VII

1.4K 162 654
                                    

harry's point of view

Eu conseguia escutar lá longe, um barulho bem irritante soando incansavelmente. Lutei por uns minutos, tentando me manter sonhando, esperando que o barulho parasse sozinho, mas não parou. Bufei irritado, sentindo meu sono ir embora e a dor de cabeça de ressaca aparecer e, relutantemente, abri os olhos para encontrar meu quarto com a luz do sol já adentrando pelas cortinas.

Tateei a cabeceira da cama a procura do celular, desligando-o assim que encontrei. Era sábado, eu não tinha reunião, não tinha compromissos, e nem assim podia ter paz. Tentei me lembrar de como havia ido parar na cama e com um estalo as cenas de ontem vieram na minha cabeça.

Sierra.

Virei para o lado e encontrei primeiro seus cabelos, com o cheiro forte do meu shampoo, contrastando firmemente com o branco da minha fronha. Vi os olhos de Stevie Nicks me fitando nas costas da camiseta surrada do Fleetwood Mac que eu havia emprestado à garota noite passada.

Meu Deus, o que havia sido aquilo?

Passei fortemente as mãos pelos olhos, tentando tirar as cenas da noite de ontem da minha cabeça, porque só a lembrança delas fazia meu sangue correr mais rápido. Me levantei sem fazer muito barulho e segui até o banheiro com a ponta dos pés. Depois de lavar o rosto e escovar os dentes, retornei ao quarto, onde a garota ainda permanecia adormecida enfiada entre o edredom branco, e decidido em não acordá-la, apenas peguei meu celular e desci preparar o café.

Na cozinha, encontrei os rastros por onde havíamos passado na noite de ontem.

Nossos sapatos jaziam abandonados em um canto do cômodo, minha camisa, ainda molhada, pousava em cima da mesa sem cuidado algum, as roupas da Sierra haviam sido abandonadas na porta da lavanderia e eu ri baixo ao me lembrar que havia prometido a ela que as roupas estariam secas e prontas para ela logo pela manhã, e bom, pela água acumulada que eu via logo embaixo dos tecidos, eu já poderia adiantar que não estavam. A porta que levava ao quintal ainda estava aberta (que Deus nos abençoe pelo bairro seguro em que eu vivia), e dali mesmo eu conseguia ver a marca certinha do lugar onde Sierra havia batido a cabeça. Ri sozinho lembrando da cara de dor e pânico da garota, quando ela seguiu para a cozinha para buscar nossa terceira garrafa de vinho e errou a entrada. O pano com gelo que eu havia pressionado em sua testa por minutos estava logo em cima do balcão da pia, junto com as três garrafas de vinho vazias, que só o vislumbre delas fazia minha cabeça latejar mais forte.

Eu odeio vinho.

Não sei dizer quantas horas havíamos passado dentro daquela piscina, mesmo com o frio insuportável nos congelando. Bebemos todo o vinho que conseguimos e conversamos sobre todas as bobeiras que podíamos. Para mim, era totalmente novo estar com uma pessoa que não se importava com nomes e sobrenomes famosos, que não se interessava por posts na internet, que não ligava em estar numa piscina com os dedos enrugados e um pano com gelo, tentando -inutilmente-, desaparecer com o galo que começava a aparecer em sua testa, enquanto brincava de trocar palavras em frases aleatórias.

Peguei minha camisa branca, a levando até a lavanderia e colocando-a para lavar junto com as roupas molhadas de Sierra. Coloquei a água para ferver, enquanto ligava meu celular para ver quem me incomodava logo pela manhã no meu dia de folga. Havia algumas ligações perdidas do nosso empresário, mas o que me fez largar o celular na bancada, irritado, eram as mensagens insistentes de Louis que piscavam na tela.

Louis T.:

Ei, mate!

Achei que havia parado de sair com a doidinha, mas vi umas fotos de vocês ontem

no one knowsWhere stories live. Discover now