Capítulo Três

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Ele deveria estar em casa, sendo aquecido pelo saquê, confortável em seu kimono, e ocupado demais com os bêbados de seu clã. Ele deveria, e até mesmo pensou por um momento em dar a volta e deixar Izuna com seus planos, porém, Tobirama tinha os seus próprios naquele momento, e mesmo tenso com a inevitável traição do irmão de Madara, continuou a andar.

Tobirama não sabia exatamente aonde estava indo, mas tinha uma vaga ideia. Há algum tempo ele desconfiava do irmão e, semanas atrás, seus pensamentos o perturbaram tanto que o obrigaram a seguir Hashirama. Mas ele não foi até o fim. Ele queria ver a verdade, mas enquanto se esgueirava entre as árvores e via as costas de seu irmão ao longe, sentiu como se estivesse fazendo algo extremamente errado. Hashirama ficaria furioso, mas ele já estava acostumado com o temperamento do mais velho; era por outro motivo, um que não soube identificar, mas que o fez se interromper para então andar em um caminho oposto. Mas ele havia seguido o suficiente para ao menos ter uma direção, e esperava poder sentir o chacra do irmão quando atingisse seu campo sensitivo. E também que tudo seguisse como havia montado em sua mente.

Ele não era ingênuo, e sabia que as palavras de Izuna não deveriam ser levadas a sério. Tobirama duvidava que ele pensava em agir como ele, ainda mais que soubesse o que realmente estava se passando dentro de sua cabeça naquele momento. Izuna parecia instável emocionalmente. As rudes palavras que haviam trocado antes de seguir por aquele caminho evidenciaram que o Uchiha estava mais do que pronto para explodir, e Tobirama estava contando com este fator.

Izuna com certeza perderá a cabeça quando ver os nossos irmãos juntos, pensou Tobirama. Madara ficará ao lado dele, e este será o momento em que mostrarei a An-chan que não se pode baixar a guarda com os Uchiha.

Tobirama tinha tudo calculado, e a certeza de que Izuna, mesmo sem tomar conhecimento, dançaria sua música naquela noite, o fez ignorar o sentimento de antes que queria voltar. Não importa que seja errado pegá-lo de surpresa. Um exemplo visual será mais efetivo do que minhas palavras neste caso.

Faltava cerca de meia hora para que enfim alcançasse o local onde havia hesitado na última vez em que estivera ali por Hashirama, mas ainda assim, Tobirama aumentou sua concentração, procurando o chacra do irmão. Não havia necessidade de gastar o seu próprio chacra tão cedo, mas por ter Izuna em seu encalço, ele precisava ser ainda mais cauteloso. A possiblidade de tudo aquilo ser uma armadilha do Uchiha foi o primeiro pensamento que veio junto com a ideia, e Tobirama separou um lugar em seu cérebro para guardar tal desconfiança.

Tobirama sempre estava pronto para tudo. Todas as possibilidades que passaram por sua mente para aquela noite tinham um plano principal e um reserva. Ele estava atento e seguro de que teria como agir contra qualquer coisa que acontecesse, e seus planos pareceram ser fundamentais quando sentiu uma terceira presença, mas que não era a de Hashirama ou Madara.

O Senju imediatamente subiu em uma das altas árvores da floresta, e seus olhos atentos procuraram Izuna, que já estava seguro em cima de um grosso galho um pouco distante, mas que ficava na mesma altura de Tobirama.

A presença se aproximou, andando apressadamente sobre o chão. Tobirama o observou com atenção, e quando as vestes do homem foram reconhecidas, seu olhar acusador se voltou para Izuna.

Era um Uchiha.

Izuna havia criado uma armadilha? Ele acreditou que sim, mesmo com o outro o olhando com clara confusão após também notar a identidade do shinobi, que parou de mover os pés não muito longe dali.

Tobirama estava pronto para pôr em ação o seu plano que envolvia a armadilha do Uchiha. Ele não confiou em Izuna em um segundo sequer, e não era uma surpresa sua traição, e aquele momento não afetaria seu raciocínio. Foi o que pensou em um instante, e no outro se viu completamente sem ação — exatamente como Izuna.

Do Outro LadoWhere stories live. Discover now