Capítulo III

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Harry sorriu quando aceitou uma taça de conhaque de Monsieur Cowell e recostou-se na cadeira que ele ofereceu, relaxado. Foi surpreendente descobrir que o menino tinha sido entregue a um bordel notório. A casa era conhecida em toda a França por oferecer as delícias mais decadentes.

E já que negócios o trouxeram aqui... bem, por que não aproveitar? Se alguma moça da casa ou qualquer um dos outros servos do Monsieur sabiam de sua identidade, não disseram nada. O poder do dinheiro, ele sabia. Enquanto ele tivesse dinheiro, eles não diriam uma palavra. E ele tinha um bom saco de moedas de seu jovem patrono.

O senhor sentou-se em frente a ele, a boca se curvando em um sorriso.

– Você quis me ver, meu senhor? – seu tom de voz era preocupado – Cosette não foi de seu agrado?

Soltando um suspiro de satisfação, Harry voltou a sorrir. A pequena loira podia fazer coisas incríveis com as mãos e a boca.

– Eu lhe asseguro, Monsieur, ela me agradou muito.

– Então, como posso ajudá-lo? – perguntou ele.

Harry apreciou sua abordagem direta.

– Você é conhecido por ser capaz de conceder quaisquer desejos de seus clientes. O meu é simples. Embora as mulheres da França sejam bonitas e... talentosas, encontro-me com saudades de uma rosa inglesa. Eu suponho que você tenha uma flor inglesa em seu jardim.

O sorriso dele se ampliou maliciosamente.

– Você é um homem viril, não?

– De fato. – ele tomou um gole de brandy.

Os olhos cinzentos de Monsieur Cowell brilharam com interesse.

– Eu tenho tal flor em meu jardim. Mas o menino é muito inexperiente. É virgem. Eu cobrarei um alto preço ao homem que quiser o privilégio de ser o primeiro a provar seus encantos.

Harry fez uma careta.

– Eu acho que você coloca muito valor na inocência. A maioria de seus clientes realmente acha isso tão atraente?

Simon olhou para ele especulativamente.

– Se não acharem, ainda assim encontrarão este menino irresistível. Ele é uma rara beleza.

– Mas inexperiente. – ressaltou.

– Se você quer negociar comigo sobre a soma que exijo por esta rosa, a nossa reunião será longa. – seu rosto tornou-se uma máscara de calma implacável – Além disso, você não está em posição de exigir concessões.

Os dedos de Harry se apertaram ao redor do cristal da taça.

– Eu sei quem você é. – seus olhos se encontraram diretamente – Por que eu deveria permitir que um homem perigoso como você colhesse a minha rosa?

Reprimindo a réplica desagradável que imediatamente veio à sua língua, disse apenas:

– Porque eu vou pagar o seu preço. Tenho certeza de que você está ansioso para conseguir lucro por seu investimento.

Era um risco, ele sabia, sutilmente salientar que ele comprava e vendia jovens mulheres como gado. Ah inferno, mas era a verdade. E quase tinha certeza de que ele tinha pagado uma quantia substancial pelo garoto a qual veio procurar. Mas se o senhor se sentiu ofendido, teve o cuidado de esconder muito bem.

– Muito bem, meu senhor. – ele disse finalmente – Vou tomar as providências. Vou exigir o pagamento com antecedência.

– Concordo. – disse ele facilmente. Não era o seu dinheiro, afinal de contas.

– ... E eu gostaria de ver.

Isso o pegou desprevenido. Ele se sentiu atordoado com o insólito da situação.

– Pelo menos por um tempo. – acrescentou rapidamente.

– Você teme que eu o machuque? – seu tom se tornou ameaçador – Eu machuquei alguma pessoa?

Que ele estava apreensivo era bastante claro em sua expressão. Mas havia outra coisa. Ele viu ao homem alisar seu cabelo, distraído.

Seu sorriso era leve, secreto.

– Ou será que você gosta muito de sua rosa? – Harry sugeriu, recebendo sua resposta no brilho de seus olhos interessados. Então, ele queria o menino para si.

Isso despertou a sua curiosidade. Seria complicado atender este desejo, mas que escolha que ele tinha?

– Certo.

Pegou o saco de moedas de seu casaco e atirou-o em seu colo.

– Vamos até o meu jardim, meu senhor? – a resposta do senhor foi ansiosa.

Foi feito então. Ele iria levá-lo para o menino. Satisfeito consigo mesmo, Harry esvaziou o copo, aproveitando o sentimento da aguardente queimando a caminho de seu estômago.

– Sim, vamos.

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