Te peguei, garota arco-íris

4.5K 542 238
                                    

Relâmpagos e trovoadas. Conforme aquele dia anoitecia, a chuva forte chegou depressa, contradizendo o que a previsão do jornal anunciara na mesma manhã. O dormitório estava barulhento, a medida que os lampejos eram repelidos contra o telhado bem estruturado, causando certo impacto, todavia não interferia em nada, de forma alguma.
A cama, posta centrada no quarto, não escondera o meu rosto atormentado, que era fortemente iluminado pelos raios incessantes afora. Aperto os lençóis fortemente, agora que meus pesadelos assombrosos se tornam mais impossíveis de deter. A agonia era constante, os pés se moviam para tentar abanar o que quer que seja que me prendia dentro de minha própria mente incendiada com melancolia.
O lampejo se tornou mais próximo da janela de tamanho médio do ambiente, que me fez acordar estasiada, assustada, amedrontada. Levo os olhos trêmulos ao vidro que me dividia do espaço chuvoso, a individualidade fora manifestada com o ato repentino, uma chama amarela. Engoli seco.
A incessante vontade de me pôr de pé, levou meu caminhar descalço ao chão, podendo sentir como se o assoalho sobre os pés estivesse gritando pelos tremores pitorescos dos trovões. Ao cruzar a porta, seu ranger fez parecer ser uma cena clássica de filmes de terror antigos. Sem notar, dou com o corpo noutro, fazendo a chama clara se tornar densa nas mãos.

Isso foi perigoso, poderia ter machucado alguém, ou pior, incendiado o dormitório inteiro.– a voz rouca de Hitoshi, entregava que se encontrava sonolento– Ah, que merda.

"Me desculpa. Olha o seu braço, não queria ter ferido ele, desculpe! Vamos a uma enfermaria, rápido", sinalizou eu, preocupada com o estado da queimadura em seu pulso.

Não há necessidade.– seu riso fora fraco– Eu estou bem, não se preocupe. Mas você não parece bem, vá dormir, terá que me aguentar mais tarde de qualquer forma.

"Mas o seu braço... eu sinto muito", meus dedos foram junto de minha palma acariciar seu rosto.

Eu já disse que está tudo bem, você vá descansar que eu cuido disso aqui, boa noite Todoroki-san.– riu enquanto seguiu seu próprio caminho.

"Boa noite, Shinsou...", meus olhos sinceros entregaram minha sensação de culpa.

Com o peso de minha própria sonolência, me viro de volta para o aposento, tal carregava uma energia pesada que de tempos em tempos tenho a certeza de que se acumulará. Para que me disperse do mundo, o livro pequeno debaixo do travesseiro é tomado com um puxão rápido, destacando a fina capa enrustida em um marrom envelhecido, aspecto que deixa o livro mais especial a medida que os finos dedos são depositados página por página. Com 'Alice no país das Maravilhas', durmo embarcada em uma constante viagem de pura fantasia.

                                (...)

Amanhecera, tal como todo início de um dia monótono, como qualquer outro. As remelas não permitem que as pálpebras se abram tão facilmente, os olhos estavam inchados, olheiras eloquentes. Percebo que a chuva já passara, mas o tempo não mudara, é nublado, afora vejo um nevoeiro. Os fios vermelhos, refletidos pelo espelho, ficam maiores a cada dia, como se em algum momento fossem criar vida própria, carregados pela brisa. O baque da sola do calçado nos pés, faziam parecer que estava dançando sapateado nos degraus das escadas, mas a verdade, era que eu estava preocupada com ele. O braço de Hitosh não parecia sério, mas a ferida era o suficiente para lhe causar marcas que não poderiam ser retiradas, estava sangrando. Os punhos se fecham nervosos, enquanto meus olhos passeiam pelo ambiente a procura do garoto de cabelos roxos desgrenhados, quando acabo por correr até a U.A para checar seu bem-estar, por não o encontrar.

Num empurrar de portas, corro pelos corredores vazios rapidamente, onde as sombras das árvores acerca das janelas, refletem em minha face. Os tropeços não vistos são falhos, da mesma forma que o cabelo se curva ao vento. Adentrando mais adiante, os pés fazem barulho fino irritante quando acabo por brecar os mesmos a frente da enfermaria, onde a pequena, fofa e velha senhora me recebe com um sorriso não recompensado, agora que volto a correr incansavelmente.
O ranger dos dentes furiosos, fazem perceber que minha saia uniformizada está sendo o incômodo de não poder movimentar-me com mais facilidade. A placa 1-A, me faz pensar que o mesmo pode estar lá, porém para a minha surpresa não está, e em vês disso, se encontra um garoto jovem, que sentado a uma cadeira está a concertar robustas marionetes, o que me prende a atenção, creio que já o vi anteriormente. O mesmo desaparece quando passos se escutam bem perto.

Garota Arco-íris - Imagine Shinsouजहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें