17- O Suspiro de Ravi

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Agora era crucial manter Harumi longe de qualquer Sangue Azul, por isso, as Feiticeiras sugeriram que ela ficasse em Avalon, claramente teimosa como era rebateu a tal decisão.
   
— Eu não vou para avalon como um bicho cheio de medo — falou decidida. — se eu fugir agora fugirei sempre. Eu não quero viver dependendo da proteção dos outros outra vez.
 
   Prilacis olhou para Lucian recostado na porta, que aparentava não estar surpreso com aquela reação.
  
— Feiticeira, até hoje só conheço duas pessoas com uma teimosia de ferro. — caminhou até o sofá, sentou e cruzou os pés. — O bonitão aqui — Indicou a si mesmo. —, e Harumi. Não vai conseguir dissiduadi-la da ideia de ficar aqui. E além disso, mantê-lá aqui é único jeito de pegar aquele... Cachorro desgraçado.

Leina revirou os olhos vendo o olhar decidido de Harumi.
  
— Está bem. Mas prometa que não vai fazer besteira. — pediu ela.
 
— E o que eu poderia fazer? — Harumi deu de ombros.

    As Feiticeiras concordaram que a metiza ficasse em sua casa, todavia, antes mesmo que saíssem pelo portal, Leina lançara um feitiço na casa sem que Harumi percebesse.  Lucian levantou e se dirigiu em silêncio a porta. Harumi acompanhou os passos leves dele ao passo que caminhava.
  
— Onde vai? — Quis saber, ficou puxando as mangas do casaco até o limite das mãos.

    Lucian parou antes de tocar a maçaneta, ficou ali como uma estátua de um deus grego de costas.
  
— Vampiros não ficam por muito tempo fora de suas casas. — Respondeu ainda sem se virar.

Harumi soltou um leve riso abafado.
  
— Não pensou nisso quando decidiu se juntar a nós naquele dia. — observou.
  
— Devo ter esquecido.

  Ela saiu marchando até estar junto dele enquanto ele permanecia com os olhos fitos na porta.
  
— Quer mesmo ir embora? — perguntou.

    Lucian se voltou para à direita e estando diante dela.
  
— Quer que eu fique? — replicou.
  
— Você quer ficar? — retrucou.

Fez-se silêncio, ao passo que ambos analisavam o olhar um do outro, até que logo depois fora quebrado com uma única palavra proferida por Lucian:
  
Sawabona!* — falou olhando-a nos olhos.

   O canto da boca de Harumi se retraiu num efêmero sorriso. A resposta estava dentro dela, clara como a água, leve como algodão e doce como o mel; uma simples palavra, mas que para ambos, bem lá no interior, significava muito. Ela chegou mais perto, desviara o olhar para a boca de Lucian, ele continuou aí parado sem se mover, enquanto Harumi se esticava na ponta de seus pés e, quando seus lábios estiveram pertos um do outro sua voz saiu suave como a brisa da alvorada num único sussurro:
  
Shikoba!*

     Ela havia respondido, era aquela a palavra que espreitava a sua boca mas era retida. Por fim Lucian se moveu para mais perto, tomou-a pela cintura enquanto os braços da metiza envolveram seus ombros. A doçura de seus lábios eram compatíveis, o movimentar deles eram compatíveis, seus corações batiam condescendentes, o que um queria noutrora continuava a ser o mesmo que outro queria, estarem ambos juntos, mesmo depois destes anos todos; o tempo é poderoso, mas se revelara ser impotente diante de dois corações que sentiam os mesmos sentimentos e tinham os mesmos desejos, o tempo não os apagou, não os ofuscou, apenas frustrou algo que viria depois de quase um século se regenerar como a cauda de um lagarto quando cortada. As circunstâncias os separou, e o tempo não se encarregou de destruir o que seus corações haviam construído. Harumi deixou-se levar, como uma folha no outono a mercê da força do vento.

— Então... É mesmo ele? — Harumi perguntou.

Lucian acenou com a cabeça concordando com o pensamento dela.

ARCONTES-Livro 1 (COMPLETO)Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt