🌡️. décimo; última chance

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Com os passos apressados e ansiosos, Yoongi corria até o endereço escrito no papel em suas mãos. O suor descia pelo seu rosto, ele estava cansado, mas não havia tempo para descansar. Ele precisava chegar até a casa do pai de Hoseok. Ele precisava salvar Sooyoung.

Ainda tinha uma parcela de chance de Hoseok estar vivo. Só de pensar nisso, seu peito se enchia de esperança. Mas, ele estando vivo ou não, ele precisava tirar Soo daquele inferno. Depois, ele pensava em como achar Jung Hoseok.

Seu peito doía. Entrou na rua e procurou pela casa. Achou facilmente e suspirou aliviado. Uma menininha brincava na calçada com várias bonecas. Ela usava uma calça e uma camisa rosa.

— Oi, você é a Sooyoung? — Ele se aproximou, mas ela não lhe respondeu. Pareceu assustada.

— Quem é você? Saia de perto da minha filha!  — Um homem gritou, andando com passos largos até os dois.

— Eu me chamo Min Yoongi. Achei um diário de seu outro filho, Jung Hoseok. Sooyoung precisa de ajuda urgente. — O homem ofegou, parecendo, agora, estar assustado.

— Vamos entrar, não fique aí parado. Venha.

Entraram dentro da casa e sentaram no terraço espaçoso. Yoongi começou a explicar como tudo aconteceu, como leu o diário e como encontrou a casa dele. Disse com o mínimo de detalhes tudo que Hoseok sofreu nos últimos anos e não escondeu que até mesmo Sooyoung sofria maus tratos. O homem estava visivelmente chocado, abalado. Ele jamais imaginava que seus filhos sofriam tanto, e tão perto dele.

— O que eu posso fazer para ajudar?

— Não deixe Soo voltar para a casa. Caso volte, vá com ela. Consiga a guarda dela, cuide dela. Eu preciso encontrar o Hoseok. Eu não sei como vou fazer, já faz tempo desde que eu o vi no metrô e preciso voltar até a estação que ele parou. Talvez por lá eu encontre alguma coisa, algum conhecido, algo... — Yoongi suspirou, assustado. — Se ele tiver tentado fazer alguma coisa, deve estar no hospital. Ou se ele tiver conseguido, o IML... — Seu peito apertou ao pensar nessa possibilidade. — Eu preciso ver tudo isso e voltar antes do anoitecer. Eu devo ter... — Olhou o relógio em seu pulso. — quatro horas.

— Eu te levo. Vamos juntos. Hoseok é meu filho, eu preciso saber se ele está bem! — Ele pegou as chaves do carro em cima da estante. — Soo, fique com a Hyuna. Voltamos logo, certo?

A pequena garota assentiu. Seu pai deixou um beijo em sua testa e os dois homens saíram apressados, entrando dentro do carro. Em um silêncio desconfortável e perturbador, eles foram até o local onde Hoseok tinha sido visto pela última vez por Yoongi. Descobriram que lá perto havia uma ponte, então por preocupação e precaução, foram até ela. Perguntaram, procuraram, mas nada de saberem se Hoseok esteve por lá.

Procuraram pelos hospitais da área. O próximo que encontraram foi um Kim Hoseok, que tinha sofrido um acidente de carro e estava em coma. Foi no mínimo assustador.

— Eu já estou ficando sem esperanças... — Yoongi sussurrou, quando entraram em um dos últimos hospitais.

— Oi. Estamos procurando por alguém chamado Jung Hoseok, que provavelmente deu entrada por volta das uma da tarde. — O senhor Jung apertou o balcão com força, estalando o pescoço.

— Vou conferir e já dou uma olhada. Um momento, por favor. — A recepcionista sorriu, educadamente, antes de começar a fazer o que disse momentos antes.

Foram os minutos mais angustiantes da sua vida. Suas esperanças já estavam no final, era o último hospital que eles podiam recorrer.

— Ele é tão forte... eu me apaixonei nisso. Eu nunca vi alguém tão forte na minha vida. Ele aguentou tanta coisa, isso é tão... — Yoongi estremeceu.

— Aqui. Jung Hoseok. Chegou às duas da tarde, desacordado depois de ser socorrido em um rio próximo do metrô. Setenta e três minutos depois ele faleceu. Seu médico era Kim Levi. Sinto muito. — Ela os olhou com pena transbordando seus olhos.

— Como vocês sabem que era ele? Não há como saber! — O mais velho rebateu, assustado com lágrimas acumuladas na claridade de seus olhos pequenos.

— Ele estava com documentos. Alguns estavam se desintegrando, mas conseguimos ver a sua identidade. Sinto muito.

— Podemos... vê-lo? — Com a voz fraca e trêmula, Yoongi sussurrou.

— Sim. Ela pode levá-los até lá. — Apontou para uma enfermeira com um pequeno tablet em mãos. Ela sorriu acolhedora.

— Por aqui.

Enquanto andava pelos corredores monótonos, Yoongi sentia sua vida desmoronar aos poucos. Tudo que ele mais queria no momento era salvar Jung Hoseok, tirá-lo do inferno que ele estava. Eu salvei a sua preciosa Soo, Hoseok, pensou, se recusando a deixar suas lágrimas mostrarem a sua fraqueza.

Entraram dentro do necrotério, os passos moles e ansiosos. Yoongi se manteve afastado enquanto via o homem mais velho chorar silenciosamente ao lado do corpo pálido e sem vida do filho. Minutos depois, ele se aproximou, depois que o outro saiu da sala para tentar se acalmar.

— Oi, Hobi... — Ele começou, as mãos juntas em frente ao seu corpo. — Hobi. É legal, não é? Eu pensei enquanto lia seu diário. Vendo agora o seu rosto, eu percebo que combinou tanto com você. — Deixou as lágrimas finalmente saírem de seus olhos, apertando sua roupa. — Você sofreu tanto e se manteve em pé, sempre. Eu admiro isso em você. Sendo sincero, eu admiro tudo em você. Cada detalhe seu, desde que comecei a ler aquele diário. O seu corpo está marcado de tudo que você passou e superou. É horrível que esse tenha sido o seu final. — Apertou a mão gelada do rapaz morto em sua frente, acariciando o seu pulso coberto por cicatrizes. — Sua expressão está tão serena. Você está bem agora? Você está realmente feliz? Eu espero que sim. Espero que você possa me ver de onde você está e me ouvir falando aqui, com você agora. Eu gostaria de ter te conhecido antes, de ter te salvado. Eu salvei a sua preciosa Soo, sabia? Eu a salvei. Tirei ela das garras da sua mãe e de seu padrasto e agora ela provavelmente vai morar com o seu pai. É legal porque agora ela vai ficar bem. E sabe, ela vai ser uma mulher forte e incrível. Eu percebi isso no momento que bati meus olhos nela. Ela nem me respondeu! Ela é tão... sabe?! Eu acho que você a educou bem. Ela vai ser uma mulher impecável, e vai sempre se lembrar de tudo que você fez por ela. Você escreveu um bilhete, não? Ela vai sempre ler aquilo e lembrar dos anos de luta que você teve pra se manter vivo por ela. Quem sabe ela coloque aquele bilhete em um quadro no quarto dela. Ou melhor, na sala! Talvez ela faça isso, quem sabe? Eu acredito que sim. — Sorriu. Depois, deixou um beijo na testa gelada de Hoseok. — Eu vou embora agora. Eu prometo que farei um enterro decente para você e que vou te visitar sempre. Você esteve sozinho por muito tempo, mas agora, não estará mais. Nunca, tá? Obrigado por todos os anos que você sobreviveu. Eu gostaria de ter te salvado, mas você está bem agora e eu fico feliz por isso. Obrigado por ter marcado o mundo, Jung Hoseok. Eu fico feliz pela marca que você deixou aqui. — Apontou para o seu próprio coração, antes de sorrir com as lágrimas banhando seu sorriso. — Eu amei você enquanto lia o seu diário. Eu amei você enquanto via você sendo forte. Eu amei você quando percebi como você foi incrível. Eu amo você. Tchau, Hoseok.

E foi com lágrimas nos olhos e um sorriso fraco nos lábios que ele deixou o necrotério. Uma semana depois, Hoseok teve seu enterro.

Doeu. Machucou e Yoongi passou dias trancado em seu quarto remoendo o que acontecera e como não tinha conseguido salvar Jung Hoseok. Quando finalmente saiu de seu quarto, o primeiro lugar que ele se arriscou a ir foi o cemitério. Aquilo arrancou um peso de seus ombros.

Meses depois, ele descobriu que Hoseok tinha sido o amor da sua vida. Durante um dia, ele foi a pessoa que ele amou. Foi horrível e estranho, mas de alguma maneira, ele estava conectado a Jung Hoseok. Ele sabia disso.

Sua alma gêmea, seu amor estava morto. Mas tudo bem, porque enquanto lia um livro em cima da lápide de Hoseok, ele sentia que Hoseok estava ali, e melhor ainda, estava bem.

- _monluv

subway - yoonseokWhere stories live. Discover now