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"I'm on the highway to hell"
Highway to hell -
AC/DC



7 meses atrás...
 
Annabeth Chase se virou de um lado para o outro na cama. Haviam se passado apenas quatro dias desde que Luke e ela terminaram e nenhuma mensagem dele. Chase estava chorando em silêncio. Ela gostava de Luke, realmente gostava. Ter que se afastar e parar de conversar com ele era pior do que terminar o namoro em si. Ele já fazia parte da vida dela. Ter que esquecer algo, ou tirar alguém da rotina, era uma coisa terrível. Chase queria construir coisas que durassem muitos e muitos anos, e isso valia para as pessoas também. Ela estava chateada e com raiva. Estava com raiva dele por não ter dito as coisas que não gostava; estava com raiva de ele não ter tentado ajudar ela; estava com raiva de si mesma por se rebaixar e ser insuficiente; e principalmente, estava com raiva de ter sido por sua culpa que ele se afastou, que eles terminaram.

Talvez não fosse para ela ter um relacionamento com alguém. Talvez ela estivesse destinada a morrer sozinha numa casa de praia com quinze gatos. Sua mente lhe dizia que ninguém iria querer ficar ela. Chase sabia que era uma garota chata, irritante, mandona, perfeccionista e fria. Ela sabia que o que sua mente lhe dizia era verdade. Chase só afastava os garotos, isso quando atraía um.

– Annabeth? – McLean entrou no quarto acompanhada por Solace. Os dois olharam tímidos para a amiga e se sentaram, cada um de um lado, na cama da loira.

– Oi... – Chase deu um sorrisinho e secou as lagrimas.

Ela agradeceu mentalmente por nenhum dos dois terem perguntado o motivo de estar chorando.

– Sua mãe ligou pra gente preocupada porque você não sai do quarto.

– Viemos aqui na missão de resgate da Bela Adormecida – McLean completou a fala do loiro.

Chase riu.

– Para onde vamos?

– Ver a cidade – a morena piscou pegando algumas roupas de Chase para ela se vestir.

– Vamos no One World Observatory, e eu vou querer encomendar um desenho da cidade de um jeito mais moderno – Will falou.

A loira sorriu.
 

 
Dias atuais...

 
Annabeth Chase se sentou no sofá do escritório da mãe. Ela estava exausta. Separar papéis e anotar pedidos não era tão fácil e divertido quanto desenhar projetos.

Atena entrou na sala logo após a mais nova. Ela olhou para a filha e tentou segurar o riso, coisa sem sucesso.

– Já cansou, foi?

Chase não respondeu.

– Vamos descer, temos que pegar algo pra comer.

– Justo.

As duas desceram abraçadas e rindo no elevador.

– E então? – A sra. Atena se virou para ela enquanto pegava um bolo e uma água com gás. – Não vai me falar pra onde você foi ontem à noite?

Chase sentiu uma revirada na barriga por ter sido pega no flagra.

– Como você sabe?

– Eu escutei você saindo e fui lá embaixo perguntar pro Jonh se você tinha saído mesmo. Ele disse que sim, mas não deu mais detalhes. Também não perguntei mais coisa, esperei você me contar.

A loira ficou constrangida.

– Desculpa, mãe. Meu amigo me chamou pra andar na Time Square.

– Mas, Annabeth, meia-noite?!

Chase deu de ombros.

– Sim.

– Se esqueceu de que é perigoso andar sozinha na rua de noite?

– Não estava sozinha, mãe – ela revirou os olhos.

– Com um amigo. Quem é esse amigo?

– Você não conhece. Percy Jackson.

– E o que ele queria com você?

– Conversar. Nós andamos pela rua enquanto conversávamos e aí ele me levou para casa.

Atena estreitou os olhos.

– O quê? – Chase indagou.

– Nada, só acho muito estranho.

As duas ficaram caladas. Chase estava com a língua coçando para contar cada detalhe para a mãe, mas ela não gostaria de saber que Percy era amigo do ex-namorado da loira, o mesmo que a mãe passou a odiar depois que viu a filha chorando por ele.

– Só toma cuidado, minha filha. Não quero te ver chorar de novo.

Ela sorriu.

•••

Chase sentou na mesa de jantar e suspirou. O cheiro da comida da mãe era maravilhoso. Ela provavelmente, de acordo com o olfato da loira, fizera macarrão ao alho e óleo. Era tão cheiroso que a barriga da loira roncou e sua boca começou a salivar de fome.

Frederick Chase se sentou na outra ponta da mesa com seu jornal.

Os dois se olharam.

– Oi.

– Oi.

Atena se sentou colocando a comida na mesa e tirando o avental.

– Conhece algum Percy Jackson, querido?

– Não que eu me lembre.

– Ele não estuda na faculdade, mãe.

– Mas seu pai talvez possa conhecer os pais ou algum parente.

– Não que eu lembre – Frederick negou novamente. – Por quê?

– É um novo amigo da Annabeth – Atena deu destaque na palavra “amigo”.

Chase estava a ponto de se levantar da mesa e voltar para seu quarto.

– Mãe...

– O quê? – A mais velha se fingiu de inocente. – Por que essa cara de vergonha se é só um amigo?

Frederick riu e Chase ficou calada comendo seu macarrão.

– Enfim. Annabeth, já se decidiu?

– Não, mas eu ainda tenho tempo.
Eu acho, pensou.

Annabeth Chase subiu e se jogou na casa enquanto pulava as músicas da playlist. Todas  as que apareciam eram rock, mas um rock romântico. Por fim parou em Every Breath You Take e desistiu.

Talvez estivesse condenada a pensar no Percy.








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