Tranco meu portão sob olhares de meus vizinhos. Compreendo a preocupação de todos e agradeço, mas não sou quadrada e vou ficar bem. Me despeço de Raquel com um abraço. Logo sua mãe me abraça.
— Se precisar fica lá em casa, pode ir. — ela murmura em meu ouvido.
— Obrigada. — agradeço e vou em direção a Renan.
Ele pega minha mochila, põe no guidom e me ajuda a subir na moto.
Sempre soube onde o menino dos meus sonhos mora, mas nunca entrei em sua casa. Por fora é aceitável comparada a minha. Ele estaciona em frente sua casa, eu desço. A rua estava pacata. Estou com vergonha de entrar em sua, de falar com seus familiares, estou c vergonha dele. Que situação mais desagradável. Ele abre o portão e faz sinal para eu entrar, assim o faço. Passo pela pequena varanda e logo Renan abre a porta. Ouço o som da televisão, estavam assistindo novela.
Paro atrás do mais velho quando o mesmo freia sua caminhada.
— Cade minha mãe? — Pergunta a alguém.
Quando ele sai de minha frente vejo que a pessoa sentada ao sofá, era uma menina de minha escola. Novidade? Ela é uma das que me apelidaram.
— Tá na cozinha. — informa me fitando.
Renan pega em minha mão e me guia para a cozinha. A casa é bonita, nada luxuosa, mas havia pisos até nas paredes. Realmente muito aconchegante. O sofá é novo, a televisão de plasma. Óbvio que tudo isso é simples para muitos, mas para mim que nunca tive, é algo fantástico.
Entramos na cozinha e meus olhos correm pelo local. Novamente cerâmica em tudo. Pia grande, eletrodomésticos novos. Sua mãe está de pé enchendo a panela de pressão com água, enquanto canta algum hino da igreja.
— Cheguei — Ele diz, jogando a chave em cima da mesa. Sua mãe se vira e antes de dizer algo, ela me analisa.
Meu corpo treme, fico vermelha.
— Essa é a sua namorada, Renan?
— indaga um pouco rude.— É mãe.
Sua confirmação me faz ter certeza de que ela já sabia que eu viria
— Quantos anos você tem, menina?
— Dezessete — Respondo acanhada. Os olhos dela me analisam.
— Ah. Parece ter menos. Põe comida pra ela, Renan — Ela ordena.
— Senta aí. — Ele pede colocando minha mochila em cima da mesa. — Tô cheio de fome.
Sua mãe o encara por alguns segundos.
— Os marginais não te dão comida? — Ela pergunta ironicamente.
— Ih, começa não.
A mãe de Renan não é de muitas palavras, ou talvez não tenha ido com minha cara. Nós dois comemos e subimos para seu quarto, novamente me vejo surpresa pelo simples fato do mesmo ter um banheiro no local.
— Pode deitar. Você deve estar cansada — ele pega o controle e me dá — tem Netflix.
Eu não faço ideia do que seja. Opto por deixar o controle remoto de lado. Observo atentamente seu quarto, é bem arrumado, o cheiro de desinfetante é notório. Sua mãe cuida bem casa.
— Tem certeza que não vou incomodar?
— Claro que tenho. Relaxa, Alícia. — me conforta — eu vou cuidar de você.
Renan se aproxima fazendo-me deitar na cama. Ele põe seu corpo em cima do meu e mantém seus olhos nos meus. Incrível como esse homem me passa segurança
— Eu tenho tanto medo de ser sozinha.
— Você não é. Eu tô aqui.
Ele esconde seu rosto em meu pescoço depositando alguns beijos ali. Passo minhas mãos por suas costas.
— Bebê? — chamo.
— hum?
— Você esta fedendo. — Confesso o fazendo rir.
— Aí, tá bom ficar assim com você.
Seus respiração bate contra meu pescoço, me arrepiando. Infelizmente não estou com cabeça para essas coisas.
— Vai tomar um banho.
— Tá bom, Dn Marta. — levanta bufando.
Enquanto Renan entra no banheiro eu busco meu celular. Acabo por lembrar que o esqueci com Raquel, tudo bem, pego depois. Retiro meu óculos e deixo ao lado da cama. Deito relaxando meu corpo e tudo o que aconteceu hoje vem em minha mente como uma drástica cena de filme. Permito-me soltar algumas lágrimas antes de pegar no sono.
Não sei quanto tempo se passou mas ouço um barulho estranho, logo um vento gélido corre ao quarto. A luz se apaga e sinto o colchão afundar. A cama é de solteiro o que facilita para Renan me abraçar por trás. O cheiro do sabonete em sua pele me remete a sensações incríveis.
— Agora o cheiro está bom. — Murmuro.
— Tá acordada, safada? Esse short não tá me ajudando muito. — Ele diz puxando o pano do meu short para baixo.
— Desculpa — surro rindo e me viro, ficando de frente para ele — melhorou?
— Agora eu vou querer sua boca.
— Ah filho, então o problema é com você.
Ele ri.
— Desculpa pela minha mãe, ela é assim mesmo carrancuda. Depois que te conhecer melhor, vai te amar.
— Não tem problema. No mínimo ela deve estar achando ruim, uma desconhecida em sua casa. — Comento constrangida.
— A casa é minha, Alícia. Ela tem a casa dela, mas fica aqui junto com a minha prima. — explica — ela cuida da casa, eu pago ela.
— Você construiu essa casa sozinho?
— Não. Essa casa eu comprei do Ale. Minha mãe vivia me expulsando de casa por conta da vida que levo, tomei jeito e comprei meu barraco.
A força de vontade dele me surpreende.
— A sua prima não gosta de mim. — comento rindo — sabia que ela estuda comigo? Vive me xingando junto com outras meninas.
Renan parece ficar surpreso com minha confissão.
— Essa porra tem a vida toda fodida e quer zoar alguém?
— Como assim? — Indago curiosa.
— A mãe morreu de HIV, o pai sumiu. Minha mãe que cuida. Vive querendo sentar pra mim...
Ele se dá conta que falou besteira e se cala.
— hum, bom saber. — digo e me viro novamente.
— Ah para de graça. Ela é menor de idade. Tem nem peito direito.
— Eu também — Murmuro.
— Não tem? — ele aperta um de meus seios — que isso aqui então?
— Sem graça, para!
Seus dedos correm por minha barriga, fazendo cócegas na mesma. Tento fugir de suas mãos enquanto solto gargalhadas. Dou um impulso e o empurro, fazendo o mesmo cair da cama.
Pela primeira vez depois de tudo, eu estava rindo.
KAMU SEDANG MEMBACA
Entre Rosas -(DEGUSTAÇÃO)
Fiksi RemajaEle é durão até mesmo no jeito de caminhar. Cada tatuagem em sua pele é realmente de arrepiar. Alexandro, frente de uma das comunidades mais perigosas do Rio de Janeiro, o mesmo cria uma obsessão por Alícia, a menina mais inteligente e fascinante q...