Capítulo V

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Em uma pequena janela da sala Harry olhava ao longo da parte mais pobre da aldeia. A pousada com suas paredes grossas e sujas alojava prostitutas e assassinos, seu irreverente riso ecoando pelas escadas. Era o lugar mais seguro para eles estarem.

Até agora os homens de Simon Cowell estariam procurando por eles no castelo e não os encontrando ali, talvez imaginassem que ele fugiria do vale.

Harry fervia com raiva, enquanto olhava para fora da janela à noite de inverno. Já passava da meia-noite e ele mal conseguia distinguir o contorno escuro da paisagem. Isso não importava. Na verdade, ele esperava que a paisagem e o ar fresco ao seu redor arrefecessem o constante pulsar em seu pau.

Droga, Nicholas. Ele iria estrangular seu amigo na próxima vez que o visse. Já era tempo de Nicholas responder pelas consequências de interferir em sua vida.

Harry tinha deixado seus desejos bem claros, ele queria solidão. Sua mandíbula cerrou-se quando se lembrou das várias vezes que tentou explicar a sua necessidade a Nicholas.

Nicholas teria dado boas risadas as suas custas, se ele pudesse vê-lo agora.

Duro como pedra e sozinho com o objeto de seus desejos.

Ele virou-se para onde Louis estava sentado na única cadeira da sala, enrolado no manto escuro e pesado, apenas seus finos tornozelos e os pequenos chinelos de ouro que ele usava aparecendo. Ele não se mexeu. Sua cabeça curvou-se a deixando escondida debaixo de uma cortina elegante de cabelos castanhos. Ele queria ver o rosto dele, precisava provar para si mesmo que o brandy que tinha consumido antes o tornou a adorável criatura que segurou e beijou. Suas mãos tremiam ao seu lado. Se ele o tocasse, temia o que poderia fazer.

– Olhe para mim. – Harry disse em voz baixa, consciente do tremor em sua voz.

Lentamente, Louis ergueu a cabeça, e olhou para ele. A respiração de Harry parou. Ele olhou com espanto para os perfeitos traços delicados de seu rosto. O suave marfim de sua pele era impecável. As maçãs do rosto eram altas e exóticas, seus lábios rosados. Seus grandes olhos azuis eram sombreados por espessos cílios escuros. O emplumado cabelo de cor de mel caia em sobre os olhos, mas logo eram movidos formando uma franja graciosa.

Ele não conseguia desviar o olhar dele. Nenhum brandy poderia ter produzido tanta beleza. Olhando para ele de perto, percebeu que ele era ainda mais bonito do que havia imaginado.

Lentamente, seu olhar deslizou pelo manto. Pensou que tê-lo coberto permitiria a ele falar com Louis de forma sensata, torná-lo menos tentador.

A capa não mudava nada. Ele sabia o que o simples vestuário escondia. Facilmente ele podia se lembrar da pele suave, de suas curvas exuberantes. O calor escaldante subiu novamente através dele.

Harry não conseguia se lembrar da última vez que ele quis tanto alguém da forma como queria agora.

– Nós vamos ficar aqui até amanhã. Então eu vou levá-lo para o seu amigo...

Quando Louis olhou para ele em silêncio, voltou-se para a janela. Ele tinha acabado de tramar sua vingança contra Nicholas quando ele falou:

– Quem? – sua voz era baixa, assustada. – Quem o mandou me procurar?

Indesejada, a imagem do hematoma horrível em suas costelas entrou na mente de Harry.

Seus beijos tinham confirmado sua inocência. O retrato dele como vítima de seu padrasto trouxe a luz o fato de que ele aguentou muita coisa em um curto período de tempo.

Até mesmo ser vendido para um bordel.

Harry lhe entregou a caneca de cerveja que segurava na mão.

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