dezesseis

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Como diz o moralista francês, François de la Rochefoucauld "Se julgarmos o amor pelos seus efeitos, ele se assemelha mais ao ódio do que à amizade."

Este é o meu caso.

Por anos amei-o sem saber quem realmente era, minha mente comodista buscou acreditar que Renan sempre fôra meu galanteador, apenas para não sair de sua zona de conforto. Imaginar que outra pessoa seria o responsável pelo feito que laçou meu coração estava fora de cogitação. E agora eu simplesmente não sei lidar com a verdade. Sabemos que é complicado lidar com uma realidade quando na verdade, queremos outra.

— É difícil de acreditar — Balbucio. Meus olhos já não encaram os seus. Não há coragem para isto.

— Por que? Eu não posso ter sido apaixonado por você? 

— Isso é ainda mais inacreditável. Você me odeia.

Ele olha em volta por breve segundos.

— Odeio o fato de você ser inteligente e ao mesmo tempo ser tão burra. — dispara.

— Para de me ofender, caso contrário, eu vou embora.

— Tenta. — ele diz — cara, foram dois anos colocando a maldita rosa na sua carteira, me atrasei na porra dos estudos só para ficar na sala próxima a sua — anúncia, me surpreendo — e no fim, você acha que um filho da puta qualquer é quem fez isso. — ri irônico — mereço mais que isso, né?

— Eu não sou advinha. Nunca pedi nada disso então não venha me pedir para te amar.

— Ah, claro. Ele você ama, tudo certo. Eu não, né? — Pergunta elevando o tom.

Olho para os lados envergonhada.

— Eu gosto dele, na verdade agora não faz a mínima diferença.

Vejo seu semblante mudar, da água para o vinho. Esta raivoso.

— Eu vou te dá um aviso — ele aponta o dedo para meu rosto — se ele não se afastar de você, as consequências virão.

— Vai fazer como fez com meu pai?

— Pai? Aquele lixo humano não merece que você o chame assim, mas se for necessário, eu faço.

Alexandro se afasta, dando as costas e indo em direção a sua moto.

— Você não pode querer mandar na minha vida — Digo exasperada.

— Tá aí o problema, branquela, eu não quero. — ele monta em sua moto — eu já mando.

Dito isto o mesmo da partida, me deixando enfurecida com sua atitude machista e irracional.

Ignoro os olhares alheios e caminho rapidamente. Preciso de um banho e comida, minha barriga dói. Talvez me afogar em um prato de macarrão com bastante molho, me faça esquecer tudo isso.

Ou só me faça engordar mais.

Sinto uma ligeira dor ao pé da barriga e algo molhar minha calcinha. Ah, que ótimo, obrigada universo, era tudo o que eu precisava, ficar menstruada agora.

Infelizmente não ter absorventes me fez pedir Renan para que trouxesse para mim. Foi complicado explicar qual eu uso. Poderia pedir a Raquel mas estou querendo distância por algum tempo.

Quando meu namorado chega pego o pacote de sua mão e corro para o banheiro.

— Não sei o que seria de mim sem você — digo saindo do banheiro.

— quero falar sério com você.

Sua voz soou firme. Algo me diz que Alê está envolvido nesta conversa

— Diga.

— Te viram conversando com o Alexandro, quero saber o que ele disse.

— Lembra das rosas? Então, ele confessou que sempre foi ele quem colocou em minha carteira — Confesso — é difícil de acreditar mas foi ele.

— Tá de sacanagem?

— infelizmente não.

Bufo caminhando em direção ao sofá, onde me sento. Sentir dor não é meu forte, ainda mais dor de cólica.

Renan gira em volta ao sofá e para de frente para mim. Seu short de tecido mole permite que eu veja o volume nítido. Me repreendo por estar em um dia Inapropriado.

— Ele tá' fazendo meu trabalho ser mais complicado que já é. — comenta — deu ordem para não levarem minha marmita, fico em pé horas d horas. Tá' foda.

Meu coração aperta por saber que essa situação ruim que ele está passando é culpa minha. É notório que Alexandro não irá nos deixar em paz. Isso está me deixando louca.

— Ele não quer nós dois junto. — fito o chão — eu não sei o que fazer.

— Eu já te falei que não tenho medo desse covarde — Renan se exalta — você vai ficar comigo.

— Ele era apaixonado por mim e ficou rancoroso porque eu cheguei a conclusão de que você era o menino das rosas.

— Isso não é amor, morena. Isso é doença — Murmura ele — eu não vou desistir de você.

Renan se senta ao meu lado.

Abro um sorriso e me sento em seu colo. Ponho minha mão em sua nuca e o beijo profundamente.

— Sai dessa vida. — Peço ao partir o beijo — vamos viver como um casal normal.

— Eu pensei nisso ontem — Renan acaricia meu rosto — mas como vou poder te dá a vida que 'tu merece?

— Já ouviu falar de emprego? Amanhã eu vou fazer a faxina e será z melhor faxina de todo o mundo — digo animada — vou ter um dinheiro e prometo te levar para lanchar.

Ele ri.

— Desse jeito você vai ficar ainda mais pobre. Só pensa em lanche — Caçoa — falando nisso, consegui uma cesta básica pra você, com um amigo.

— Eu não quero você gastando dinheiro comigo, Renan.

— Não gastei, foi 0800. — Ele me dá um selinho — tenho que ir. Amanhã provavelmente estou em casa.

— Vou sair cedo, quando eu chegar te ligo.

Me levanto de seu colo ficando de pé em sua frente.

— Deixa a porta aberta, vou deixar a cesta aqui — diz se levantando. — toma cuidado, princesa.

— Sempre tomo.

Após Renan se retirar de minha residência, corro para ler meu livro mas infelizmente meus pensamentos estão voltando para outra coisa, ou melhor, um outro alguém. É tão difícil chegar na pessoa amada e simplesmente dizer que quer tê-la? O não é certo mas temos que arriscar um sim. Se Alexandro tivesse feito isto naquela época teria evitado muitas coisas.

Eu não gosto dele, não sinto atração nem nada do tipo. Apesar de ser muito bonito, sua alma não me atraí.

Entre Rosas -(DEGUSTAÇÃO) Where stories live. Discover now