Sempre tem uma segunda chance

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Kara ON

Eu não sabia o que dizer para ela. Ela estava ali, na minha frente e eu não conseguia pronunciar sequer uma palavra. Alex olhava para o chão com os braços cruzados e seus cabelos escondiam a expressão de seu rosto.

Samantha e Lena estavam uma ao lado da outra perto da porta. Samantha fingia que o conteúdo do celular era mais interessante e Lena não desviava o olhar de nós três.

O silêncio predominou em nosso redor até que minha mãe se pronunciou pela primeira vez depois que entrou em meu quarto.

Alura: Se você não estiver disposta, eu posso voltar a outra hora. Não quero prejudicar meu ne... sua gravidez.- Ela ia dizer neto, ela ia falar mas provavelmente se sentiu insegura da minha reação.

Kara: Não me incomodo.- Falo tentando ser o menos seca possível.- Acho que temos o que conversar e muito o que explicar.

Alex: Eu também desejo muito ouvir o que tem a dizer, já que não quis me contar nada no quarto e fazer questão que Kara e nossas esposas estivessem presentes.- Alex se aproxima, se sentando na poltrona que havia do lado da minha cama.

Alura: Elas são suas esposas Alex. Fazem parte da vida de vocês, e provavelmente ajudaram vocês em momentos difíceis.- Minha mãe olha para trás, tendo seus olhos fixados por Lena e Samantha.- Elas merecem estar aqui também.

Realmente elas merecem. Lena e Samantha sempre estiveram do nosso lado em momentos difíceis que passamos e sempre foram nossos portos seguros.

Kara: Acho que podemos começar não?

Alura: Bem vamos do inicio.- Ela suspira se ajeitando na cadeira de rodas, provavelmente estava desconfortável.- Tudo começou quando a Alex saiu de casa depois da briga que teve com seu pai por conta do namoro com a Samantha.- Ouvimos uma risada debochada vinda de Alex.

Alex: Morreu sem me aceitar, quem diria. Imagina a Kara que era a quiridinha dele.

Kara: Alex, não fala assim...

Alura: Não filha, ela está certa. Seu pai amava vocês, mas o preconceito falou mais alto aquele dia. Você não merecia aquelas palavras e muito menos ter sido expulsa de casa.- Suspira pesadamente e olha para as mãos tremulas.- Dois dias depois seu pai teve o enfarto fulminante na frente de Kara.- Fecho os olhos lembrando da cena em especifico.- Eu perdi meu chão. Vê o pai de vocês morto foi o fundo do poço. Ele podia ter todos os defeitos, mas eu o amava muito. Logo em seguida eu entrei em depressão e Kara cuidava de mim todos os dias. Eu era uma inútil não podia nem mesmo ajudar minha filha em seus problemas pessoais.- Ela olha para mim com lágrimas nos olhos.- Eu ouvia seu choro todas e todas as noites, mas não tinha forças para levantar e te abraçar, cuidar de você da maneira que uma mãe deveria fazer. Eu não aguentava mais aquela vida e decidi usar os restos das minhas forças para não arruinar a sua Kara. Acredite que aquela carta, cada palavra que eu escrevi foi com toda a dor que eu tinha pela atitude que eu estava tomando em te deixar.- Ninguém naquela sala conseguia segurar as lágrimas, nem mesmo Lena.- Nos primeiros dias eu consegui levar, pois ainda tinha um dinheiro. Mas os outros foram difíceis pois o dinheiro estava apertado. Quando finalmente eu arrumei emprego em uma lanchonete e lá conheci um homem que trabalhava na oficina do lado. Começamos a conversar e ele virou meu amigo e depois começamos um envolvimento. Eu estava começando uma vida nova, mas nunca esqueci de vocês. Sempre pensei em como vocês estariam e sempre ia na escola quando havia reunião ou até mesmo quando os pais eram convocados.

Kara: Espera. Então era por isso que ninguém nunca perguntou para mim porque você não ia em reuniões?- Ela concorda.- Você ia em todas elas.- Afirmei mais para mim do que para ela

Alura: Eu não queria que soubessem o que eu tinha feito com você.- Ela limpa suas lágrimas que insistiam em cair, assim como as minhas e os de todos que estavam naquelas salas.- Bem depois disso eu fui morar com esse homem e tudo parecia ok. Não vivíamos no luxo mas tínhamos o que comer, e vivíamos bem em um apartamento de um quarto alugado. Vivemos assim por três anos até que começamos a entrar em dividas e mais dividas, foi ai que todos os problemas começaram. Acho que nessa época você e a Lena anunciaram o noivado e a noticia passou em todos os canais e foi impressa em todas as revistas. Acontece que ele viu e tentou me obrigar a pedir dinheiro para vocês, coisa que eu me recusei a fazer na hora.- Eu ouço tudo, já imaginando o que aconteceria a seguir.- Ele ficou louco me espancou e me...- Ela começa a chorar sem parar fazendo com que eu e todos entendessem o que aconteceu.- No dia seguinte, mesmo com dor eu fugi de lá com um pouco de roupa e um dinheiro que eu estava guardando. Eu nunca mais o vi. Depois disso eu passei a morar na rua e trabalhava em pontos junto com algumas garotas. Na verdade eu precisava e cada vez que fazia eu sentia nojo de mim, nojo de tudo o que eu fazia, mesmo que fosse por sobrevivência. 

Kara: Porque você não procurou ajuda? Eu e Alex te procuramos por cinco anos. Lena contratou um dos melhores detetives do país para tentar te achar e não tínhamos nenhum rastro.- Limpo minhas lágrimas a olhando incrédula por ela não ter procurado ajuda. 

Alex: Chegamos até a conclusão que você poderia estar morta.- Alex fala com um tom de voz um pouco rouca por conta do choro.- Inclusive foi a conclusão que decidimos aceitar e acreditar para não ter mais esperanças.

Alura: Depois de tudo que eu passei não consigo entender como eu não estou.- Ela olha para Alex e logo em seguida para mim. Lena e Samantha escutavam tudo caladas, mas era visível que estava com pena dela.- Depois veio o casamento de vocês, e assim como a formatura eu participei. Sempre tentando evitar as pessoas para não ser reconhecida.- Ela olha todos no quarto um por um e um leve sorriso aparece em seus lábios.- Vocês estavam lindas meninas. E a parte em que Alex e Samantha dançaram Queen foi maravilhosa.- Ela comenta fazendo todos rirem ao lembrarem da cena que realmente era hilária.- Eu acompanhei vocês o máximo que pude pelas revistas e jornais. Eu vi as pesquisas da Lena quando ela foi eleita a mulher do ano. Vi o prémio que Kara ganhou pela reportagem sobre as tecnologias. E vi Alex e Samantha serem as primeiras médicas de National City a conseguir curar o primeiro paciente de Alzheimer nessa cidade.- Ela suspira e com certa dificuldade consegue mover a cadeira de rodas para mais perto de mim e de Alex.- Eu só quero que vocês me permitam ter mais uma chance para mostrar que eu não quero mais ficar ao longe olhando as conquistas de vocês. Eu quero ver você Kara ganhar vários outros prémios e ver meu neto nascer. Quero ver Alex curar vários outras pessoas de doenças que um dia as pessoas pensaram que não haveria cura. Eu não quero dinheiro, eu só quero vocês ao meu lado.- Eu e Alex chorávamos juntas. Eu me levanto devagar e chego perto dela. E pela primeira vez depois de dez anos eu consegui dar o abraço que eu tanto queria dar nela. Logo em seguida sinto Alex, Lena e Samantha se juntarem a mim no abraço. 

Minha mãe se solta do abraço nos olhando fixamente.

Alura: Eu quero ver a fita do casamento ouviu Alex?

Todos nós caímos na gargalhada, chorando de tanto rir. Tudo estava bem novamente, eu tinha tudo o que eu queria bem ali na minha frente, e não deixaria que ninguém mais machucasse minha família.

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Parece que alguém ama a Kara não é meismo? E parece que alguém ama Lena.

Fala para mim ai nos comentários o que vocês estão achando da fic até aqui, e me deem sugestões do que vocês esperam que aconteça.

Beijos, e até o próximo cap.


Amor Sem GêneroWhere stories live. Discover now