Forte como licor

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Zitao se encontrava debruçado sobre a fonte dentro do Templo. O jovem ômega se distraía do mundo ao seu redor enquanto mexia com a água, terminando de lavar seus trajes. Embora suas ações estivessem focadas em sua tarefa, sua mente viajava entre as lembranças de dois dias atrás; mais precisamente em um certo alfa com cheiro de licor.

Wu Yifan era tudo o que jovens ômegas como Zitao almejavam. Dono de uma beleza invejável e de uma aura dominante, além de seu status na sociedade como líder da família mais influente de todo o reino. A força que o alfa demonstrava ter mesmo em atos simples, a voz rouca sempre com um tom de comando embora suas ações fossem educadas o suficiente para cativar qualquer um, a postura que o homem carregava, sempre de cabeça erguida e coluna ereta como se fosse superior, a feição séria e uma leve curva no canto de seus lábios simulando um sorriso, mesmo que poucos fossem dignos de receber um; tudo, absolutamente tudo era capaz de atrair a atenção para o Wu.

Tao se lembrava de sonhar em ter um alfa como o dragão. Claro que, com o tempo, seu sonho acabou se perdendo em meio à tantos outros. Não que pensasse que não merecia um bom pretendente, mas tinha plena consciência de que sua família não era tão influente quanto outras, além de acreditar que homens como Yifan poderiam encontrar alguém mais interessante do que si.

Contudo, se pegou sonhando acordado desde que o líder da família Wu o notou. O modo gentil que o alfa o tratou, o cheiro de licor marcado em sua mente, a voz pronunciando seu nome e fazendo seu ômega interior explodir em alegria, como se aprovasse o modo que o nome soava na voz do alfa. Era como se estivesse de volta aos seus dezesseis anos, desejando encontrar um parceiro com as mesmas características.

Quase podia sentir o aroma do Wu em seus pulmões, como se estivesse na presença do mesmo. Tamanha foi a sua surpresa ao notar que não estava delirando e que o alfa estava sim na sua frente, recitando seu nome como um verso de um poema — o qual pela entonação, Yifan gostava de apreciar — enquanto o olhava com seus olhos profundos — causando um arrepio na pele morena do ômega.

— Zitao. — chamou, admirando a vista privilegiada que tinha do menor. — Peço perdão se o assustei!

Levou alguns segundos para que o mesmo voltasse a realidade, se levantando depressa — e por pouco levando seu cesto com as roupas limpas ao chão — e se curvando em sinal de respeito.

— Bom dia, senhor Wu! — retomou a postura. — Eu quem peço perdão, estava distraído. — encolheu os ombros, tímido.

— O que é digno de causar tamanha distração?

— O senhor. — o ômega optou por falar a verdade.

Não havia malícia ou quaisquer sentimentos ocultos na resposta do menor, mas Yifan se questionou se o garoto possuía tamanha inocência para não perceber em como isso poderia o atiçar. O cheiro de cereja o perseguiu no momento em que adentrou o Templo. Não foi difícil encontrar o mais novo, mas estar ali há poucos passos perto do mesmo era um tanto tentador não poder o encarar por mais tempo que seria considerado educado. Se pudesse, se sentaria em frente ao ômega e o admiraria por horas.

— Gosto da sua sinceridade, embora acredite que você não tenha noção do que ela pode lhe causar. — umedeceu os lábios, disfarçando o sorriso ladino.

— Eu deveria estar arrependido? — franziu o cenho. — Me desculpe! Minha avó sempre me ensinou a dizer a verdade, especialmente para um dragão.

— Não foi uma crítica negativa, Zitao. — apressou-se em responder. — Já disse que gosto da sua sinceridade, ela é... cativante.

— Obrigado, senhor Wu. — se curvou em agradecimento.

Yifan assentiu, como se respondesse um "não há de quê".

O ômega que domou um dragão [wyf+hzt]Donde viven las historias. Descúbrelo ahora