Dois estranhos

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Eu queria chorar. Jungkook e eu depois da pequena discussão não trocamos mais nenhuma palavra. Ele parecia nervoso, irritado com algo que não consegui compreender e, naquele momento, tudo que queria era ir para a minha casa em Los Angeles, me enterrar debaixo das minhas cobertas e desabar em lágrimas. Eu estava tão desconfortável que mal consegui comer, muito menos beber o restante do vinho em minha taça. Jeongguk, por sua vez, comeu toda a comida e bebeu mais de quatro taças do vinho caro, sempre com o olhar distante e parecendo perdido em seus próprios pensamentos. Engoli o choro preso em minha garganta, por mais difícil que fosse e me levantei, ainda sem dizer uma só palavra.

Meus olhos ardiam e minha boca estava seca naquele momento. Era como se algo de ruim fosse acontecer ou estivesse acontecendo. Comecei a caminhar para longe da mesa, à procura do banheiro feminino. Assim que o encontrei, me posicionei em frente ao espelho e encarei o meu reflexo no espelho. Realmente eu estava enganada. O que era para a ser à nossa noite, tornou-se um pesadelo. Fiquei alguns minutos naquela mesma posição, sentindo o meu estômago revirar por completo. Apoiei minhas mãos no mármore escuro e abaixei a cabeça, o que fez com que o choro que engoli voltasse e enchesse os meus olhos de lágrimas grossas e quentes.

— Moça, você está bem? — Uma voz feminina desconhecida soou ao meu lado.

— Sim. — Respondi com a voz embargada, com a cabeça baixa e com os olhos lacrimejando.

— Tem certeza? — Senti sua mão fria em meu ombro.

— Sim, estou bem. — Murmurei e mordi o lábio, segurando as lágrimas que insistiam em cair.

— Certo. — A desconhecida sussurrou e ouvi os seus passos sendo direcionados para fora do banheiro.

Indireitei minha postura e enxuguei os cantinhos dos meus olhos, inteiramente chateada com o que houve há minutos atrás. O meu batom vermelho ainda estava em perfeito estado, embora a bagunça estivesse realmente dentro de mim. Pronta para sair daquele espaço em que me encontrava, ajeitei o meu vestido e saí em passos calculados, demorados, passando os olhos rapidamente no homem que estava sentado, segurando firmemente a taça de vinho em sua mão esquerda. O barulho dos meus saltos era irritante e fazia com que minha cabeça doesse mais, além dos meus pés estarem um pouco espremidos. Ao chegar na mesa, puxei a cadeira e me sentei no lugar de antes, checando a hora em meu celular.

— Sr. Jeon, o meu gerente não pôde vir cumprimentá-lo pessoalmente, mas agradecemos pela preferência. — O garçom loirinho agradeceu, sorrindo sem mostrar os dentes.

— Tudo bem, obrigado. — Jungkook agradeceu sério, guardando o cartão preto e ilimitado em sua carteira. Seu olhar cruzou-se com o meu e me vi ofegante, mesmo com tão pouco de si. — Vamos?

Assenti e me levantei, pegando minha carteira e o meu celular sobre a mesa, seguindo-o para fora do estabelecimento de luxo. Assim que coloquei os pés na calçada, o vento frio me atingiu em cheio e meus pêlos se eriçaram. Abracei meu próprio corpo, entrando na Lamborghini e colocando o cinto de segurança. Jeongguk tomou o assento ao meu lado e me olhou por alguns instantes, mas logo desviou o olhar e acionou o teto solar do seu automóvel. Me encolhi no banco, buscando manter o máximo de distância do seu corpo. Encostei a cabeça na janela e assim permaneci, até que chegássemos em sua casa. Antes mesmo que o Jeon guardasse o carro na garagem, eu desci e fui para a casa ao lado, onde as meninas estavam.

— Di, o que foi? — Megan abriu a porta, permitindo a minha passagem. — Por que está chorando? — Minha amiga questionou preocupada, me conduzindo para dentro.

Solucei tentando, inutilmente, enxugar o meu pranto.

— O Jungkook, ele... — Me perdi em meus próprios pensamentos, nas próprias palavras, sem conseguir formar uma frase decente. — Ele... — Solucei outra vez.

𝐏𝐀𝐈𝐗Ã𝐎 𝐈𝐍𝐃𝐎𝐌Á𝐕𝐄𝐋, 𝘑𝘦𝘰𝘯 𝘑𝘶𝘯𝘨𝘬𝘰𝘰𝘬Where stories live. Discover now