Capítulo XI - Quando a história muda

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Sua cabeça estava doendo de uma forma inigualável naquela manhã, não era como se ela tivesse bebido ou até mesmo passado muito tempo parada, era até um pouco complicado para ela pensar no que havia feito no dia anterior. Sua vida havia dado uma alavancada absurda, conseguia viver e aproveitar cada um de seus passos, o grupo de dança estava indo cada vez melhor e eles já haviam se apresentado até mesmo na Globo! A faculdade estava finalmente acabada e dinheiro havia deixado de ser um problema em sua vida, para se tornar um sonho realizado de sua família comprar uma casa juntos.

Bianca ainda assim sentia que tinha algo muito errado.

Virou-se na cama e deixou que os braços pesados continuassem ao seu redor, logo puxando-a para que os quadris ficassem na mesma posição encostados um ao outro e os dedos entrelaçados, pela mão que estava passando por baixo de seu pescoço. Um murmúrio baixinho que entoava "amor, o cabelo" a fez se mover para afastar os fios do rosto de sua companhia e tornar a fechar os olhos, precisava dormir mais... A sua dor só poderia ser sono.

Claro que não eram os sete shot's de tequila, ou o restante das bebidas consumidas na noite anterior.

Sendo assim, era impossível para ela dizer quanto tempo mais dormiu de forma aconchegada nos braços de Rafaella, a mineira respirava tranquila em seu pescoço quando acordou da segunda vez e os dedos só traziam alguns poucos espasmos, o que era comum para o corpo adormecido. O ressoar era tranquilo e até gostoso de ouvir a fez se aconchegar um pouquinho, mas ainda assim Bia se moveu até conseguir alcançar o seu smartphone e ler algumas de suas mensagens.

Alguns dias atrás ocorreu a abertura de seu espaço de dança, ela havia conseguido realizar seu sonho e finalmente o lugar que havia conseguido para realizar tanto as aulas de dança com vários estilos, também um patrocinador das artes de forma geral e seu próprio escritório estava finalmente pronto. Foi tudo que ela esperou por tanto tempo que, ao vê-lo finalmente arrumado e organizado uma sensação de felicidade se apossou da carioca, todo seu trabalho estava finalmente tomando forma. O mero pensamento sobre o assunto fez com que largasse o celular e virasse seu corpo na direção de Rafaella, afundando suas mãos entorno do rosto dela e se aproximando mais e mais.

Por alguns segundos ela mesma pensou em acordar a melhor amiga com um beijo, mas repensou e lembrou-se que ela estava comprometida, casamento marcado com seu noivo francês... Não seria justo simplesmente soltar todos os seus sentimentos tão bem guardados na garota de uma forma tão impensada. Então bateu seu nariz suavemente no dela e deixou vários beijos em seu rosto, lentos e carinhosos, da forma como não podia fazer - mesmo que tão desejosa de tal ato -, em seus lábios.

- Hmm, bom dia. - A voz rouca de Rafa pronuncia quando os olhos começam a se abrir de forma lenta e seus braços aproveitaram para puxá-la para pertinho de si. - Que delicinha acordar desse jeito.

- Bom dia, carinho... - Tentou manter o mesmo tom e deixou a ponta das unhas correrem pelo rosto dela, sua face estava vermelha pelo pensamento que acabou por refrear momentos antes. - Animada para hoje?

- Não tanto quanto você no dia de abrir o Paris Seis, minha querida amiga. - Rafa jogou o corpo para o lado e o estalar de suas costas quase preocupou Bianca, mas já sabia que era comum aquele fato acontecer. Quando ela começou a realmente desenhar vários modelitos, tirar amostras de tecidos e lidar com todo o necessário para corte e custura, acabou adquirindo aquele péssimo costume. - Inclusive, eu acho que seus vestidos já estão prontos e a roupa da apresentação da semana que...

- Trabalho cedo? Quem foi que tirou a Rafa de mim e colocou outra versão minha no lugar? - Bianca se encolheu na lateral do corpo da melhor amiga e sentiu que ela a puxou para cima do próprio corpo. - Hoje não, sério... Você nem vai estar aqui para a apresentação, Rafaella!

Teoria dos Três Amores | RabiaWhere stories live. Discover now