Capítulo I - Longas Conversas

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Acompanhar aulas era algo que não fazia exatamente as protagonistas felizes por muito tempo, apesar de estarem sentadas próximas uma a outra na sala de aula, mais precisamente a Rafaella na primeira carteira da parede e Bianca logo atrás de si, com Miguel ao seu lado, não era sempre que elas conversavam. Além das aulas havia a cobrança da escola para atividades extra-curriculares.

Elas estavam inseridas era um colégio particular dentre alguns dos melhores da cidade, mas não era algo absurdo como os demais. Bianca cumpria uma bolsa de estudos rigorosa para que pudesse estudar ali e Rafaella também tinha bolsa parcial para que pudesse garantir seu futuro, foi assim que elas se conheceram tantos anos atrás. As famílias eram amigas depois de tantos eventos comuns dentro da instituição, que cobrava uma presença dos pais de seus alunos, não só os delas como de todos os demais.

Depois que a amizade se formou por algo bem pequeno, elas começaram a conversar porque elas tinham cores de canetas diferentes e viviam trocando para deixar seus cadernos mais bonitos, nunca mais se largaram e parecia que jamais houve sequer um dia que elas não haviam se conhecido em seu passado. Rafaella colocar Bianca em seus planos, e vice versa, era algo tão rotineiro que se tornou algo comum também para o restante dos familiares das garotas, assim como suas outras amigas.

Uma viagem, um passeio, uma ida no shopping para comprar roupas, uma necessidade de ir para a Vinte e Cinco de Março para atualizar as coisas, colocar mais créditos para o metrô, passar um tempo no Ibirapuera? Qualquer coisa que alguém imaginasse acabaria se tornando algo que as melhores amigas fariam juntas ou que fariam para as duas, mesmo que diversas vezes se pagassem debatendo com os demais que "não era bem assim".

Naquele momento mesmo estavam nossas garotas junto com Manu e Miguel no quarto de Bianca, a menor entre elas precisava - de acordo com ela: urgentemente por ser uma situação de vida ou morte - fazer um dia de salão de beleza, então Rafaella sugeriu que fizessem na casa de Andrade. Ela pensava no quarto da outra como a extensão de seu próprio, haviam suas coisas ali em duas gavetas e alguns cabides do guarda-roupas, mas ali sabia que tinham maiores opções para o que Manoela queria fazer.

- Quanto tempo eu tenho que ficar com isso aqui no meu rosto? - Rafa perguntou enquanto estava deitada na cama, com seu Nokia 580, que ela e Bianca haviam conseguido finalmente ter acesso em uma super promoção e foi bem parcelado por seus pais, que disseram que aquele seria o presente de seus 15 anos. - Está pinicando.

- Não seja chata, carinho. - Pediu Bianca enquanto tinha Manoela deitada em suas pernas e, com uma pinça, tirava algum do excesso das sobrancelhas de sua amiga. - Se você for mais longe que eu no Bounce Touch eu vou trocar de celular com você.

- Você não ousaria, Bianca Andrade. - A voz tentou soar ameaçadora, mas não surtiu muito efeito na carioca que continuava focada em cuidar das sobrancelhas da amiga, antes de sentir os dedos de Miguel começando a fazer uma trança em seu cabelo castanho.

- Oh dona boca grande... - O rapaz começou e os dedos alisam os fios até que todos estivessem devidamente presos nas tranças. - Você também provoca a Rafa né?

Aquele apelido havia surgido já que Bianca nunca conseguia ficar calada, sempre precisava comentar, cutucar ou até "soltar as verdades na cara de alguém", só perdendo para Gizelly em seus comentários. Os amigos começaram a provocar a garota o tempo todo e sempre com coisas que também fossem reais sobre ela, para tentar mostrar seu ponto, mas sem muito sucesso até aquele momento.

- Essas duas só não são casadas porque a gente não tem idade, Guel. - Manu comentou e depois os dedos se apertaram no lençol abaixo de si, Bianca puxou mais do que somente um pelo. - Ai, amiga!

- Quem sabe assim você fique focada, miga. - Ela comentou e arrumou mais alguns detalhes antes de afirmar que havia terminado e levantar correndo para seu rádio, abrindo o local para colocar o seu CD e escolhendo o de "Malhação, o melhor internacional", quando a música de Vanessa Hudgens começou a soar pelo local um sorriso se abriu. Amava aquele CD. - Toda vez que eu ouço essa mulher eu fico apaixonada.

Teoria dos Três Amores | RabiaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora