IX

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Acordei sentindo o cheiro de café perambulando por todo o espaço do meu studio, levantei o tronco procurando o porquê daquele cheiro e a cena que vi fez um sorriso instantâneo abrir no meu rosto. Na cozinha, eu avistava um Harry Styles só de calça de moletom, deixando todas suas tatuagens a mostra, encarando com uma feição muito engraçada de concentração o coador de pano, enquanto colocava mais água nele. Harry Styles fazendo cafézinho do jeito brasileiro era tudo que eu nunca imaginei que veria. Quando acabou a água do bule, virou para seu celular e encostou na tela, fazendo uma voz em português sair alta e clara do aparelho.

- Agora seu café está pronto, é só retirar o coador e passar todo o café para sua garrafa térmica. - a voz feminina soou alta, mas o rosto do garoto piorou em confusão, não entendendo o que acontecia.

- Em que parte vai o açúcar? - o garoto se perguntou baixinho retornando o vídeo alguns segundos antes, me fazendo abrir mais o sorriso que ainda não havia saído do meu rosto.

Mais uma vez a voz da mulher saiu alta, explicando a necessidade de escaldar o coador de pano antes de utilizá-lo, e Harry abaixou na direção do celular, tentando prestar mais atenção no que ela dizia. Eu chacoalhei a cabeça em negação... não se deve pôr açúcar no café, Harry!

Enquanto o garoto se mantinha entretido no vídeo, joguei a coberta longe, sentindo o calor do dia já se manifestar no meu corpo. Apesar da chuva torrencial que havia caído na noite passada, eu podia ver pela grande janela que o sol brilhava lá fora, há quanto tempo eu não via sol! Caminhei lentamente até a cozinha, e mesmo com o barulho do meu pé descalço batendo no piso frio, Harry continuou atento ao vídeo que tocava, sem prestar atenção em mais nada. Meu cérebro se bagunçou em diversas coisas que eu poderia fazer com aquele garoto ali, mas quando meus olhos bateram no pequeno pano de preço escuro que estava em cima do fogão foi instantâneo saber o que fazer.

- RATO! - gritei no mesmo instante que joguei o pano de prato no ombro do garoto, vendo ele gritar, se levantar em um pulo e sapatear no chão tentando tirar o pano de cima de seu ombro.

Quando percebeu que não havia rato nenhum, virou para mim, com a melhor cara de decepção em seu rosto, jogando o pano em minha direção. Minha risada se intensificou assim que um arrepio pareceu subir por seu corpo, como se ele ainda pudesse sentir o gelo do pano/rato em seu ombro. Com um negar de cabeça, o garoto avançou em minha direção, e não teve gritos meus que o contivesse de me jogar nos seus ombros como se eu não pesasse nada, e depois rumar até a minha cama me jogando lá. Seus dedos avançaram rapidamente até as minhas costelas, em uma cócega desastrada. EU ODIAVA COSQUINHAS!

As mãos do garoto subiam e desciam pelas minhas costelas, enquanto eu gritava e esperneava, sem conseguir segurar a risada alta que saia da minha garganta. Quando percebemos, ao mesmo tempo, que não havia mais ar para respirarmos, eu de tanto rir e ele de canseira, Harry encaixou suas mãos ao redor dos meus punhos, erguendo-os acima da minha cabeça.

Pronto, lá vem!

Harry mantinha-se sobre o meu corpo, respirando ofegante, com o tronco ligeiramente abaixado na minha direção e um sorriso malicioso preso nos lábios. Sua mão esquerda sozinha tomou conta de segurar meus dois punhos, enquanto a outra descia até minha boca, onde puxou meu lábio para baixo com o indicador. Copiei seu sorriso malicioso no meu.

- Por que nós sempre acabamos nessas poses estranhas carregados de tensão sexual?

- O por quê eu não sei. - o garoto inclina mais um pouco, cada vez mais próximo a mim, fazendo com que seu cabelo solto quase tocasse meu rosto. - Mas tem uma coisa em você, Sierra... uma coisa que não deixa eu me manter longe, e eu não tenho a menor ideia de como controlar isso.

no one knowsWhere stories live. Discover now