digging up the past

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Meses antes, em Las Vegas.

Johannah tocou a delicada pétala do cravo recém deixado ao lado de sua cama, e em seguida, quase instantaneamente, se inclinou contra a lata de lixo para vomitar.

– Isso é inconcebível. – disse ela, sentando-se ereta em sua cama de hospital. Limpou a boca com um lenço macio e encarou os olhos de seu ex marido á sua frente. – Você tem noção do absurdo que está me pedindo?

Mark, que estava de pé ao lado da cama dela se inclinou para pegar sua mão. Johannah rapidamente puxou o braço contra o corpo, impedindo que ele o fizesse. Ela estava acabada. Seus cabelos castanhos não existiam mais - graças a quimioterapia. Estava mais magra e parecia extremamente frágil. Manter seu almoço em seu estômago era um de seus maiores desafios no momento, e embora estivesse incapacitada para administrar, ainda era ela quem tomava todas as decisões da empresa, sempre trazidas ao fim da tarde pelo ex marido.

— Como você pode garantir que sob domínio de seus filhos adolescentes a empresa não vai ruir? – Mark perguntou, e Johannah o encarou com sobrancelhas franzidas. – Jay, escute-

– Louis vai fazer vinte e três anos. – ela não deixou que ele terminasse. — E Charlotte já é maior de idade! Eles não são adolescentes!

– Louis sai todas as noites e minha filha... – Mark começou, mas parou ao recordar a lamentável situação que encontrara Charlotte naquela manhã.  – Só estou dizendo que não há garantia nenhuma que de uma hora pra outra eles se tornarão adultos responsáveis quando se trata de negócios. Louis pode ter terminado a faculdade de administração, mas ainda é um menino. Assim como Lottie. Só quero garantir que a empresa não afunde quando... – ele parou de falar, não querendo citar a morte inevitável da ex esposa. Johannah engoliu em seco. – Eu posso ter sido um marido ruim, mas nunca deixei a desejar como parceiro de negócios. Desde que seu pai morreu e três porcento das ações daquela empresa foram pra mim, eu nunca cometi um deslize sequer. Sempre ajudei você a manter aquela empresa de pé.

Ela não conseguiu refutar o argumento, apenas continuou quieta, pondo a culpa em seus medicamentos pelo cansaço que estava sentindo. Em seu testamento, que ela estava terminando de formalizar com o advogado da família, toda a empresa ficaria com seus filhos. Inclusive os três porcento de Mark iriam ser deixados para Phoebe e Daisy. Mas Johannah não conseguiu tirar a razão de seu ex marido quando pensou por aquela perspectiva. Tanto Louis, quanto Charlotte eram novos demais. E embora tivesse ensinado a Louis desde sempre como se comportar quando o momento finalmente chegasse, ela não esperava que seria tão cedo. Certamente pensou que teria mais tempo para prepará-lo.

Por debaixo dos lençóis, Johannah envolveu o relógio dourado com os dedos. Era de Louis, agora. Mas o filho havia deixado com ela para conforta-la. Para que ela se lembrasse de seu pai.

Seu pai.

O que seu velho pai diria a respeito de Louis e Charlotte na administração da empresa? De certo, não concordaria e diria que "negócios e crianças são duas palavras que não combinam juntas". Mas ele também defenderia que a empresa pertencia à família a gerações, e que ela estar em domínio de alguém que não era herdeiro legítimo seria inaceitável. Já havia sido um escândalo quando Johannah sugerira mudar o nome de "Deakin & Co" para "Tomlinson & Co", quando ela se casou, por achar Deakin um nome pouco sonoro. Decisão que seu pai apenas acatou por se tratar do sobrenome de sua filha enquanto casada, e portanto, posteriormente o sobrenome de seus netos. Mas ele havia deixado claro à Mark; só era dele apenas o sobrenome, por jogada de Marketing. A empresa e todos os bens providos dela continuariam a pertencer à sua família.

proposta indecente [l.s]Where stories live. Discover now