Capítulo 4

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UM PRESENTE DO MAR


Tristan

Ainda estava escuro. A chuva caía lá fora, acompanhada de raios e trovões assustadores. Eu estava deitado, repousando minha cabeça no colo da minha mãe, enquanto ela fazia pequenas tranças em meu cabelo. Eu não conseguia dormir. Tinha medo que a tempestade destruísse a nossa casa, assim como fez com o navio em que viajávamos. Por mais que eu tentasse, não conseguia esquecer a noite tempestuosa que quase tirou a minha vida. Ela ficava se repetindo em minha mente toda vez que eu ouvia um trovão ou avistava algum raio no céu.

No fundo, tinha receio que isso me assombrasse pelo resto da vida.

— A tempestade já vai passar, Tristan — minha mãe tentou me tranquilizar.

Suas palavras me consolaram por um momento, até que, trovejou novamente.

Estremeci, e ela acariciou a minha cabeça.

Shh... vai ficar tudo bem.

— Não acha que ele já está muito grande para isso, Margô? — Thomas se intrometeu, sentado em sua cama.

— Sabe que ele tem medo de tempestades.

— Tristan precisa perder esse medo. Se continuar o tratando assim, ele nunca irá crescer.

Minha mãe ficou em silêncio, ignorando o julgamento de Thomas, enquanto mexia em meu cabelo.

Ele está um homem feito, mas tem a mente de um garoto de dez anos. Se estivéssemos na Inglaterra, ele já estaria casado a essa altura.

Senti-me um pouco culpado por aquela situação. Thomas tinha razão, eu sou um homem e me comporto como uma criança.

— Thomas... — minha mãe o advertiu com um tom severo.

Ele suspirou e se levantou da cama, caminhando até à porta.

— Está chovendo bastante — tentou mudar de assunto, enquanto observava o cenário lá fora. — Não vejo uma tempestade assim desde que... — Ele se conteve.

— Desde a noite em que o nosso navio naufragou — completei.

Minha mãe se mexeu, parecendo um pouco desconfortável. Thomas voltou a sua atenção para mim.

— Sim, Tristan. Nunca vi uma chuva tão forte desde aquela noite.

— Acha que corremos algum perigo? — minha mãe perguntou.

— Creio que não. As paredes e o telhado estão bem amarrados. — O homem observou o teto por um instante. — Talvez, entre um pouco de água aqui, mas conseguiremos consertar amanhã.

Outro trovão ecoou no céu. Fechei os olhos e me encolhi.

— Venha dormir, Margô — ele a chamou, enquanto voltava para cama.

— Só irei dormir depois que o Tristan conseguir se acalmar.

Thomas se deitou na cama.

Fiquei um pouco desconfortável com a situação. Eu não queria privar minha mãe do sono por causa de um medo infantil, como Thomas havia dito. Por mais que tempestades me deixassem apavorado, eu preciso ser forte e enfrentar o meu medo.

— Pode ir dormir, mãe — falei um pouco indeciso.

— Não vou te deixar aqui, sei o quanto isso te assusta. — Ela acariciou a minha cabeça.

Desire: A Ilha Do Desejo - [Livro 1] - DEGUSTAÇÃOTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang