Prólogo

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Os fones de ouvido estavam ocupando seu espaço e ela estava tentando não se embolar com o fio por dentro das roupas para garantir que ninguém veria quando chegasse no colégio por baixo de seu cabelo castanho os fones pretos. Seu celular ainda não era o de última geração, mas ele funcionava e ela conseguia manter os dados de SMS da melhor forma possível para conversar com suas amigas e, às vezes, até mesmo ligar para uma ou outra que tinham a mesma operadora.

Observou sua maquiagem, ela era muito ruim naquilo tudo, mas ainda assim passava algumas coisas que roubou do quarto de sua mãe e um batom mesmo que ganhou da namorada de seu irmão. Precisou respirar fundo ao notar que tinha errado um pouco daquele lápis de olho e que a sombra parecia destoar muito, mesmo que combinando com seus olhos, ela não tinha exatamente o dom para ficar se maquiando.

Saiu de seu quarto e, ao notar a presença de seu pai na cozinha ela inclinou a cabeça para o lado observando o homem. Desde que sua mãe Genilda e seu pai Sebastião se separaram eles vinham mantendo a tranquilidade e conviviam muito melhor do que quando estavam juntos, aquilo deixava a alma de Rafa mais tranquila e chegava a ser gostoso de viver em família agora.

- Bom dia procês dois. - A morena disse e se aproximou dos pais, beijando-lhe as faces e alcançando um chá que já estava preparado, além de um pão com manteiga quentinho que sua mãe havia feito. Notou que tudo estava dobrado e que Renato não estava por ali, aquilo a animou. - O que que tão fazendo acordados tão cedo?

- Você que acordou tarde, achei que ia ter que ir no quarto pra te arrastar de lá. - Respondeu Tião com um sorriso nos lábios, pegando uma xícara de café e oferecendo outra para sua ex-esposa. - Até nossa outra filha já está por aqui, te esperando.

- Mesmo? Cadê esse trem? - Questionou, levando o pão quentinho aos lábios e mordendo um pedaço generoso, mas logo sentiu mãos em seus ombros e um beijo no topo de sua cabeça. - Oi!

- Que feio falar de boca cheia, Freitas. - A melhor amiga da garota ralhou com ela e depois se inclinou para beijar a bochecha da amiga, depois tomando o local ao seu lado para receber também o outro pão e uma xícara. - Muito obrigada, Tia... Você é incrível mesmo.

- Imagina, minha querida. - Respondeu fazendo um carinho suave no ombro da garota e então sentou à mesa para pegar seu pote de salada de frutas. - Precisamos ver com vocês sobre o aniversário de quinze anos e como vão querer fazer isso. Eu já conversei com...

- Sabemos que minha tia quer muito que a nossa festa seja em conjunto e a gente conversou, aceitamos a festa em dupla. - Rafa alcançou a mão que estava sobre a xícara e logo os dedos quentinhos se desvencilharam do objeto para entrelaçar aos dela. - Essa aqui tá morrendo de medo mesmo...

- Isso é uma puta falta de sacanagem! - Reclamou com uma frase muito atual, apertando os dedos aos dela, as mãos não se soltaram mesmo que estivessem voltando a comer, em meio a um mastigar e outro a garota emitiu um "hm" baixinho. - Já vamos ter que lidar com a copa e as eleições aqui, Rafaella... Eu tô é querendo economizar meu tempo.

- Vamos conversar então com a sua mãe e deixar tudo organizado, só vão precisar decidir três coisas, ok? - Tião perguntou, se colocando atrás de Genilda e observando as garotas, ele quem as levaria para a escola naquele dia e por aquela razão estava ali. - Qual vai ser o tema, como serão suas roupas e a data.

As sobrancelhas das duas se arquearam, os aniversários eram tão distantes um do outro que era quase impossível que achassem uma data no meio que não fosse tão importante. Tinha a copa na África e todo mundo parecia animado para aquilo, mas não queriam competir com um evento mundial... E ainda assim precisavam que a data fosse especial o suficiente para elas duas. Um olhar de concordância foi trocado, elas conversariam sobre o assunto depois.

Teoria dos Três Amores | RabiaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora