CAPÍTULO 29

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O poema

Mandei mensagem para Luiz que não poderia sair hoje e expliquei o motivo. Ele se dispôs a ajudar-me, não rejeitei. Não quero ficar sozinho na casa que me trás lembranças de momentos felizes com o Matheus.

- Oi. – falo com os olhos marejados. Sem cerimônias ele me abraça, não o afasto apenas me rendo e choro no seu ombro.

- Vai ficar tudo bem. – tenta me confortar.

- Obrigado..

Ele chama um Uber e seguimos para a antiga cada dos meus tios. Eles têm uma casa na cidade em que moro, praticamente do lado da dos meus pais. Minha mãe já está organizando tudo por lá. Entramos na casa e uma avalanche de lembranças me atingem. Não consigo mais chorar, mas sinto meu peito arder.

- Está se sentindo bem? – Luiz pergunta depois de um tempo.

- Não e nem ficará. – respondo com pesar.

- Sinto muito.. algo que possa fazer?

- Me ajuda com minhas coisas? – peço e ele assenti.

No quarto os travesseiros estão com o cheiro do Matheus. Me agarro com um e me encolho no canto. Luiz percebe mas nada fala. Terminamos de arrumar tudo que é meu. A empresa contratada por meu tio de última hora já está empacotando tudo na casa.

Vou no quarto do Matheus e fico sentado na cama, olhando todas as nossas fotos salvas no notebook dele. Tem fotos minhas dormindo com ele. Fotos somente minhas dormindo, fotos dos nossos passeios. Todas salva na pasta " Malipe " - shipp dos nossos nomes.

- Ficarei com isso! – peguei o notebook e algumas das roupas dele, para usar e me Sentir mais próximo dele.

" Pega a Jock-Strap! " a voz da minha cabeça falou – é o Matheus.

- Tem certeza Matheus? – perguntei.

" Sim, SEU idiota e ela está limpa infelizmente. " vejo ele sorrir.

Vou até a gaveta de cuecas dele e pego a Jock-Strap. Não faço a mínima ideia do que tia Patrícia irá fazer com essas roupas. Peguei mais algumas fotos dele, que levarei comigo e guardei na minha mala. Luiz está comendo na cozinha, estou sem fome. A única coisa que não me permite desmoronar literalmente é o próprio Matheus.

" Quero que siga em frente, porque estarei sempre aqui " , senti um calor no meu corpo, como se estivesse sendo abraçado.

- Faço isso por você Matheus, porque te amo. – fecho os olhos e vejo ele sorrir. Antes de Luiz ir embora e me deixar sozinho aqui, ele me beija, me permito sentir o calor dos seus lábios, mesmo não retribuindo como deveria.

- Desculpa. – digo quando o beijo cessa.

- Eu que peço desculpas. – ele fica sem jeito.

- Até mais? – levanto o punho fechado.

- Até mais! – ele bate no meu punho como despedida.

- Se cuida e não perderemos o contato.

- Com certeza, se cuide também. – ele se vai. Sorrio sem mostrar os dentes.

O velório de Matheus todos os seus amigos estão presentes. Tia Patrícia está mais sã, porém ainda chora muito, tio Marcos não chora, mas sei o quão triste ele está. Kathelen também está aqui. Cumprimentei ela e choramos abraçados. Os meninos das trupe estão todos aqui - João, Pedro, Lucas, Gustavo, Guilherme, Polo e Vitória. - todos estão chorando. Lucas está abraçado com Gustavo, que pelo o que sei estão ficando, fico feliz por eles. Até as pessoas que eu não esperava encontrar, encontravam-se aqui.

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