21. declinada

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Mia Berner


Mia já havia passado do estado de negação. Debaixo de suas cobertas, estava observando sua mão trêmula há alguns minutos, o metacarpo estava em um vermelho escuro e sentia uma pequena dor ao abrir a mão. Essa era a única prova do que tinha acontecido na tarde que se passou. Já era escuro novamente, apenas a luz da lua iluminava o pequeno quarto da garota. Uma forte e fria ventania atravessou o cômodo, fazendo-a tremer até os dedos dos pés, sua febre baixou minimamente, mas ainda sim sentia um frio incessante.

Levantou-se com mínima dificuldade, seu corpo parecia mais pesado que o usual, mas nada que atrapalhasse tanto. Foi até a janela e a fechou, impossibilitando que o vento congelante entrasse, mas não se sentia satisfeita, os pelos de seu braço estavam arrepiados. Abraçou-se e esfregou os ombros, tentando sentir o mínimo de conforto. No caminho de volta para sua cama, se deparou com o cabideiro rente a porta, a loira não possuía muitas vestes devido a condição em que vivia e não tinha dúvidas que o maldito casaco que repousava no maldito cabideiro era a coisa mais quente que tinha em sua casa.


"- E se você sentir frio, é só usar o casaco que está no seu cabideiro."


As palavras ditas mais cedo por Hanji ecoaram em sua mente. A mulher sabia que aquele casaco era dele, isso era uma certeza, mas Levi é um homem de poucas palavras, provavelmente não deve ter comentado sobre ela para a comandante, nem para ninguém. Tal pensamento atormentou a mente da loira, provavelmente ele não sentia as mesmas coisas que ela sentia. O flutuar de sua barriga quando estavam próximos com certeza não era compartilhado, o calor que sentia crescer dentro de si sempre que ouvia sua voz certamente era apenas seu. E possivelmente a única que havia gostado do beijo seria ela. O homem praticamente fugiu como se ela fosse a cruz e ele o diabo.

Abanou a cabeça para afastar os pensamentos sobre ele, foi em direção ao escuro casaco e o vestiu. O símbolo da tropa de exploração brandia orgulhosamente nos braços, peito e costas de Mia. Se sentia mínima naquela vestimenta, o tamanho do casaco era quase ideal, mas as mangas pareciam asas de tão largas que ficaram nela.


- Roupas de um soldado. - pensou Mia.


O calor começou a envolver a garota, apertou o casaco contra si e sentou-se em sua cama, sentindo sua mente vagar enquanto deitava. Tantas coisas tinham acontecido em um só dia que sua cabeça parecia doer.


Havia beijado Levi, e havia gostado.

Foi dispensada por ele, que saiu correndo.

Dormiu no chão da sala, acordou com febre.

Foi visitada por Hanji, que provavelmente sabe que ela sente algo por Levi.

Foi cuidada por Halpert, que ficou dela desde cedo.

Foi beijada por Halpert, e não tinha gostado.

Socou Halpert, que foi embora.


Ele disse que era apaixonado por ela, e desde sempre. Seu coração apertou, sabendo que tinha quebrado algo, e com certeza não era a mandíbula de Halpert. Ele havia pedido ela em casamento e estava esperando meses por uma chance. Se sentiu injusta por tê-lo tratado daquela forma, afinal ele tinha cuidado dela enquanto estava doente... Tinha cuidado dela durante todos esses meses.

Comeback | levi ackermanWhere stories live. Discover now