You

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"It's times like these
You learn to live again"
Times Like These -
Foo Fighters.

Percy Jackson precisou respirar no seu nebulímetro durante toda a viagem.

Um resumo da vida do garoto: manter a calma. O ar estava sempre querendo matá-lo desde que nasceu. Quando ele era bebê, Sally descobriu que o filho tinha asma – uma espécie de inflamação nas vias aéreas do pulmão e que produz muco extra, dificultando a respiração. De acordo com Poseidon, a culpa de o filho ter a doença era dele, que também tinha. Ela era causada por pó, secura e ansiedade, então Jackson, durante seus 18 anos, aprendeu a controlar sua ansiedade e tentar não ficar nervoso, senão teria que usar a bombinha de asma – o nome popular para nebulímetro.

Infelizmente, os três fatores se juntaram naquela viagem de avião: a secura, o pó e o nervosismo. Jackson e Poseidon estavam indo organizar as coisas em Olympia para ele e Sally morarem lá, e o pai disse que tinha alguns assuntos para conversar com os empresários dele em Seattle. Washington era longe demais de New York pra ir de carro, então foram de avião. A aeronave estava com o ar-condicionado ligado, o que tornava o ar seco, e o pó dos bancos azuis não ajudavam em nada também.

O moreno definitivamente não curtia viagens aéreas. A cada turbulência que passavam, ele segurava mais forte no braço do banco e respirava com mais dificuldade.

– Não te julgo – Poseidon disse. Jackson o olhou sem entender. – Sabe, de não gostar de viagens aéreas, eu sei o que é isso.

– Por que está tão calmo então? – Perguntou. O garoto tentava respirar e manter a calma, mas sua cara meio verde das sacudidas não ajudava na discrição.

– Porque eu não tenho nada a temer nessa viagem. Ah, e, Percy, acho melhor você usar a bombinha.

– É mesmo. Verdade.

Então assim ele fazia desde a metade do voo. Pela janela, ele viu no horizonte uma montanha serpenteando com sua floresta de pinheiros. Começaram a perder altitude. Provavelmente estavam chegando a Seattle. Jackson avistou os prédios se aproximando, e o avião balançou mais.

•••

– Ar! – Deu um berro quando saiu do aeroporto. – Ar fresco! Como eu amo o ar fresco!

Poseidon riu.

– Vamos, Percy. Vamos pegar o carro e ir no centro antes de ir para Olympia.

Jackson concordou, e, em alguns minutos, os dois já estavam movendo-se entre as ruas movimentadas da cidade. Ele viu prédios gigantes surgindo e o tornando pequeno. Não era para estar tão surpreso com a altura deles, já que morava em New York, mas não pôde deixar de admirar a cidade. O contraste entre casas e prédios era muito aparente. Manhattan era toda composta de prédios, já Seattle tinha de tudo.

Pela janela do carro, Jackson viu o Space Needle no horizonte urbano – o prédio com o topo em formato de uma nave espacial que servia de cartão postal da cidade.

Poseidon estacionou em uma vaga na porta de um enorme prédio preto espelhado. Ele tinha uma letra forte entalhada na faixa acima da porta de entrada, mas o garoto não sabia o que estava escrito.

Os dois entraram no edifício e passaram direto pela portaria apenas com Poseidon mostrando o cartão de identificação e dizendo que o filho estava com ele. Jackson via pessoas e mais pessoas correndo para lá e para cá com papéis, documentos, pastas, cafés, tudo que um escritório poderia oferecer. Aí que veio a dúvida.

– Pai, você tem uma empresa?

– O quê?

– Isso aqui é um prédio de negócios. Pensei que você só fosse nadador e surfista.

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