#26: battle cry

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Quando abro os olhos, levo alguns segundos para entender onde estou.

A luz branca da manhã nublada ilumina parcialmente o pouco que vejo na penumbra do quarto abafado pelas cortinas pesadas e eu ainda me encontro deitado na cama. Esquadrinho meus olhos por aquele cômodo, sem me mover. Minha costela lateja, mas não sinto a dor de antes.

Pego meu celular e me assombro quando vejo que são seis e meia da manhã do dia 26 de dezembro. Eu dormira mais que um dia inteiro!

Viro meu rosto vagarosamente na direção do sofá e encontro Liam meio que sentado, meio que deitado nele.

Meu coração perde uma batida.

Junto todas as forças que meu corpo quebrado possa ainda ter e me levanto da cama, olhando-o deitado em uma posição largada, como se tivesse caído em meio às almofadas, o braço estirado para o chão, a garrafa de alguma bebida alcoólica entre seus dedos, apoiada no tapete.

Dou alguns passos, mancando, e me concentro em seu peito nu, o cós da cueca à mostra na calça semiaberta, as botas brutas desamarradas, como se tivesse desistido de tirar sua roupa no meio do caminho.

Mais outros passos e vejo seus olhos agitados embaixo de suas pálpebras, as lágrimas retesadas, como se ele tivesse adormecido há poucos segundos, em meio ao choro com um braço caído em sua cabeça, tapando metade de sua testa, os cabelos bagunçados e molhados de suor.

— Liam? — eu o chamo, me aproximando do sofá. — Liam?

Ele arregala os olhos, assustado, deixando a garrafa rolar no chão, derramando o restante do líquido. Liam pisca devagar e várias lágrimas caem de seus olhos, quando entende que estou ali em pé a sua frente.

— DG está em um hospital... — a voz grogue me alcança e ele soluça alto, jogando-se de volta no encosto. Ele engole um soluço. — Eu te imploro, Zee... vai embora. Vai embora! Some da minha vida!

Eu seguro o ar, desaprendendo a respirar.

O que ele estava me pedindo?

— Por favor... — ele pede em um sopro de voz, os olhos apertados entre as mãos, as lágrimas banhando seu lindo rosto. — Sean me ligou falando que DG não aparece desde a véspera do Natal e agora me ligaram do hospital dizendo que eu sou o número de emergência de Dean! Ele colocou a mim como responsável, Zayn! A mim! E eu não o protegi! Ele saiu daqui e foi direto atrás deles, está me entendendo? DG foi tentar resolver toda essa merda! A minha merda!

— Não! — eu quase grito e, na mesma hora, perco o ar. Sinto no meu ouvido o meu próprio fluxo sanguíneo. — Você fez tudo que pôde por ele, Liam, tudo! Se não fosse você, DG não estaria em um hospital agora, mas sim em um necrotério!

— Você tem que ir, você tem que me deixar. — ele parece implorar e eu engulo meu choro. — Eu preciso que se afaste de mim. Eu preciso que viva sua vida. Que não se afunde comigo.

Ele me encara, respirando fundo.

— Eu sou tóxico, sempre fui, Zayn... — seu tom extremamente rouco me corrói como se sua tristeza latente realmente fosse ácida. Mas não ele, não ele. Não o Liam que eu conhecia. Ele nunca fora tóxico.

— Liam, para com isso, eu...

Ele nega coa cabeça, me olhando veementemente e eu calo minhas palavras, com medo, em pânico. Ele estava me afastando.

Ele amarras as botas, sem me olhar, mas sua voz me atinge como navalha:

— Se já consegue andar, vai embora, Zee... — ele diz e eu arfo, mordendo meus lábios. — Eu te imploro, Zee... vai embora. Vai embora! Some da minha vida!

— O... o quê?

Ele não parece me ouvir, passando as mãos de modo frenético pelos cabelos enquanto se levanta, parecendo procurar algo.

― Eu não acredito, Liam! — eu grito e ele paralisa os passos imediatamente, me fuzilando com os olhos.

— Não acredita em quê?

— Que você queira terminar comigo! Eu sei que não é o que você quer!

— Claro que não é o que eu quero, porra! Mas é exatamente por isso que nunca me apaixonei por ninguém, Zee! Eu não mereço sentir porra nenhuma! E muito menos você merece sofrer qualquer consequência de tudo que eu sou! ― ele sibila. ― Por que eu iria querer que você ficasse comigo?

― Eu não acredito que você esteja fazendo isso comigo, Liam! Nós estamos juntos e...

― E eu não vou conseguir estar ao seu lado 24 horas por dia, te defendendo da merda que te coloquei! ― Liam me corta, o tom de desprezo em sua voz. ― Eu não quero essa vida para você! ― ele bufa e faz um movimento de negação com a cabeça enquanto veste uma blusa.

― Você não tem que decidir isso por mim, Liam!

— Mas eu já decidi! Eu não quero mais você, porra!

Eu paro até de respirar.

― Liam, não faz isso, por favor, não faz isso comigo. Nem com você... —mordo meus próprios lábios, tentando segurar o choro, vendo-o se afastar de mim. — Não volte a trabalhar para eles. ― eu cubro o espaço que ele abriu, mas ele se desvencilha de mim, indo para perto da porta.

― Eu já decidi. ― reforça muito seguro e eu suspiro, o coração descompassado enquanto ele tira minhas mãos dele. Eu seguro sua nuca, quase cravando meus dedos em sua pele e Liam ergue seus olhos, mirando diretamente dentro dos meus. — Melhor ser o caçador do que a presa. — ele aproxima seu rosto e roça seus lábios nos meus de maneira agressiva, entonando meu refrão favorito. — Eu nasci para isso.

Então, ele se afasta enquanto coloca a arma em sua calça, por debaixo de sua blusa. Liam segura o ar, fechando os olhos e voltando a abri-los completamente e assustadoramente sem vida, assim como sua voz:

— You gotta be so cold. Yeah, you're a natural.

continua...

fim do livro galera! vai ter continuação mas ainda não foi publicada. off: eu tô muito nervosa e curiosa pra saber o que vai acontecer aaa... assim que sair, eu posto pra vocês!

enquanto isso, se quiserem dar uma chance pra minha tradução nova que tô postando ficarei bastante contente: keep this love (in a photograph) voces encontram na minha conta principal: ljpzayn

obrigada hellen por tudo e obrigada a todos que leram essa adaptação. <3

natural [ziam]Where stories live. Discover now