Ecos de gritos, choros e gemidos eram ouvidos, algumas palavras blasfemas eram rugidas com ódio e dor, o céu estava cinza e só se viam estrelas cadentes de fogo caindo no fosso negro, eram criaturas do Senhor, agora não eram nada.
Eu me agarrei na beirada do poço escuro, as chamas ardiam e parecia que a até então minha forma incorpórea leve, agora tinha um peso sobrenatural me puxando para baixo. O cheiro ruim, podre e ácido emanava daquele buraco na terra, enxofre, fazendo tudo pior. Junto a fumaça das chamas que encobria o entorno, parecia que uma névoa também estava presente, tudo era confuso e doloroso.
Então, como se ouvindo minhas preces, meus pedidos de perdão e súplica daquele estado lamentável uma luz dourada emergiu do céu, um anjo brandindo uma espada longa e afiada, cutucava alguns dos irmãos caídos que já não mais estavam vivos em torno da fenda.
-Me ajude!- eu gritava com dificuldade minha voz não saia alta, pois meus esforços estavam em me segurar na beira do abismo escuro- Por favor!
Mas mesmo em dificuldade meu grito chamou a atenção do anjo, este veio calmamente em minha direção apontando a lâmina para mim.
-Ora, ora! Temos um tentando escapar- ele falava com um tom irônico.
-Me ajude!- eu pedia às lágrimas.
-Esta tentando rastejar para fora da sua punição eterna!?- ele ainda mantinha o tom de voz despreocupado.
-Eu não quis...- eu falo escorregando e lutando para me manter firme- Eu nunca quis...Eu só fiz...Perguntas.
-Perguntas...- ele ponderava e agora se aproximava mais se agachando perto, mas ainda com a espada em punho ameaçadoramente- Você duvidou de Deus- ele falava solene.
-Eu sinto muito...- eu me agarrava com força e tristeza.
-Sente, porque esta nessa situação- ele se levanta bruscamente e finca a espada no meu ombro- Me diga por que eu não deveria jogá-lo no inferno ou matá-lo, nesse instante!?- sua voz era fria.
-Eu me arrependo...Eu realmente sinto!- ele me olhava estático e dor da ferida ameaçava a minha luta para me erguer.
-Você não fez só perguntas para estar nesse estado- ele falava sarcástico- Me diga- ele fincava mais a espada e eu exclamava de dor- O que. Você. Realmente. Fez?
-Eu feri um anjo!- eu falei finalmente- Mas eu não queria!- ele me olhava debochado.
-Você MATOU um anjo, você quis dizer- ele me corrige.
-Não! - eu grito desesperado- Ele não morreu! Eu só o feri para me deixar...Eu não...Cassiel...- eu falo pensando sobre o ocorrido.
-Oh! Cassiel!?- ele fala surpreso- Foi ferido gravemente e não resistiu, ele foi um bom soldado até o fim.
-Ele...- eu estava pasmo, com os olhos arregalados e até parei de me mexer.
-Então foi você!?- ele agora fincava mais a espada e estava quase impossível me aguentar de dor, mas o choque de saber que eu havia matado outro ser era maior então não me mexi.
-Por favor! Eu imploro!- eu pedia quase que em transe- Eu me arrependo! Eu não queria! Nunca quis! Me perdoe! Me perdoe!
O anjo agacha novamente ouvindo meus balbucios.
-Sabe- ele pausa- Só Deus pode lhe dar o perdão que almeja- ele sorri- Mas...Eu sou um de seus servos mais leais e posso te ajudar a pagar pelos seus crimes. Já que não quer cair no poço- ele soava cínico- Posso puni-lo merecidamente e assim quando você estiver realmente arrependido e quitar sua dívida poderá ascender novamente.
ČTEŠ
One side
BeletrieBem, mal, seguir regras ou seguir aquilo em que acredita? Quando uma descoberta após uma morte que intriga até entidades cósmicas uma escolha terá de ser feita.