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“Já peguei seu nome, tenho o seu telefone
Mas seu coração não me entendeu, acho que ele se arrependeu"
Romeu e Julieta –
Vitão.



As semanas foram se passando, e nada de Annabeth responder o moreno. Percy Jackson tentou e tentou conversar com ela. Mandou mensagens, ligou, por pouco não apareceu na porta do apartamento da loira. Ela não respondia em nada. Chegou ao ponto de pedir o número da Piper – que agora vinha saindo com o Grace – para pedir que ela conversasse com a amiga por ele. Se McLean conversou, as coisas não estavam muito boas para o lado dele, porque a morena não lhe disse nada.

Quanto à família, sua mãe foi avisada pela polícia sobre aquele dia da festa. Sally nem demonstrou-se abalada. Ela sabia que o filho não estava fazendo nada de errado, exceto festa com música alta à noite, claro. A parte boa de Poseidon não o ter assumido era que Jackson não seria alvo das capas das revistas em situações como essas. Fora aquele dia, os problemas que voltaram a se agitar estavam esfriando, mas todos pareciam tensos. Sua mãe, que vinha namorando com o ex-professor de inglês dele, teve que terminar o namoro para proteger o homem. Ela se recusou a colocar as cartas na mesa e enfia-lo no olho do furacão. Poseidon começou a andar com seguranças, e Jackson sabia que o pai tinha contratado para ele também. Vinha reparando nos homens fortes e nada discretos seguindo sorrateiramente ele para onde quer que fosse na cidade. Aquilo não animava em nada o ânimo do moreno.

Estava quase no fim do último semestre do Ensino Médio. Jackson nem queria pensar nisso. Os amigos já tinham escolhido seus caminhos, quase todos trilhando destinos separados. Ele esperava pelo menos que fosse aceito na faculdade de Grover, assim ficaria perto do melhor amigo e longe de New York. Não que Jackson não gostasse da cidade, ele amava ela, mas se fosse necessário tomar medidas extremas, ele seria forçado a ficar muito longe para proteger todos que amava.

– Percy, eu e seu pai vamos no cartório resolver alguns assuntos pendentes do processo contra o Gabe. Vai querer ir junto? – Sally Jackson parou na porta do quarto dele arrumando a bolsa e retocando o batom.

– Não sei... – respondeu sem dar muita atenção. Na verdade, Jackson não sabia o que faria em relação a tudo. – Eu acho que vou ficar. 

– Percy – chamou delicadamente –, eu sei que é pedir muito pra você, mas tente avaliar aquela opção caso...

Sua voz falhou.

– Tudo bem, mamãe.

A sra. Jackson fechou a porta do apartamento e tudo ficou no completo silêncio. O telefone fixo na sala de estar começou a tocar. Mediante ao silêncio e ao fato de ele estar sozinho em casa, Jackson levou um susto com o som metódico do telefone. Caminhou apreensivo pelo corredor e olhou para o aparelho.

Sua pele formigava. Tinha a impressão de que não deveria atender, que algo ruim aconteceria se o fizesse. Mesmo assim, atendeu. Do outro lado da linha, escutava ruídos e uma respiração forte. Os dois ficaram em silêncio.

– Alô? – Jackson se arrependeu no momento que falou. Acabou denunciando que o telefone era da casa dele.

– Olá, pirralho. Sentiu minha falta?

O moreno rangeu os dentes e cerrou os punhos, certo de que se o homem estivesse em sua frente, daria outro soco na cara dele.

2 anos atrás...

– Percy! Não!

Jackson não escutou a mãe. Meteu um belo de um soco na cara do padrasto.

– Isso é por tudo que fez a minha mãe, seu desgraçado!

Os policias agarraram ele e o prisioneiro evitando uma luta. Gabe cuspiu saliva com sangue e o olhou com os olhos ferozmente perigosos. Teve a audácia de ainda lançar-lhe um sorriso debochado.

– Sr. Jackson – o advogado que Poseidon arrumara chegou às pressas ao lado do garoto –, peço que mantenha a calma. Deixe sua raiva para ser resolvida no tribunal.

– Esse vagabundo estuprava a minha mãe! Espancava ela! Você tem a coragem de me pedir que eu mantenha a calma? – Rosnou.

– Imagino que não deve ser fácil – ele se aproximou falando mais baixo –, mas se continuar assim, ele terá mais alegações para se safar dessa, e é algo que não queremos.

Jackson suspirou.

– Certo.

– Percy! – Sally chegou mais perto dele. O filho nem escutou se ela brigava com ele ou algo do tipo, a raiva fervilhava em seus ouvidos. Os três subiram as escadas prontos para começarem o longo processo contra o homem.

Ao fim de três incansáveis dias de audiências e muitas dores de cabeça, Gabe Ugliano foi declarado culpado sob a justiça de New York. Condenado a 34 anos de prisão, Gabe fora arrastado de lá com fogo nos olhos.

Sally Jackson pôde respirar um pouco de ar puro com cheiro de liberdade. Prometeu a si mesma que escreveria um livro sobre as situações que passara e que tentaria ajudar outras mulheres. O filho ainda tinha raiva, mas com o tempo seria algo esquecido.

Dias atuais...

– Nem um pouco – Jackson respondeu.

– Uma pena, eu senti – gargalhou.

– O que você quer, Gabe?

– Que falta de educação! Não vai nem me perguntar como eu estou? – Gabe fingiu ofendido. – Bem, não me importa. Só quero que saiba de uma coisa, pirralho: vocês três estão fugindo de mim, tentando proteger a si mesmos, mas não estão protegendo os seus amiguinhos.

– Como? – Jackson se surpreendeu.

– Acha que somos bestas? Acha que consegue nos enganar com seu capuz e óculos escuro?

– Nos enganar?

Gabe hesitou.

– Isso não importa. Só saiba que sabemos todo o círculo social seu e de Sally. Aquele namoradinho dela – falou com desprezo – e seus amigos.

Jackson nada disse.

– Ah, quase que eu esqueço, a loira também.

O moreno não se conteve.

– Fique longe dela – rosnou.

Gabe riu.

– Fique tranquilo – desligou a chamada.

Percy Jackson sentiu o chão sendo tirado debaixo dele. Gabe havia o encurralado.

E agora Annabeth estava no meio da confusão.









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