Grandes mulheres não choram

662 62 4
                                    

Lena ON

Quando eu tinha dezessete anos e alguém me dissesse que eu estaria casada com a nerd da turma e ainda teria um filho com ela, eu realmente riria igual uma hiena. 

Mas o preço de acordar todo dia com ela ao meu lado depois de uma noite incrível, eu pagava com juros e correções.

Muitas pessoas acham que vão encontrar a pessoa certa porque escolheram a certa. Mas eu penso completamente diferente, acho que a pessoa certa sempre pode ser jogada da forma mais inesperada na sua vida, de maneira completamente aleatória. Coisa que aconteceu comigo e Kara, quando ela derrubou aquele copo de suco em minha camisa branca favorita e depois o café.

Nos conhecemos de forma completamente desastrosa, e confesso que no inicio eu a odiava tanto que eu tinha prazer em ver a dor dela quando aprontávamos com ela. Mas conforme o tempo foi passando, eu comecei a reparar nela de uma forma diferente, como por exemplo, sua forma de se vestir. Cabelos amarrados em um coque mal feito, os óculos que ela sempre ajeitava sem o menor motivo ou até mesmo em seus moletons enormes que provavelmente eram de Alex já que a mesma saiu de casa sem levar suas roupas. Kara demonstrava de varias maneiras que era apegada as pessoas mesmo não dizendo uma palavra a elas.

O exemplo dos moletons de Alex são só um deles. Acho que na época do ensino médio ela sentiu muita falta de Alex, e demonstrava isso usando suas roupas ou fazendo as mesmas aulas extra curriculares só para ficar perto da irmã.

No caso do pai dela era um pouco diferente, pois mesmo morrendo em sua frente, Kara tinha um pouco de rancor dele por ter expulsado Alex e por te-la deixado sozinha. Mas sempre fazia questão de usar seu perfume, assim teria ele perto de si pelo menos em lembranças. 

Com sua mãe também foi a mesma coisa pois logo que ela a abandonou, Kara se mudou para o quarto da mãe e não se atreveu a mudar nada de lugar, não colocou suas roupas no armário ou seus perfumes e acessórios na cómoda, ela simplesmente só queria se sentir perto da mãe e dormia la ficando apenas com as lembranças boas que guardava dela.

Eu realmente a admiro por tudo o que ela passou e ainda se manter forte para enfrentar o que fosse. Ela construiu seu próprio castelo com as pedras em seu caminho e isso me deixa muito orgulhosa da pessoa que ela se transformou nesses dez anos, tanto profissional quanto pessoal.

Lembro-me quando ela conseguiu primeiro emprego na CatCo, trabalhando como assistente de Cat Grant. Tínhamos acabado de nos mudar para a casa nova e também estávamos fazendo apenas um ano de casadas. Ela chegou eufórica, saltitando me contando a novidade com um brilho nos olhos que contagiava qualquer um que a visse naquele momento. Passei praticamente o dia inteiro ouvindo sobre como Cat era extraordinária mesmo sendo exigente e as vezes arrogante. Um ano depois Cat a convidou para ser sócia da empresa, pois via em Kara um olhar visionário que a muito tempo não via em uma pessoa. A determinação em contar a verdade em suas historias fez Cat ver que Kara era especial e poderia mudar o mundo se fosse orientada corretamente. Então a partir desse momento ela se tornou a mentora de Kara, lhe ensinando tudo o que aprendeu em sua trajetória, fazendo da CatCo uma das maiores revistas do país.

Ficamos assim por quatro anos, eu ocupada com o grande crescimento que a L-Corp estava tendo no mercado da tecnologia, e nessa época o hospital estava sendo inaugurado com Alex e Samantha sendo as diretoras do mesmo. Kara e Cat contrataram Andrea que elevou a fama da revista com os cliques, coisa que poucas revistas faziam e se faziam não eram de boa qualidade. Até hoje vejo em minhas lembranças o ciúmes de Kara quando eu apresentei Andrea a Cat, ela realmente pensou que eu tinha um caso com ela e foi hilário brincar com isso, principalmente quando eu tinha longas reuniões e não podia atender ao telefone na hora em que ela ligava. "Se você estiver me traindo Lena Luthor Danvers eu corto seus dez dedos fora e ainda mato a vagabunda", era o que ela dizia quando eu não dava uma explicação exata de onde estava. Mas isso logo passou e ela virou uma grande amiga de Andrea, tanto que a convidou para ser sócia da revista junto a Cat.

Os três anos seguintes foram que começaram a desandar completamete. Nossa vida profissional estava ótima e a pessoal melhor ainda, então decidimos que estava na hora de darmos o passo seguinte e aumentar a família. E assim Kara fez a primeira inseminação, tendo resultado de uma primeira gravidez. Ficamos tão felizes quando aquele teste deu positivo que eu chega perdi o ar, pois seria mãe. Mas em algumas semanas descobrimos que o feto havia se alocado nas trompas, e assim tornando a gravidez impossível para que continuasse. Quando a médica disse que Kara teria que "abortar" por se dizer assim, seu mundo e o meu vieram ao chão, mas era questão da saúde de Kara estar em risco, então tivemos que fazer o procedimento para a retirada do bebê.

Kara ficou devastada e um pouco deprimida, mas nada poderia prever o que aconteceu no ano seguinte quando decidimos tentar mais duas vezes no mesmo ano. Dois abortos espontâneos em ambas as gestações aos três meses. Ela entrou em uma depressão profunda, tendo que tomar antidepressivos. Também fiquei devastada, e foi ali que vi meu casamento indo para o fundo de uma cova, pois tanto eu quanto ela nos afundamos em trabalho como forma de esquecer do que havia acontecido. E passamos o resto do ano e o começo do ano de 2032 afundadas em nossas amarguras, Kara pela dor da perda e eu pela dor de não fazer nada para tentar salvar o meu casamento. Foi quando tomei coragem e a confrontei pelo o que estávamos passando, fazendo com que ficássemos uma madrugada inteira acordadas até tomarmos a decisão de tentar uma última vez. E foi assim que fizemos, tentamos uma última vez e aqui estamos.

A gravidez de Liam foi cheia de medos como podem imaginar, Kara não tinha muita esperança, mas eu a fazia ter a cada mês que nos era confirmado que o bebê estava bem e completamente saudável. Quando chegamos no quarto mês foi quando ouvimos o coração e descobrimos o sexo, foi a coisa mais mágica do universo, era o som mais lindo do mundo preenchendo o ambiente e adentrando por nossos ouvidos como uma melodia.

Depois de tudo o que passamos, acho que não temos medo do que possa acontecer, por mais que as vezes esse sentimento batesse em nossa porta e nos amedronte em forma de Morgan Edge.

Como diz minha mãe, "Não gaste lágrimas com quem não as merece, pois grandes mulheres não choram"

//////////////////

Parece que alguém ama a Kara não é meismo? E parece que alguém ama a Lena.

Capitulo de hoje foi do ponto de vista de Lena, pois acho que vocês merecem saber como são as coisas pelo lado dela e não só pelo de Kara. Me aguardem que ainda tem muito mais.

Beijos, e até o próximo cap.

Amor Sem GêneroOù les histoires vivent. Découvrez maintenant