Capítulo 8

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Olha, eu sei que só postamos aos sábados por aqui e gostaria de explicar o pq: Eu ando com a rotina uma completa bagunça corrida e por isso eu só tenho um único dia da semana de folga (nosso amado sábado, que eu uso pra escrever), pq fico naquele ritmo louco de escrever e assim que tiver pronto postar logo - é uma trabalheira danada. Por conta de toda essa agitação eu to a personificação do cansaço e como consegui um tempinho hoje vou postar dois capítulos agora e a gente abate do sábado (quem sabe eu não poste os outros três logo amanhã?), pq eu to realmente precisando dormir e descansar um pouco. Pelo menos dessa vez.

Dito isso kkkk Boa leitura <3

*****

LUISE THOPERTON

Sinto que estou em um mundo paralelo ou algo do tipo. Os últimos dois dias foram completamente anormais para mim. Edmund e Harry estão inseparáveis, Margot segue indignada com o conde por sempre retornar com meu sobrinho sujo de lama. Suspeito que Harry esteja dando lições de cavalgada para Edmund, mas ambos não comentam nada diante de mim e conversam com piadas internas, das quais não compreendo nada.

Harry juntou-se a mim nas escadarias todas as noites após meu sonho dormir, tomamos chá juntos e observamos as estrelas. Eu não deveria, sigo repreendendo-me a cada dia, todavia parece impossível não se encantar por Harry D'Evill. Ele é um homem extraordinário e nossa amizade consolidou-se muito facilmente.

Solto um suspiro cansado e volto a encarar sua pintura na parede. Margot sabe que estou aqui, ela desconfia que haja algo se passando, porém é educada demais para questionar-me ou invadir minha privacidade.

Sinto-me tão acolhida em Wend Hall, esta casa é familiar, os criados são gentis e mesmo com todos os problemas que estou passando - o risco que meu próprio tio representa - estou calma... Quase em paz. O grande problema é que estou desenvolvendo uma pequena paixão platônica pelo homem que está nos ajudando.

Não que eu me condene inteiramente por isso, sejamos sinceras, basta estar ao lado de Harry por três minutos ou mesmo olhá-lo por dez segundo.

Encaro sua pintura indignada com o mundo. Como a natureza pode ceder tamanha beleza a um único ser humano? Seus cabelos loiros brilham de tamanha forma que meus dedos coçam para não correr a mão por seus fios, os olhos verdes luminosos como esmeraldas refletidas pelo fogo,  seus traços másculos, tão belo... E seu corpo? Bem preenchido em todos os devidos lugares, os ombros largos e quadris estreitos. Nunca imaginei que algum dia acharia um pescoço atraente, mas o dele... Digno de ser beijado, sem dúvida alguma.

-Por que gosta tanto deste lugar?

Sua voz faz-me pular no lugar. Por um segundo pensei estar projetando, minha imaginação pregando peças, até que dei-me conta de sua presença. Harry está apoiado no batente da porta, braços cruzados sobre o peito forte com as mangas dobradas, revelando os antebraços grossos; tornozelos dobrados e botas imundas de lama.

-Gostaria de saber quem pintou este quadro.

-Por quê?

-Gosto dos traços. - Dei-me conta da besteira que havia dito somente quando as palavras saíram de minha boca. Falar a primeira coisa que se vem a cabeça não é uma boa ideia.

-Dos traços? - Com uma expressão zombeteira no rosto, Harry afastou-se da porta e aproximou-se de mim.

-Estou decidida a encomendar uma pintura do artista quando toda essa confusão melhorar. - Estufo o peito, em uma tentativa de parecer mais confiante.

-O pintor não aceita mais encomendas.

-Como não? - Questiono levemente indignada - Ele aceitou fazer seu quadro.

Harry riu e balançou a cabeça, as mãos apoiadas nos quadris, seus dentes brancos e perfeitos em exibição, os longos fios loiros dançando de um lado para o outro à medida que movimenta a cabeça. A natureza é tão injusta.

-Venha, quero mostrar-lhe algo.

Ele vira de costas e caminha na direção da porta, não dando-me espaço para questioná-lo mais. Curiosa o segui pelos corredores da casa até pararmos diante da única porta trancada da casa, aquela que não consegui abrir durante minha exploração.

Seus olhos encararam os meus por alguns segundos antes que Harry pescasse uma chave de seu bolso e abrisse a porta, dando um espaço para o lado para que eu entrasse primeiro. Desconfiada, comecei a me mover, não acreditando em que meus olhos viam.

Telas, tintas e panos para todos os lados. As janelas fechadas, cortinas abertas e a luz do sol invadindo o cômodo. Pinturas de paisagens, de algumas pessoas - todas loiras e de olhos verdes, então presumo ser sua família - contudo foram duas artes em específico que chamaram minha atenção. Um desenho sobre a mesa, de Edmund sorrindo para um enorme cavalo, os olhos brilhando de animação.

Seguro seu desenho e me viro para olhá-lo. Harry apenas dá de ombros, como se este não fosse o desenho mais belo que já vi em toda a minha vida - e levando em consideração que meu irmão era apaixonado pelas artes, sou experiente na área. A tela inacabada no canto do cômodo deixa-me sem ar. Nela estou eu na galeria, encarando o quadro de Harry, usando o mesmo vestido que na primeira vez que ele me encontrou lá, no dia seguinte a minha chegada.

A obra é tão realista - mesmo que ainda não esteja concluída - que sinto como se estivesse olhando por uma fresta ou algo assim. Mesmo os pequenos detalhes de meu vestido estão ali.

-C-como? Oh, meu Deus! Harry, isto é incrível!

-É um hobbie. - Responde com pouco caso.

-Como não investiu em uma carreira artística? Você tem tanto talento.

-O fato de ter algum talento não significa que seja isso que desejo fazer de minha vida. Sou muito feliz em minhas atividades como Conde de Wendwood. A pintura é apenas um hobbie, um passatempo, mas não é essencial.

-Confesso ser a primeira vez que ouço isso de alguém com um talento tão grande.

-Ser talentoso em algo não significa que isso tem seu coração. - Sorri de maneira depreciativa de si mesmo - Alguns anos atrás não tinha a mínima ideia de como minha vida se transformaria, mas digo com toda a certeza que sinto-me realizado. Nem todos com habilidades de desenho desejam viver desenhando para o mundo, assim como nem todo escritor deseja viver de suas obras. Bem, de qualquer forma eu sou um homem com uma missão.

Estende uma carta em minha direção, eu nem ao menos tinha notado que ele mantinha o papel consigo.

-Uma carta para mim? - Não pude esconder a surpresa em minha voz.

-Sim, minhas irmãs a enviaram. Ordens expressas para que você recebesse o mais breve possível.

-Suas irmãs? Conheci apenas a duquesa.

-Victoria compartilhou de sua história com Elizabeth e ambas estão aprontando algo, não tenho dúvidas.

-Não conheço suas outras irmãs. - Uma risada nervosa escapou de mim.

-Ali. - Indicou com a cabeça na direção de um dos quadros, três mulheres loiras e uma morena estão pintadas, todas sorridentes e muito bonitas. A morena é uma senhora mais velha - presumo ser sua mãe - e suas filhas de fato têm traços muito semelhantes aos dela, apesar dos cabelos e olhos distintos.

-Oh, olá miladies.

Conde Tentador - Os D'Evill 04Where stories live. Discover now