doze

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Estou encarando os cabelos de Raquel há alguns minutos. Não entendo o porquê de estar tão armado. Após saber do que ocorrerá comigo minutos atrás, ela se surpreende.

— Eu queria saber porque esse cara tem ranço de você — Comenta — será que é inveja?

— Inveja de que, Raquel? Tá louca, só pode.

— Ah, vai ver ele é apaixonado pelo Renan.

Rimos.

— Onde está sua mãe? — Indago me ajeitando no sofá.

— Foi comprar algo para o almoço.

— Raquel, o que houve com seu cabelo?

Pergunto finalmente.

— A Suzana não poderá fazer o relaxamento nele. — bufa — nem fui para a escola.

— Ah...

— Como está sendo na casa do Renanzinho?

— Diferente. Eu quero estar na minha casa. — digo brincando com meus dedos — mas ele está sendo um amor o único problema é a prima dele.

— Que prima?

— Ludmila, a mesma que me zoa na escola.

— Não acredito! Vamos pegar ela no pau — Raquel bate palma se exaltando — já não vou com a cara dela.

Lembro-me que ainda preciso contar sobre minha primeira vez, apesar de não ser um assunto confortável, ela é minha única amiga e precisa saber.

— Preciso te contar uma coisa — seus olhos me fitam intensamente — Renan e eu fizemos amor.

Ela não diz nada, apenas ri. Ri muito.

— "Fizemos amor", ninguém fala assim, Alí. Pelo amor de Deus. — Caçoa ela.

— Eu falo ué. — Digo constrangida — para de rir, que merda.

— Tá bom. Agora conta, como foi?

Raquel se senta ao meu lado no sofá, permitindo que eu sinta o cheiro do óleo que a mesma passará ao cabelo, em uma tentativa — fracassada — de abaixa-lo.

— Foi ruim. Não consegui ir até o fim. — Confesso enquanto estalo meus dedos.

— Pensei que você nunca iria perder isso. Demorou hein.

— Não sei se quero fazer novamente.

Ela bufa.

— larga de ser fresca. Essa dor só vai passar se você continuar fazendo, é normal. — explica — ele é grande?

Solto uma risada por sua pergunta.

— Eu não fiquei reparando, mas acho que não.

— Que decepção.

Decepção? — ouvimos a voz de sua mãe — oi Alícia. Como você está?

Me levanto deixando meu celular em cima do sofá e caminho até a mesma. Cumprimento a senhora com um abraço.

— Não posso dizer que estou bem mas vou melhorar.

— Você sabe que pode contar comigo e com a Raquel, né? Somos só nós duas mas aqui cabe três.

O pai de Raquel abandonou sua família por uma qualquer na rua. Azar dele, Estela, mãe de Raquel é uma mulher e tanto.

Passei o resto do dia com as duas, por algumas horas eu ri e me esqueci de tudo. Seis da tarde foi o horário em que Renan enviou-me diversas mensagens, pedindo para que eu fosse urgentemente para sua casa. Saio de casa de Raquel com meus pensamentos a mil.

Aconteceu alguma coisa, nada para mim é tão simples.

— Alícia? — ouço alguém. Marlúcia — estou querendo falar com você desde cedo.

— Oi, tudo bem? — Indago com meus pensamentos longe. — eu estou com um pouco de pressa.

Digo constrangida.

— Tudo bem. Eu consegui uma faxina para sua mãe, faz um tempo — explica — ontem a patroa deu a resposta, ela vai querer. Como sua mãe não está, pensei em você.

— Claro, tu aceito. — Digo empolgada — a senhora acha que consigo?

— Consegue sim. Tem celular?

Pego o aparelho de meu bolso e entrego em sua mão. A senhora não entende meu ato.

— Não sei salvar o número. — explico.

Ela ri.

— Você é tão inteligente, Alícia. Como não sabe mexer nisso? Até eu sei — Diz enquanto salva o número.

— Sinceramente? Não tenho paciência para isto.

— Bom, já está salvo. Te envio mensagem com o dia e tudo certinho.

— Tá certo. Muito obrigada por lembrar de mim.

Com um abraço amigável ela se despede. Pode parecer um simples abraço, mas para mim significará muito. Ela demonstrou toda sua compaixão com apenas um gesto.

Sigo em direção a casa de Renan, onde dentro e me deparo com Marta e seu filho, ambos de pé na sala. A feição da mulher não é das melhores — normal — mas há algo a mais.

Acanhada eu caminho em direção a Renan, que me fita um pouco preocupado. Será que aconteceu algo com minha mãe? Eu não saberei como reagir.

— Aconteceu alguma coisa? — Indago preocupada.

— More...

— Você não pode ficar aqui — Marta o interrompe e dispara, me surpreendendo

— Eu já falei que ela vai ficar, não se mete — Renan diz enfurecido — eu resolvo meus b.o.

— Alguém por favor, pode me dizer o que está havendo? — Pergunto exasperada.

Renan bufa enquanto sua mãe se senta no sofá. Parecia perdida em seus pensamentos.

— O merda do Alexandro descobriu que você está aqui em casa. — Explica Renan

— Ele foi até a igreja atrás de mim, me ameaçou, disse que iria me matar se você continuasse aqui — Marta diz com a voz trêmula — Ele quer que você volte para sua casa.

Minha boca se abre. Eu realmente estava surpresa, não posso acreditar que esse ser teve a capacidade de jogar tão sujo.

Baixo.
Imoral.

— Ele não pode fazer isso! — reclamo — vou até ele e juro que o faço engolir essa ameaça.

Marta ri debochada.

— Tá maluca? O cara te odeia de graça, vai te matar. Você vai ficar aqui comigo.

— Não, Renan. Ele vai nos matar se essa garota continuar aqui — Marta destila. — Se ela se envolveu com ele, então eles que se resolvam.

— Cala a boca, cara — Renan diz para sua mãe, em total raiva. — Eles não tiveram nada.

Fecho meus olhos com força e alinho meus óculos. Solto um suspiro tentando assimilar tudo o que está acontecendo. Apesar de tudo, sua mãe tem razão. Posso trazer sérios problemas se eu permanecer aqui.

— Não. — Digo — ela tem razão, Renan — Completo.

— Não faz isso, meu amor. Eu não tenho medo dele. — Ele se aproxima — Enfrento o mundo por você.

A vida é uma tempestade (...) Um dia você está tomando sol e no dia seguinte o mar te lança contra as rochas. O que faz de você um homem é o que você faz quando a tempestade vem. — digo — O Conde de Monte Cristo, Alexandre Dumas — completo.

Ele sorri.

— Minha rosa — Murmura — eu vou fazer de tudo para ficar com você.

Entre Rosas -(DEGUSTAÇÃO) Where stories live. Discover now