Capítulo 7

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COISAS DE ADULTO


Mary

— Com o passar do tempo, ficará mais fácil. — Tristan ofereceu sua mão para me ajudar a atravessar o pequeno riacho que existe ali. Ele não é fundo, a água bate um pouco acima dos meus joelhos, mas as pedras em seu leito estavam escorregadias.

— E de quanto tempo estamos falando exatamente? — Coloquei meus pés dentro do rio com o máximo de cuidado possível.

— Bom, se você percorrer esse mesmo caminho todo dia...

— Nem pensar! — o interrompi, antes que ele completasse a frase. — Não vou me embrenhar no meio da floresta todo dia.

— Eu faço isso e não é tão ruim assim — se gabou. — Espere um pouco. — Tristan soltou minha mão e se abaixou para beber água no rio. — Devia beber um pouco também, é o último riacho que encontraremos no caminho.

Encarei a água cristalina, sentindo minha garganta coçar. Todas as mangas que comi me deram muita sede, porém, beber água direto de um rio no meio da floresta me parece extremo demais.

— Apenas faça o que eu fizer... — Tristan fechou as mãos em formato de concha e as mergulhou na água, depois que elas já estavam cheias, as levou até à boca e bebeu.

Apesar das folhas que fazem sombra na maior parte da floresta, o tempo permanece quente em toda a ilha. Se eu não aproveitasse aquela chance, certamente teria que esperar até chegarmos na cabana para saciar a minha sede e provavelmente, a água que eles bebem deve vir desse mesmo córrego.

Franzindo o cenho, peguei um pouco de água com as mãos e as levei até à boca. É óbvio que eu nunca tinha feito isso, estava acostumada a ter empregados me trazendo bebidas em jarras de prata durante as refeições. Mas agora eu estou aqui, bebendo água em um riacho no meio da floresta para não morrer de sede. Céus, a que ponto eu cheguei?

Tristan me olhava divertido enquanto eu tentava beber o líquido com as mãos. Acabei derramando um pouco, o que molhou boa parte do meu vestido, — por sorte, ele não é tão transparente quanto a camisola que eu usava no começo do dia.

Ao perceber o que tinha acontecido, Tristan começou a rir. Fiquei frustrada e joguei nele o resto de água que estava entre as minhas mãos.

— Ei! — ele reclamou quando as gotas atingiram em cheio o seu tórax.

— Quem está rindo agora? — provoquei divertida, enquanto cruzava os braços.

Não percebi o momento em que Tristan encheu suas mãos novamente, apenas senti ele despejando o líquido gelado acima da minha cabeça. Alguns fios de cabelo caíram sobre os meus olhos e ficaram grudados em meu rosto. O encarei furiosa, mas me acalmei instantaneamente ao ver sua expressão divertida. Tristan parecia uma criança se divertindo com água em um dia de verão. Ele ria de um jeito tão sincero e inocente que me fez querer brincar também.

Tomando coragem, espirrei um pouco de água em seu rosto e observei sua reação. Ele me deu um sorrisinho brincalhão antes de responder ao meu ataque. Começamos uma guerra de água no meio do rio, como duas crianças que fugiram de casa para brincar na floresta. Tristan e eu gargalhamos a cada jato d'água que nos atingia.
Preciso ser sincera, fazia tempo que eu não me divertia assim. Na verdade, nunca brinquei dessa forma com nenhuma outra pessoa. As poucas amigas que tive em minha infância eram educadas e pomposas, comportavam-se como verdadeiras damas e jamais aceitariam qualquer brincadeira que envolvesse correr, pular ou sujar seu vestido novo. Até um tempo atrás, eu tinha o mesmo pensamento que elas, mas estar aqui com Tristan me fez esquecer todas as aulas de boas maneiras que tive. Eu me sinto como uma criança outra vez, pouco me importava o meu vestido ou cabelo, eu só queria me divertir.

Desire: A Ilha Do Desejo - [Livro 1] - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora