#6: next to me

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É quinta-feira e penso duas vezes antes de entrar pelo bar.

Eu não precisava ficar me humilhando daquela maneira, era somente recusar os encontros, mas sei que, no fundo, são uma desculpa para que eu venha nesse maldito pub.

Sem elas, eu não teria porque vir em uma quinta à noite, sozinho. Ficar encarando Liam não poderia ser desculpa o suficiente, poderia?

Terminei a noite de ontem pedindo para que Liam me ligasse dos fundos fingindo ser alguém da família e me tirasse daquele encontro chato pra cacete e, acho que, por isso mesmo, hoje me sinto um pouco envergonhado por me colocar naquela posição novamente.

Viro-me de volta e me surpreendo com Liam e DG quase correndo no espaço espremido atrás do balcão. Os dois parecem dançar, entregando pratos, anotando pedidos e servindo bebidas. A noite estava uma loucura e eu nunca tinha visto aquele bar tão lotado!

Dean está branco como um fantasma, as mãos passando pelo rosto suado.

― Dean, o que houve?

Ele suspira e percebo sua voz embargada, enquanto Liam o fita de rabo de olho.

― Devo ter comido alguma coisa estragada. Estou meio ruim.

Liam suspira longamente e vem até nós dois, apoiando a mão nos ombros do garoto. Ele não perece feliz e seu semblante preocupado me deixa intrigado.

― Vai para casa, DG. Vai descansar. Eu me viro.

― Eu ajudo o Liam! ― quase berro e me contenho, subitamente sem graça quando os dois me encaram. ― Sério, eu te ajudo, Liam.

― Sem encontros esta noite, Zee? ― Liam me retorna pegando uma caneca de chopp e entregando para um rapaz ao meu lado. Seu olhar cansado me mira e eu sorrio para ele, incentivando-o a me deixar ajudar.

― Desmarcando agora. ― alcanço meu celular no bolso e começo a escrever uma mensagem para John sob o olhar atento de Liam.

― Obrigado, Zee. ― ele me agradece, pegando uma soma de dinheiro enquanto segura DG pelo braço. ― Me liga assim que chegar em casa, DG. ― ele entrega as notas para o garoto. ― Ou para qualquer coisa que precisar. Apenas me ligue se precisar.

― Tudo bem, Liam, eu estou bem, valeu, é só um enjoo. Valeu, Zee. ― ele se vira sem nos olhar outra vez e é meio que óbvio que estava ao contrário de bem.

No mesmo segundo em que DG sai pela portinhola, vou para o outro lado do balcão e batuco meus dedos na madeira, um pouco nervoso, vendo Liam fechar a caixa registradora.

― Deve ser uma virose. ― comento sei lá por qual motivo. Liam se vira para mim, ainda sério.

― Pode ser. ― suspira e sua atenção é desviada para o casal que pede alguns aperitivos.

Algumas horas passam e, apesar de minha ajuda ser algo meio patético porque o máximo que consigo fazer é entregar drinks prontos, ou repassar os pedidos para Liam, reconheço a mulher que me encarara nas últimas noites apoiando seus cotovelos no balcão, sorrindo para mim.

Respiro profundamente e estico um bloco de papel, pronto para anotar seus pedidos.

― Bebida? ― peça um chopp ou uma cerveja, por favor, é o que sei, é a única coisa que sei servir sem pedir ajuda a Liam.

― Prefiro comida. ― sua boca se revira de maneira maliciosa. ― Ser comida.

Hein? O que era aquilo? Uma cantada?

― Desculpe, não entendi. ― limpo minhas mãos na toalha de prato. Ela sorri de volta, nem um pouco intimidada por meu falso desentendimento.

― Pode me dar seu telefone?

natural [ziam]Where stories live. Discover now