HARRY D'EVILL
-Elizabeth entrou-nos um amontoado de folhas e disse que eram um pedido seu. O que falou para que nossa irmã escrevesse um livro?
-Pedi que pesquisasse algumas coisas, nada demais.
-Nada demais, claro. A história estava interessante, continuem com a narrativa. Por que seu tio enlouqueceu agora? Ele não poderia ter feito isso antes?
-Meu tio era sócio de um homem rico, investiu suas economias em um projeto que nunca chegou a ser realizado. Ao que parece eles precisavam de um trecho de terra específico e o dono se recusava a vendê-las. Adrian Rodwell, o sócio rico, prometeu que conseguiria as terras, mas morreu antes e todo o dinheiro que meu tio investiu na futura ferrovia sumiu.
-Seu tio era sócio de Rodwell? O mesmo Rodwell que nos causou tantos problemas poucos anos atrás?
-Sim, senhor. Harry me contou o que aconteceu com seu cunhado e sua irmã, eu realmente sinto muito. Não tinha ideia do que estava acontecendo na época e como Adr... Rodwell costumava passar longas temporadas em nossa propriedade, sua presença não era estranha.
-Agora ele está caçando seu sobrinho para colocar as patas na fortuna.
-Exatamente. Meu tio planeja seguir um caminho na política e com o título ele estará na Câmara dos Lordes sem o menor esforço. Não precisaria disputar as eleições pela Câmara dos Comuns.
-Obrigada por compartilhar sua história conosco, Luise. - Grace lhe oferece um sorrio e minha esposa o retribui.
-Se estou seguindo a linha de raciocínio do meu irmão, vocês permanecerão aqui até que a Coroa os procure exigindo respostas ou o tal tio apareça lutando pela guarda do garoto, certo?
-Basicamente sim. - Respondo.
-Sabendo que a Coroa não se intrometeria por você ser um conde e ela, agora, uma condessa, você está esperando que o tio dela apareça a qualquer momento para bater nele e fazê-lo voltar para o buraco de onde nunca deveria ter saído.
-Sim. - Dou de ombros.
-E você, pequena Luise, está de acordo com os planos violentos do meu irmão?
-Permito que Harry aja como melhor lhe parecer. Ele tem cuidado de mim e de meu sobrinho como se estivéssemos juntos desde sempre. Não posso fingir que sentirei piedade. Ele deveria ter pensado melhor antes de comprar a morte de seu próprio parente.
-Perdoe minha pergunta, não é obrigada a responder se lhe incomoda, mas como conseguiu a guarda de Edmund? É um tanto incomum que uma mulher solteira tenha guarda de uma criança.
-Eu não tinha pretenções de casamento, não havia propostas e passei toda a minha vida em Green Hall. Ajudei na criação de meu sobrinho desde seu nascimento. Minha cunhada morreu quando Edmund era um bebê e seguimos nós três juntos desde então. Quando meu irmão adoeceu sabia que Edmuns estaria seguro comigo. Assumi o comando de suas propriedades e com a ajuda de nosso administrador.
-Ele é confiável?
-Completamente.
Pelas próximas duas horas discutimos perspectivas de toda a história e pensamos na melhor maneira de lidar com o tio de Luise. Meu irmão gostou dela, isso é óbvio e Grace vê uma potencial amizade. O clima na sala melhorou exponencialmente e Luise estava relaxada agora, ao ponto de agarrar meu braço e manter-se perto mim.
Gritos e coisas quebrando ainda não foram escutadas, então Margot estava controlando bem Alice e Edmund - não que ele fosse o problema, Ed é um rapazote com muito juízo e sabe portar-se como tal, mas minha sobrinha? Não confio naquela pequena coisa nem por todas as tintas do mundo.
-Escreverei para nossos pais, preciso contar-lhes meu relatório sobre nossas descobertas aqui. Eu diria que é, no mínimo, interessante.
-Interessante? - Arqueio a sobrancelha - O que achou de interessante por aqui, Tony?
-Vocês estão apaixonados, isso é evidente para qualquer um. Além disso...
-Querido. - Grace toca seu braço, chamando sua atenção - Creio que eles não perceberam isso ainda, melhor não comentar.
-Como não? Estamos falicitando suas vidas. - Ao observar a expressão de sua esposa Tony suspira derrotado - Desculpe. Escrevei na tentativa de acalmar os ânimos, mamãe segue puta da vida com você, Charlie quer arrancar sua cabeça fora, Vic recusou-se a expor uma opinião e Lilibeth deseja te matar.
-O amor familiar é algo realmente tocante. - Sorrio - Mamãe está puta pelo mesmo motivo de Lilibeth, não tiveram a chance de planejar uma enorme festa de casamento e brincar de boneca com minha esposa, Charlie quer minha cabeça porque está com ciúmes de Luise e eu sinceramente acho que a pessoa mais sensata é o papai.
-Porque ele está ocupado demais tentando acalmar os ânimos de mamãe e Charlie. Isso é o que acontece quando se vive na mesma casa de duas mulheres exatamente iguais.
-Você é pai de uma mini Charlie, nem deveria estar falando.
-Alice passa tempo demais com a tia, não posso negar, mas para a minha sorte Grace é diferente.
-Por isso ela ainda não enlouqueceu fazendo parte dessa família.
-Vocês poderiam parar de debater sobre minha sanidade como se eu não estivesse aqui? - Grace interrompe.
-Desculpe, tudo culpa do seu marido.
-Seja sincera Luise, como aguente ele?
Luise solta uma pequena risada e simplesmente dá de ombros, os olhinhos apaixonados brilhando para mim. É inútil negar o orgulho masculino crescente em meu peito, saber que sou o único que recebe esse olhar.
-Não há nada para reclamar de Harry. -Responde por fim.
-Você está apaixonada, sua opinião está sofrendo influência. Não conta.
-Veio até aqui investigar meu casamento e tentar jogar minha esposa contra mim?
-Existe outra finalidade para os irmãos?
-Por que mandaram você especificamente?
-Por que sou o mais velho e acaba por ser minha obrigação manter essa família em ordem, ou seja, quando um dos meus irmãos se casa escondido eu sou enviado para averiguar o que aconteceu.
-Não me casei escondido, avisei a todos sobre o que estava acontecendo.
-Por cartas? Que maneira bonita de informar um pequeno detalhe como casamento.
-O que esperava? Tínhamos pressa e não havia condições de passar nas casas de todos os membros dessa família e informar minhas intenções.
-Certo, por que vocês irmãos não cavalgam um pouco pela propriedade e conversam? - Grace sugere com um sorriso doce, apotando para ela e Luise - Nós, as pessoas sensatas, conversaremos um pouco mais.
-Tudo bem. - Tony se levanta, estendendo a mão para ajudar sua esposa. Quando Grace finalmente põe-se de pé meus olhos se arregalam diante do volume em sua barriga.
-Minha nossa, pensei que a gestação era recente.
-Cinco meses. - Sorri orgulhosa de si mesma, acaricindo o ventre.
-Tome cuidado, meu bem. - Tony a beija - Qualquer coisa mande me chamar.
-Voltamos logo, baby. - Beijo Luise e sigo com Tony para fora da biblioteca.
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Conde Tentador - Os D'Evill 04
RomanceEssa é uma história de minha autoria, ou seja, DIREITOS AUTORAIS. É sempre bom lembrar que plágio é CRIME! As responsabilidades obrigaram Harry D'Evill, o novo conde de Wendwood, a isolar-se em sua propriedade. Harry gosta da sensação de paz e calma...