Caóticos

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Terceira Pessoa

Passos furiosos seguiram para dentro do cômodo. Segurando firme o copo de plástico vermelho, Lydia deu um novo gole no álcool para segurar um gemido irritado. A música tremendo nas paredes do andar de baixo pareceu abafar, o que fez soltar um suspiro de alívio, passando uma mão pelo rosto para livrar a pele dos fios suados que estavam grudados.

Entretanto, quando seus olhos ergueram, Lydia apertou o copo com mais força enquanto o álcool já queimava no organismo.

– Que porra é essa, Mike?! – Esbravejou, encarando o primo que ao percebê-la, retirou com urgência a loira bonita de seu colo e levantou da cama.

Sem camisa, ele ergueu as palmas das mãos em um sinal para que ela se acalmasse enquanto o pânico brilhava nos olhos castanhos. A mulher recém jogada na cama os entreolhou alarmada, e sentiu-se intimidada pela ferocidade no rosto da ruiva corada e cheia de revolta.

– Lydia... – O ruivo chamou baixinho, cauteloso, arriscando um passo em direção a ela.

– Você está ficando maluco?! – Ela cuspiu as palavras, o cenho unido com força. – Você tem sorte que eu o encontrei primeiro que Hannah. Caia fora daqui, agora!

– Lydia...

– Você quer que eu tire esse aplique oxigenado da cabeça dela? – Ameaçou, apontando para a mulher. – Acredite em mim, eu posso fazer isso.

Mike entreabriu a boca, nervoso, e se agitou ao colocar-se de frente a loira assustada quando Martin avançou em passo em direção a ela. Lydia apertou uma mão em punho, contendo a vontade de jogar o líquido gelado do copo na cara do primo.

– Caiam fora, agora! – Tornou a orientar, dando a volta na cama.

A loira de mandíbula tensa se apressou em levantar, ainda toda vestida, enquanto Mike colocou a camiseta amassada de volta ao corpo. Lydia agarrou a garrafa de uísque que havia ao lado da cômoda, e deu um breve olhar para o primo enquanto dizia:

– Vou ficar com isso. – Sorriu cínica. – Cortesia por ter precisado ver o que não queria. Fechem a porta quando sair.

Mike a devorou com os olhos, bufou, e murmurou para que a loira esperasse do lado de fora do corredor. Ela assentiu e se retirou. Ruborizado de vergonha, a voz encolhida soou.

– Lydia... pode não contar a sua irmã? Você sabe que ela...

– Contaria para meu pai que contaria para o seu, e daí seu pai ficaria puto por saber que você está bebendo e fodendo no quarto do seu tipo?

O garoto engoliu seco, respirou fundo e acenou em resposta.

– Cai fora. – Murmurou ela, o dando as costas ao caminhar para a sacada. – E não entre mais aqui.

Escutou os passos do primeiro enquanto ia até o parapeito, escorando. Encheu o copo vermelho a beira de uma possível rachadura com o uísque escuro. Seus pensamentos giraram em Jackson, o homem que estava lá em baixo no meio de todos aqueles estudantes da Beacon Hills High School, ficando com outra garota que não era ela.

Martin gemeu de desgostou, enfiou uma mão no rosto enquanto o vento soprava e a música abaixo irradiava pelo ar com ondas insuportáveis. Ela deu goles generosos na bebida, se apressando a encher o copo outra vez. Não soube por quanto tempo estivera ali.

– Você deveria ir com mais calma.

Lydia seguiu o som, curiosa com a voz desconhecida, encarando o jovem parado na entrada da sacada. Ela o analisou dos pés à cabeça e a boca secou com os músculos magros que se exibiam por baixo da camisa branca e a flanela azul. Até mesmo as pernas esguias escondidas pela calça preta lhe pareceram bonitas, mesmo que contraditoriamente aos seus sentimentos caóticos.

A Little TasteDonde viven las historias. Descúbrelo ahora