Capítulo 7 - Salvador

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Ecos de gritos, choros e gemidos eram ouvidos, algumas palavras blasfemas eram rugidas com ódio e dor, o céu estava cinza e só se viam estrelas cadentes de fogo caindo no fosso negro, eram criaturas do Senhor, agora não eram nada. 

Eu me agarrei na beirada do poço escuro, as chamas ardiam e parecia que a até então minha forma incorpórea leve, agora tinha um peso sobrenatural me puxando para baixo. O cheiro ruim, podre e ácido emanava daquele buraco na terra, enxofre, fazendo tudo pior. Junto a fumaça das chamas que encobria o entorno, parecia que uma névoa também estava presente, tudo era confuso e doloroso.

Então, como se ouvindo minhas preces, meus pedidos de perdão e súplica daquele estado lamentável uma luz dourada emergiu do céu, um anjo brandindo uma espada longa e afiada, cutucava alguns dos irmãos caídos que já não mais estavam vivos em torno da fenda.

-Me ajude!- eu gritava com dificuldade minha voz não saia alta, pois meus esforços estavam em me segurar na beira do abismo escuro- Por favor!

Mas mesmo em dificuldade meu grito chamou a atenção do anjo, este veio calmamente em minha direção apontando a lâmina para mim.

-Ora, ora! Temos um tentando escapar- ele falava com um tom irônico.

-Me ajude!- eu pedia às lágrimas.

-Esta tentando rastejar para fora da sua punição eterna!?- ele ainda mantinha o tom de voz despreocupado.

-Eu não quis...- eu falo escorregando e lutando para me manter firme- Eu nunca quis...Eu só fiz...Perguntas.

-Perguntas...- ele ponderava e agora se aproximava mais se agachando perto, mas ainda com a espada em punho ameaçadoramente- Você duvidou de Deus- ele falava solene.

-Eu sinto muito...- eu me agarrava com força e tristeza.

-Sente, porque esta nessa situação- ele se levanta bruscamente e finca a espada no meu ombro- Me diga por que eu não deveria jogá-lo no inferno ou matá-lo, nesse instante!?- sua voz era fria.

-Eu me arrependo...Eu realmente sinto!- ele me olhava estático e dor da ferida ameaçava a minha luta para me erguer.

-Você não fez só perguntas para estar nesse estado- ele falava sarcástico- Me diga- ele fincava mais a espada e eu  exclamava de dor- O que. Você. Realmente. Fez?

-Eu feri um anjo!- eu falei finalmente- Mas eu não queria!- ele me olhava debochado.

-Você MATOU um anjo, você quis dizer- ele me corrige.

-Não! - eu grito desesperado- Ele não morreu! Eu só o feri para me deixar...Eu não...Cassiel...- eu falo pensando sobre o ocorrido.

-Oh! Cassiel!?- ele fala surpreso- Foi ferido gravemente e não resistiu, ele foi um bom soldado até o fim.

-Ele...- eu estava pasmo, com os olhos arregalados e até parei de me mexer.

-Então foi você!?- ele agora fincava mais a espada e estava quase impossível me aguentar de dor, mas o choque de saber que eu havia matado outro ser era maior então não me mexi.

-Por favor! Eu imploro!- eu pedia quase que em transe- Eu me arrependo! Eu não queria! Nunca quis! Me perdoe! Me perdoe!

O anjo agacha novamente ouvindo meus balbucios.

-Sabe- ele pausa- Só Deus pode lhe dar o perdão que almeja- ele sorri- Mas...Eu sou um de seus servos mais leais e posso te ajudar a pagar pelos seus crimes. Já que não quer cair no poço- ele soava cínico- Posso puni-lo merecidamente e assim quando você estiver realmente arrependido e quitar sua dívida poderá ascender novamente.

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