Capítulo 6

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AMIGOS


Mary

— TRISTAN! — gritei, enquanto os galhos batiam em meu rosto. — Por Deus, me solte! Sei andar por conta própria...

Tristan andava apressadamente pela trilha, enquanto me puxava pela mão. Estava difícil acompanhar seus passos, meus pés descalços doíam sempre que eu pisava em alguma pedra ou galho, é praticamente impossível desviar dos obstáculos, já que eu precisava correr para alcançar o ritmo daquele brutamonte.

— Tristan, pare — reclamei novamente, enquanto empurrava uma folha de bananeira que quase me acertou. — Meus pés estão doendo!

Relutante, ele finalmente parou e eu suspirei aliviada.

— Estou com fome. — Cruzou os braços.

— E eu estou quase morrendo — protestei ofegante, e me sentei em um tronco de árvore que estava caído na beira da trilha.

— Já estamos chegando. — Tristan tentou me levantar do tronco, mas eu o empurrei.

— Tenho certeza que as frutas não sairão do lugar.

Ele bufou.

Aproveitei o momento para dar uma olhada nos meus pés e franzi o cenho quando percebi que estavam cheios de bolhas, além de pequenos cortes.

— O que houve com os seus pés? — Tristan me olhou preocupado.

— O que você acha? Eu me machuquei no caminho até aqui — respondi, irritada.

Ele se abaixou na minha frente e pegou um dos meus pés.

— Desculpe, não imaginei que poderia se machucar na trilha.

— Não estou acostumada a andar descalça por aí, muito menos em um lugar tão... selvagem.

Tristan continuava encarando a sola do meu pé. Ele traçou uma linha imaginária com seu dedo, o que me fez sentir cócegas.

— Vou carregar você até lá.

— O quê? — perguntei, assustada.

Ele se virou, ficando de costas para mim.

— Suba.

— Tristan, acho melhor não... — Encolhi-me, receosa, torcendo para que ele mudasse de ideia.

— Suba nas minhas costas, Mary.

Pensei por um segundo, mas uma leve ardência em meu pé esquerdo me fez pensar melhor.

Apoiando-me em suas costas largas e definidas, passei meus braços ao redor do seu pescoço e tentei ignorar o rubor que surgiu em minhas bochechas. Segundos depois, Tristan segurou minhas pernas e se levantou, me levando com ele.

— Não me deixe cair! — Assustei-me quando meus pés saíram do chão.

— Nunca — respondeu e voltou para a trilha, me carregando atrás de si, com uma enorme facilidade.

Após alguns minutos de caminhada, a mata se abriu em uma vasta clareira. Em seu centro, vislumbrei uma árvore frutífera de copa larga cujas folhas formavam uma espécie de telhado natural para o lugar. O chão é coberto por gramíneas, onde pequenas flores amarelas cresciam, outras árvores menores que rodeavam o local serviam de abrigo para os animais silvestres que viviam ali. Avistei alguns pássaros empoleirados nos galhos mais altos de uma mangueira, acompanhados por uma família de pequenos primatas. Em toda a minha vida, nunca visitei uma floresta e me senti maravilhada ao ver todos aqueles animais e plantas tão perto de mim.

Desire: A Ilha Do Desejo - [Livro 1] - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora