dezenove

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Andei, e como andei até encontrar o filho de Lúcifer fazendo escolta para o próprio Lúcifer — Alexandro — ou seja lá o que estavam fazendo. Próximo a pracinha ao lado das barricadas, estava uma mesa de bar com as drogas em cima. Renan conversava animadamente com um dos meninos que estará sentado de frente para a mesa. Os outros dois conversava com Alexandro, pareciam explicar algo.

Quanto mais me aproximo, mais quero socar a cara desse infeliz. Minha cabeça dói por falta do óculos, tudo gira pelo ódio supremo enquanto meu coração bate a mil. Me arrependo por não ter mais força para quebrar esse homem.

— VOCÊ É UM FILHO DA PUTA DE UM MENTIROSO — Grito, chamando a atenção de todos. Até mesmo quem estava na praça.

Renan me olha assustado. Quando vê que não estou falando com Alexandro ele caminha até a mim. Nem mesmo a pistola em sua mão me intimida.

— Ta maluca? — Pergunta sonso — o que houve?

— Parabéns ao papai do ano, que tentou esconder da namorada. — Digo irônica. — Até quando iria esconder?

Ouço Alexandro rir, junto com os demais.

— Cara, vai pra casa a gente conversa lá. — Diz pacífico.

— Ta com vergonha? Ou medo de que a mãe do seu filho descubra que você tem uma namorada? Seu filho da puta. Covarde!

Digo entre dentes, vendo Alexandro tomar uma postura rígida. Ele parece advinhar o que viria a seguir.

— Para de me xingar, porra. To avisando.

— Você merece coisa pior. — Digo indo para cima do mesmo. — Só quis me usar.

Distribuí socos em seu peito e logo subo para seu rosto. Ele tenta me segurar mas não consegue. Sem saber o que fazer, ele me empurra. Retiro minha mochila das costas e bato no homem com a mesma.

Sinto alguém segurar minha cintura e me tirar do chão, aproveito o momento e acerto um chute no nariz de Renan, que grita um palavrão.

Pelos braços tatuados e pela força, sei que é Alexandro quem me segura. Ele me aproxima mais uma vez de Renan, eu entendo o recado e acerto outro chute, agora em seu pescoço. Ele perde a paciência e vem para cima de mim. Alê me solta e se põe em minha frente, encarando Renan.

— Melhor nem tentar ou eu te deixo desfigurado de tanta porrada. — Alexandro diz.

— Olha o que ela fez, TA CEGO PORRA? — Renan retruca com o nariz sangrando.

Alê ri. Debochado.

— E tu não mereceu?

— Conseguiu o que 'tu queria — Renan ri — Contigo eu resolvo depois — Ele aponta para mim.

— Vai tirar essa porra do rosto. — Alexandro diz severamente.

Renan me olha pela última vez e sai.

Limpo as lágrimas que descem pelas minhas bochechas e apanho minha mochila que estará ao chão. Tento ignorar os olhares curiosos sobre m e respiro fundo.

— Ta tranquila? — Ele pergunta.

Afirmo com a cabeça mas logo nego e choro novamente. Alexandro fica estático, sem saber o que fazer.

— Quero sumir. — murmuro ainda chorando.

— Fica assim não, pô.

Ele diz batendo sua mão contra a minha cabeça, tentandoe consolar. Talvez ele não saiba o que é um abraço. Não me seguro e faço isto.

Exatamente, eu estava abraçando Alê tatoo.

Ele não retribui o abraço mas ouço seu coração bater forte. Olho para cima encarando seu rosto.

— Obrigada. — Digo e ele me afasta.

— 'Jaé. Vou te levar em casa.

Apesa de tudo, não neguei a carona de Alexandro. Ir andando para casa me debulhando em lágrimas, não seria muito legal.

Ah, claro. Como se ser vista com um traficante fosse.

Paramos em frente ao meu portão, ele retira a mochila do guidom de sua moto e me entrega. Fungo e o encaro. O mais velho cruza os braços e me observa atentamente, ficamos assim por alguns segundos. Passou tantas perguntas em minha mente que até esqueci do ocorrido.

— Sera que ele vai me fazer mau? — Indago quebrando o silêncio.

— Enquanto eu estiver vivo, não. — Responde seco. — E agora, ainda morre se amores pelo seu príncipe, princesinha?

Estalo meus dedos e bufo.

— Estou com tantos problemas na cabeça e agora mais um.

— Aquele papo de querer sumir. Não tem a ver só com esse lance, né?

— Não. Com toda a minha vida. — Tento não chorar — É como se o chão sumisse aos poucos e eu estivesse com uma corda amarrada ao meu pescoço. Quanto mais ele some, mais me enforco.

Alexandro suspira devagar e desvia seu olhar para frente. Será que ele me entende? Só então percebo que não sei absolutamente nada de sua vida.

Não tenho interesse em saber.

Não é mesmo?

— Se eu quiser te levar em um lugar, 'tu vai?

— Como assim, que lugar? — Pergunto assustada.

— Eu não vou te matar, retardada.

Dispara ele.

— É desse jeito que me convida para sair? — pergunto irônica. — aliás, é cômico o homem que matou meu pai, me humilhou e mandou escrever no meu portão, me chamar para sair.

— Eu não mandei ninguém escrever no teu portão. Matei aquele inútil proque mereceu e você é uma idiota por sentir pena. — ele ri — deveria me agradecer.

— Eu não vou sair com você, cara. Você só acha que pode ter tudo o que quer simplesmente por portar uma arma.

— Você acha isso?

Ele arqueia uma das sobrancelhas.

— Tenho certeza.

O vejo acenar com a cabeça algumas vezes, enquanto fita algo a sua frente. Ele esta pensando em algo, não sei ao certo o que é mas prefiro não saber. A saúde mental desse cara não é uma das melhores.

Alexandro desce de sua moto e retira a chave. Observo cada movimento seu sem entender.

— Entra. — Ordena.

— É o que?

— Entra em casa, agora.

Não digo nada, apenas me viro caminhando em direção ao portão. Enquanto pego as chaves no meu bolso sinto seus olhos queimando sob mim.

Que sensação horrível.

Passo pelo portão e vejo ele me seguir. Eu estava com medo naquele exato momento. Quando entro em casa respiro fundo ouvindo a porta se fechar com um longo espaço de tempo, o que significa que ele estava ali, junto a mim.

O que esse homem quer?

Entre Rosas -(DEGUSTAÇÃO) Where stories live. Discover now