Capítulo 19

23.7K 3K 538
                                    

HARRY D'EVILL

-Elizabeth entrou-nos um amontoado de folhas e disse que eram um pedido seu. O que falou para que nossa irmã escrevesse um livro?

-Pedi que pesquisasse algumas coisas, nada demais.

-Nada demais, claro. A história estava interessante, continuem com a narrativa. Por que seu tio enlouqueceu agora? Ele não poderia ter feito isso antes?

-Meu tio era sócio de um homem rico, investiu suas economias em um projeto que nunca chegou a ser realizado. Ao que parece eles precisavam de um trecho de terra específico e o dono se recusava a vendê-las. Adrian Rodwell, o sócio rico, prometeu que conseguiria as terras, mas morreu antes e todo o dinheiro que meu tio investiu na futura ferrovia sumiu.

-Seu tio era sócio de Rodwell? O mesmo Rodwell que nos causou tantos problemas poucos anos atrás?

-Sim, senhor. Harry me contou o que aconteceu com seu cunhado e sua irmã, eu realmente sinto muito. Não tinha ideia do que estava acontecendo na época e como Adr... Rodwell costumava passar longas temporadas em nossa propriedade, sua presença não era estranha.

-Agora ele está caçando seu sobrinho para colocar as patas na fortuna.

-Exatamente. Meu tio planeja seguir um caminho na política e com o título ele estará na Câmara dos Lordes sem o menor esforço. Não precisaria disputar as eleições pela Câmara dos Comuns.

-Obrigada por compartilhar sua história conosco, Luise. - Grace lhe oferece um sorrio e minha esposa o retribui.

-Se estou seguindo a linha de raciocínio do meu irmão, vocês permanecerão aqui até que a Coroa os procure exigindo respostas ou o tal tio apareça lutando pela guarda do garoto, certo?

-Basicamente sim. - Respondo.

-Sabendo que a Coroa não se intrometeria por você ser um conde e ela, agora, uma condessa, você está esperando que o tio dela apareça a qualquer momento para bater nele e fazê-lo voltar para o buraco de onde nunca deveria ter saído.

-Sim. - Dou de ombros.

-E você, pequena Luise, está de acordo com os planos violentos do meu irmão?

-Permito que Harry aja como melhor lhe parecer. Ele tem cuidado de mim e de meu sobrinho como se estivéssemos juntos desde sempre. Não posso fingir que sentirei piedade. Ele deveria ter pensado melhor antes de comprar a morte de seu próprio parente.

-Perdoe minha pergunta, não é obrigada a responder se lhe incomoda, mas como conseguiu a guarda de Edmund? É um tanto incomum que uma mulher solteira tenha guarda de uma criança.

-Eu não tinha pretenções de casamento, não havia propostas e passei toda a minha vida em Green Hall. Ajudei na criação de meu sobrinho desde seu nascimento. Minha cunhada morreu quando Edmund era um bebê e seguimos nós três juntos desde então. Quando meu irmão adoeceu sabia que Edmuns estaria seguro comigo. Assumi o comando de suas propriedades e com a ajuda de nosso administrador.

-Ele é confiável?

-Completamente.

Pelas próximas duas horas discutimos perspectivas de toda a história e pensamos na melhor maneira de lidar com o tio de Luise. Meu irmão gostou dela, isso é óbvio e Grace vê uma potencial amizade. O clima na sala melhorou exponencialmente e Luise estava relaxada agora, ao ponto de agarrar meu braço e manter-se perto mim.

Gritos e coisas quebrando ainda não foram escutadas, então Margot estava controlando bem Alice e Edmund - não que ele fosse o problema, Ed é um rapazote com muito juízo e sabe portar-se como tal, mas minha sobrinha? Não confio naquela pequena coisa nem por todas as tintas do mundo.

-Escreverei para nossos pais, preciso contar-lhes meu relatório sobre nossas descobertas aqui. Eu diria que é, no mínimo, interessante.

-Interessante? - Arqueio a sobrancelha - O que achou de interessante por aqui, Tony?

-Vocês estão apaixonados, isso é evidente para qualquer um. Além disso...

-Querido. - Grace toca seu braço, chamando sua atenção - Creio que eles não perceberam isso ainda, melhor não comentar.

-Como não? Estamos falicitando suas vidas. - Ao observar a expressão de sua esposa Tony suspira derrotado - Desculpe. Escrevei na tentativa de acalmar os ânimos, mamãe segue puta da vida com você, Charlie quer arrancar sua cabeça fora, Vic recusou-se a expor uma opinião e Lilibeth deseja te matar.

-O amor familiar é algo realmente tocante. - Sorrio - Mamãe está puta pelo mesmo motivo de Lilibeth, não tiveram a chance de planejar uma enorme festa de casamento e brincar de boneca com minha esposa, Charlie quer minha cabeça porque está com ciúmes de Luise e eu sinceramente acho que a pessoa mais sensata é o papai.

-Porque ele está ocupado demais tentando acalmar os ânimos de mamãe e Charlie. Isso é o que acontece quando se vive na mesma casa de duas mulheres exatamente iguais.

-Você é pai de uma mini Charlie, nem deveria estar falando.

-Alice passa tempo demais com a tia, não posso negar, mas para a minha sorte Grace é diferente.

-Por isso ela ainda não enlouqueceu fazendo parte dessa família.

-Vocês poderiam parar de debater sobre minha sanidade como se eu não estivesse aqui? - Grace interrompe.

-Desculpe, tudo culpa do seu marido.

-Seja sincera Luise, como aguente ele?

Luise solta uma pequena risada e simplesmente dá de ombros, os olhinhos apaixonados brilhando para mim. É inútil negar o orgulho masculino crescente em meu peito, saber que sou o único que recebe esse olhar.

-Não há nada para reclamar de Harry. -Responde por fim.

-Você está apaixonada, sua opinião está sofrendo influência. Não conta.

-Veio até aqui investigar meu casamento e tentar jogar minha esposa contra mim?

-Existe outra finalidade para os irmãos?

-Por que mandaram você especificamente?

-Por que sou o mais velho e acaba por ser minha obrigação manter essa família em ordem, ou seja, quando um dos meus irmãos se casa escondido eu sou enviado para averiguar o que aconteceu.

-Não me casei escondido, avisei a todos sobre o que estava acontecendo.

-Por cartas? Que maneira bonita de informar um pequeno detalhe como casamento.

-O que esperava? Tínhamos pressa e não havia condições de passar nas casas de todos os membros dessa família e informar minhas intenções.

-Certo, por que vocês irmãos não cavalgam um pouco pela propriedade e conversam? - Grace sugere com um sorriso doce, apotando para ela e Luise - Nós, as pessoas sensatas, conversaremos um pouco mais.

-Tudo bem. - Tony se levanta, estendendo a mão para ajudar sua esposa. Quando Grace finalmente põe-se de pé meus olhos se arregalam diante do volume em sua barriga.

-Minha nossa, pensei que a gestação era recente.

-Cinco meses. - Sorri orgulhosa de si mesma, acaricindo o ventre.

-Tome cuidado, meu bem. - Tony a beija - Qualquer coisa mande me chamar.

-Voltamos logo, baby. - Beijo Luise e sigo com Tony para fora da biblioteca.

Conde Tentador - Os D'Evill 04Where stories live. Discover now