Capítulo 40

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Na manhã seguinte, a primeira coisa que vejo é Ben sentado, lambendo uma colher com pudim de chocolate. Pisco, espantado por ter realmente dormido em algum momento.

- Ei, fera - digo, gemendo à medida que tento colocar meu corpo rígido na posição sentada. Esquecendo-me da lesão na minha mão, apoio na palma com curativo para me levantar e faço uma cara de dor.

- Oi - diz ele, com os seus olhos fixos no pudim.

- Como está se sentindo?

- Bem.

Eu estava cheio de perguntas quando Joalin me deixou no hospital na noite passada antes de ela ir buscar O cão, mas  Ben já estava dormindo, seu corpinho estava exaurido. Agora que está acordado, na luz da manhã, não faço idéia do que lhe dizer. Será que grito com ele? Deixo-o de castigo? Abraço-o? Pergunto que porra ele estava pensando? Sou um misto de emoções, sendo a principal delas o medo familiar de que direi a coisa errada. De que o afastar eu ainda mais de mim. Cometi esse erro com Emma, e não posso me dar ao luxo de cometê-lo novamente.

Olho para o quadro de avisos das enfermeiras na parede, que diz: Trícia - Ext. 2743. Volto a olhar para Ben.

- E aí? Como foi o mergulho?

Ele mantém a colher parada na língua, na metade da lambida, e parece pensar na pergunta. Em seguida, ele a coloca na bandeja.

- Frio.

Concordo com a cabeça, passando a mão nos pelos ásperos do meu rosto.

- Ben, você tem que me ajudar aqui, amiguinho. O que você estava...

- Cadê a bibliotecária? - pergunta, com os olhos fixos em mim.

- O quê?

- A bibliotecária. Eles a levaram embora.

O médico disse que Ben estava acordado e alerta quando chegou ao hospital, deixando pouca preocupação com algum dano cerebral permanente, mas faz uma semana que estivemos na biblioteca, e me pergunto se ele está tendo algum tipo de lapso de memória. Volto a olhar para o número de Trícia.

- Sabe que dia é hoje? - pergunto, com as sombrancelhas unidas.

Ben pensa.

- Domingo.

- Quem é o presidente?

Ben me encara com os seus olhos castanho-claros quase um verde.

- Você não sabe?

Uma leve batida na porta antecede uma enfermeira que a abre e entra.

- Bom dia - diz, cantarolando. - E como está o nosso paciente nessa manhã?

Ela está olhando uma prancheta que tem na mão, por isso não sei ao certo se está falando comigo ou com o Ben. Nenhum de nós responde. Ela ergue os olhos.

- Vamos verificar a pressão,hein?

Coloca o prontuário no pé da cama e prende o velcro em volta do braço fino de Ben. Depois disso, mede a temperatura dele e escuta seu peito com um estetoscópio. Em seguida, rabisca o papel com o qual entrou .

- O doutor Reed passará por aqui na próxima hora ou mais ou menos isso, ok?

- Trícia?

- Ah, não. - Ela vai até o quadro e apaga o nome com um apagador. - Era a enfermeira da noite. Eu sou Carolyn.

- Ah. Desculpe - digo, e depois aceno na direção de Ben. - Como está ele?

Ela olha para o prontuário, como se já estivesse esquecido.

- Os sinais vitais estão ótimos - diz . - Acredito que poderá ir para casa hoje à tarde. - Ela aperta o prontuário contra o peito. - Alguma outra pergunta? - diz e se vira para Ben. - Precisa de alguma coisa?

- Meus óculos - diz Ben. - Não consigo ver nada.

A enfermeira sorri e vai até a bancada onde estão os óculos de Ben. Ela os pega e os entrega a ele.

- E cadê a mulher? A bibliotecária? - pergunta ele enquanto encaixa as hastes nas orelhas.

Bem, aqui vamos nós. Cubro meu rosto com as mãos.

- A que salvou você? - Levanto a cabeça rapidamente.

Ben faz que sim.

- Está se recuperando no quarto andar - diz ela. - Teve algumas, hã... Complicações.

- Um minuto, o que aconteceu? - E me dou conta de que estava tão focado em Ben que nem sei, de fato, o que aconteceu com ele. Sei que, de alguma forma, ele caiu no rio e alguma pessoa a avistou e ligou para a emergência. Não pensei em perguntar mais nada. Típico de homem, consigo ouvir Stephanie em minha cabeça.

- Uma mulher que estava andando de bicicleta viu seu filho e mergulhou atrás dele. Ela fez a RCP até alguém chamar a ambulância.

- Era a bibliotecária. Do outro dia - interrompe Bem , lançando-me uma expressão vazia que interpreto como Eu falei.

Sinto a boca seca e estou estranhamente ciente de que meu coração está batendo no meu peito. Emily. Tenho certeza de que não é o nome verdadeiro dela, mas é o único pelo qual a conheço. Vem-me uma súbita imagem dela mergulhando de braços abertos no Passaic com sua longa camisola branca. Olho para a enfermeira.

- Você disse alguma coisa sobre complicações. Ela está bem?

- Desculpe, eu realmente não tenho permissão para dizer.

Não posso acreditar que aquela mulher - aquela mulher pequenina e tímida que estava apenas recitando poesias e dando saída nos nossos livros na biblioteca - salvou a vida de Ben. Sinto-me em dívida com ela. E preciso ter certeza de que eles está bem.

- Posso vê-la?

A enfermeira faz uma pausa.

- Vou ter que perguntar a ela. Eu o informarei. - Ela volta a olhar para o prontuário. - Ah, e a assistente social passará aqui mais tarde.

- Assistente Social? - pergunto.

- Apenas protocolo padrão - diz ela, mas não retribui meu olhar.

Depois que se vai, tiro a bibliotecária da cabeça e volto a atenção para Ben.

- E aí? Vai me dizer porque estava naquela ponte?

Ele encara o pote vazio de pudim como se quisesse enchê-lo novamente com a mente. Droga, talvez seja exatamente isso que está tentando fazer.

- Tudo bem - digo. - Por que não começamos com a mesinha de centro?

Ele não se mexe.

- Aquelo não foi um acidente, foi?

Ele permanece como uma estátua, e eu fico olhando, lembrando-me de um truque jornalístico que ouvi uma vez, embora não faça idéia de onde eu a teria ouvido : apenas faça silêncio. O silêncio estimula se entrevistado a preenchê-lo com palavras. Então, espero. Sento-me com os braços cruzados e espero mais um pouco. Depois do que parecem ser dez minutos, mas, na realidade, é mais provável que tenha sido um ou dois, percebo que eu seria um péssimo repórter.

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