Capítulo Sete

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Ser ferido em batalha não era novidade para Tobirama. Ele era forte, rápido, mas não invencível. Custou muito de seu orgulho para admitir tal coisa quando recebeu um golpe na cintura, criando sua primeira lesão de guerra, mas serviu para que as próximas fossem aceitas muito mais como um aprendizado do que para ferir seu ego. Pernas, braços, peitoral, e agora as costas... sua pele era marcada por lições que havia aprendido, e algumas que ainda estavam no processo do aprendizado.

Ele tocou a cicatriz na cintura enquanto se olhava no espelho. A marca um tom mais escuro que sua pele era grande, mas não o incomodava. Ela o lembrava do dia em que se colocou entre Kawarama e um shinobi inimigo. Ele salvou o irmão naquele dia, e não se abalou com o choro do mais novo, que pediu para que jamais voltasse a fazer aquilo. Seu orgulho estava ferido muito mais que a cintura, mas Tobirama aprendeu sua primeira lição ali, vendo o rosto de Kawarama banhado por lágrimas enquanto Hashirama cuidava do corte em silêncio. Ele descobriu que não era invencível, muito menos imortal, mas que nunca conseguiria prometer o que seu irmão mais novo pedia. Ele aprenderia a não se arriscar, mas entre deixar alguém importante para seu coração morrer ou ser ferido daquela forma, com certeza a segunda opção seria a escolhida, porque assim que Tobirama Senju era.

A nova marca em suas costas foi a próxima a ser tocada, mas Tobirama não demorou a deixar a cicatriz recém-formada para vestir as últimas peças de roupa que faltavam. Ela carregava uma história parecida com a de sua cintura, mas os significados tão diferentes o apavoravam quando rondavam sua mente — o que vinha acontecendo com frequência.

A camisa grossa e a capa de inverno aqueceram o lado externo de seu corpo, mas não como o interior que pulsava enquanto sentia como se escorresse lava sobre o coração.

Tobirama se olhou no espelho mais uma vez, soltando suspiros rápidos enquanto encarava sua face vergonhosamente avermelhada. Por que estou tão ansioso? Pensou o Senju. Ele sabia porque, mas resolveu que fingir que nada entendia sobre o que estava acontecendo consigo seria melhor, pois pensar demais na situação em que tinha se metido já havia lhe tirados dias demais de sono.

Tobirama terminou de se preparar rapidamente, e ao partir, abriu um fraco sorriso por conseguir finalmente voltar a correr em sua velocidade habitual. As semanas apenas deitado o deixaram entediado — apenas nos momentos em que sua mente não teimava em passear pelos assuntos que preferia deixar de lado — e poder correr como antes o trouxe uma sensação calorosa de liberdade e alívio. Mas o sorriso não permaneceu por muito tempo. Em boa forma novamente, conseguiu alcançar seu destino em poucos minutos, e os olhos negros de quem já o esperava deixou apenas o sentimento caloroso entre os novos que emergiam.

Eles se cumprimentaram sem palavras, o que ajudou o Senju a normalizar um pouco seu estado eufórico ao se aproximar, e fingir que nada era tão normal quanto aquele momento.

Izuna foi o primeiro a falar, como sempre, e Tobirama sentiu-se derreter mesmo com toda a neve ao redor. O frio rigoroso não conseguia entrar por debaixo de suas vestes, não enquanto Izuna falava sem parar, contando a ideia para continuarem a primeira "missão" que ambos tiveram ao se juntar.

— Eu quero ouvir o que planejam antes agir — Izuna estava sério, conseguindo reverter como era em seu avesso, que sentia-se extremamente satisfeito ao ver pela primeira vez os cabelos claros do Senju muito bem penteados. — Madara não me contará tudo por vontade própria, nem mesmo sob tortura.

Tobirama o ouviu, concordando que Hashirama agiria de modo parecido, mesmo alegando que contaria suas ideias na conversa que havia prometido, mas que o mais novo se esquivou por todos os dias depois que retornou para casa. Se ele me contasse, não teria motivos para continuar a me encontrar com Izuna. Eu sou um idiota.

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