas que somente um verdadeiro amor faz.
Eu só me contentaria com uma paixão avassaladora. May foi uma mulher maravilhosa, linda, educada, encantadora, gentil, dedicada, uma mulher perfeita para casar. Fui seu primeiro homem, e isso me deixou bastante orgulhoso, mas diferente de Sara, May é uma mulher morna, doce ao extremo. Muitos homens na minha posição diriam que tinham encontrado a mulher ideal, porém, me falta algo... coisa de bicha, como diz Amadeo. Sorrio das palavras dele, mas enquanto a certa não chega, vou me divertindo com as erradas.
O celular vibra no meu bolso, ansioso eu retiro do bolso traseiro do jeans, espero ser uma boa notícia, eu não posso perder o comando do tráfico mais poderoso da América Latina.
— Hockenbach. — Atendo com a voz fria, tentando controlar a mente agitada nesse instante.
— Nós a pegamos chefe.
Dou um suspiro aliviado, nada pode dar errado, Sánchez vai aprender que comigo não se brinca. Se ele quiser ver a filha novamente, terá que manter sua lealdade, caso contrário, cabeças irão rolar.
— Ótimo.
— Chefe, eu... — Pedro Domingues, meu subchefe treme, sei que algo não saiu como planejado.
— O que aconteceu? Não é possível que vocês não dão conta de uma garota recém saída da adolescência, que acabou de sair de um colégio interno, recém saída das fraldas! — bravejo.
