11- Eu, a Noite e o Vampiro

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Polanya sabia que quatro dias não seria tempo o bastante para concluir uma investigação, ainda mais quando envolvia Feiticeiros.
   
— Você não devia ter feito isso, Prilacis. Ele é só um velho que ainda sofre pela morte da filha.
  
— Eu sei disso — Respondeu sentada na cama de pés cruzados. —, mas isso não dá a ele o direito de infernizar a nossa vida como se tivéssemos culpa do acidente.

Polanya saltou para a cama junto da irmã.
  
— É, talvez você tenha razão.
  
— Talvez não, ele mereceu. Até um certo ponto.
Elas riram de leve. O restante da conversa fora sobre como Polanya faria para resolver a situação tendo em vista o pouco tempo. — ela suspirou pensativa. — Quando começamos essa missão, me lembrei daquele dia, dos nossos pais. Será que ele ainda está vivo? Gostaria de conhecê-lo.

— Depois desses anos todos, já não sei o que pensar. Mas, sinto que ele ainda está vivo algures.

— E se eu investigar para encontrar quem o raptou?

— Você quer investigar um caso que aconteceu mesmo antes de teres nascido?

— Não me subestimes.

Prilacis afagou-lhe o rosto.

— Nunca o faço. Está bem, vamos fazer isso juntas, OK?

— Sim! A propósito — Polanya segurou o cabelo e prendeu com um laço. —, aquilo da outra vez... A transmigração.
  
— Ah, isso. — Abaixou o rosto, como quando alguém está evitando olhar nos olhos de outra pessoa.
  
— Aconteceu de novo? — Prilacis negou com a cabeça. — Você sabe que não deves continuar com isso, não sabe?

Prilacis descruzara os pés e deitou de costas na cama.
  
— Eu sei, mas. — olhou para a irmã. — Eu preciso continuar usando para ajudar nesta missão.
  
— Prilacis, isso aconteceu exatamente porque você desejou demais se conectar a energia dos sangue azul para percebê-los. Você vai sofrer sempre que isso acontecer. Isso pode matar...
  
— Já chega, Polanya. — esbravejou. — Eu sei que sou uma feiticeira beta, não precisa me lembrar disso e das minhas limitações, eu sou adulta.

Polanya a encarou impaciente.
  
— A questão aqui não é o fato de você ser adulta, são as capacidades. Eu sei o quão extraordinária você é, mas eu sei também que não quero perder a minha irmã por causa da sua teimosia. Devia ter visto como você ficou, é o que acontece quando um beta usa a transmigração. 

Prilacis se encolheu na cama.
  
— É mais proveitoso usar a transmigração do que a ligação. — contou ela. — Quanto mais forte for o sangue azul, mais difícil é sentir a sua energia porque eles podem quebrar a ligação.

Polanya deitou junto e acariciou a cabeça dela.
  
— Passe a sua ligação a transmigração para mim. Eu posso usá-la sem sofrer danos.
  
— Mas você tem seus problemas, precisa investigar sobre...
  
— Eu não preciso participar diretamente nesta missão, além disso não posso sair de Avalon. Sempre que acontecer a transmigração eu passo as informações para você e assim você e os outros podem ir atrás da criatura.
  
— Está bem, então. — concordou.

   As duas ficaram sentadas retas sobre a cama. Deram as mãos e Prilacis começara articular palavras repetidas. Uma centelha de luz escarlate reluzira das suas mãos para as de Polanya.

* * * *

Harumi continuava lendo o livro sobre os Vampiros. Não tinha muitas coisas sobre eles que pudesse dar a conhecer mais. Eram vagas as informações que lá estavam, mais sobre classificação das raças como era a hierarquia deles, como eram separados e organizados. Como viviam umas raças com as outras, e principalmente para com os Céticos. Segundo o que ela sabia era que a comunidade vampírica atual tinha uma lei que proibia qualquer um de atacar um Cético. No entanto, algo lhe intrigava. Como sobreviviam? Talvez com sangue animal! — pensou.
   
    Deduziu que na livraria teria possivelmente um livro sobre a dieta deles. Levantou curiosa, pôs o livro na cama e foi se arrumar no mesmo estilo costumeiro. Quando fora ajeitar o cabelo ante o espelho ela se deparara novamente com aquela imagem sombria de outrora. Naturalmente tomou um susto; pareceu desta vez que a "coisa"  sorrira para ela. Não um sorriso de felicidade por a ter visto, mas aquele era como de alguém traiçoeiro, malicioso. Um sorriso que escondia uma intenção maligna. Mas quando olhara de novo, havia sumido. Desta vez ela segurou calmamente a mochila e o celular e saiu para a rua. Parou um taxi.
  
— Portobello. Livraria Delfos, por favor. — pediu.

ARCONTES-Livro 1 (COMPLETO)Where stories live. Discover now