O ômega que domou um dragão [wyf+hzt]

A inocência de um ômega

Olha só se quem não é vivo sempre aparece

A Casa Wu era enorme, Zitao tinha plena consciência deste fato. No entanto, naquele momento, o ômega nunca se sentiu tão pequeno como se sentia diante dos labirintos formados pelos corredores da residência. Luhan e JinMai foram gentis o bastante para o guiarem pela casa mais uma vez durante a noite anterior, mas isso não significava que a memória do Huang aprenderia tão rápido os caminhos que deveria seguir. 

Quando aceitou a proposta de Yifan em passar a noite no lar dos dragões, podia jurar que foi possível ver um brilho cintilar nos olhos do Wu, e tal fato apenas fez seu coração bater mais forte do que já estava. O alfa foi rápido em ordenar que preparassem um dos quartos disponíveis para sua estadia. Incrivelmente, Yifan solicitou até mesmo que trouxessem roupas novas para si e Zitao por pouco não se escondeu pelo constrangimento de dar tanto trabalho, não só para o alfa como também para os empregados do mesmo.

Foi avisado por uma das betas que trabalhavam na casa que o desjejum logo seria servido, então tratou de se arrumar e sair do quarto. Contudo, mal imaginava que se perderia no primeiro corredor que entrasse. Havia portas e corredores demais e pessoas de menos, o que tornava fácil a tarefa de confundir o caminho que deveria seguir.

Zitao se repreendia mentalmente sempre que abria uma porta errada — para sua sorte ou azar, todas estavam vazias, o que evitava o constrangimento em entrar no local errado na hora errada e se deparar com outras pessoas ao mesmo tempo em que aumentava ainda mais seu desespero —. O ômega nem sequer notou quando inconscientemente começou a seguir o cheiro de licor.

Uma coisa o ômega tinha certeza: já havia andado tempo o suficiente para que atravessasse a casa. Em uma de suas tentativas falhas de acertar o salão principal, se deparou com uma porta trancada. Era no mínimo intrigante, levando em consideração que aquela era a primeira passagem que estava impedida.

Sua memória poderia não ajudar muito quanto ao seu senso de direção, mas havia notado que ela incrivelmente eficiente em se recordar de coisas ligadas ao líder da família Wu. Luhan havia lhe informado que Yifan gostava de ter privacidade nos assuntos que diziam respeito aos negócios e por isso sempre trancava a porta de seu escritório; somente o alfa e a matriarca tinham acesso ao local. 

Com o poder da família Wu, Yifan tinha a noção de que certos documentos e assuntos deveriam ser mantidos em sigilo e protegidos, e nada seria mais seguro do que mantê-los ao cômodo ao lado de seu quarto; o alfa era agraciado com uma forte intuição e sentidos, nada passaria por si sem que soubesse. Com isso em mente, a informação de que a porta ao lado seria o quarto do alfa em questão reacendeu em sua cabeça.

Zitao sempre soubera que sua curiosidade seria sua ruína em algum momento de sua vida. Em poucos instantes, sua imaginação trabalhou o suficiente para recriar o ambiente em que Yifan passava suas noites, o atiçando o suficiente para querer ver de perto como seria algo que pertencia ao Wu. Era de seu conhecimento que o alfa tinha bom gosto — podia dizer isso somente com base nas vestimentas do líder —, mas a cada dia que se passava, Zitao ansiava em conhecer mais o verdadeiro Wu Yifan, e, bem, sua avó sempre dizia que os aposentos de uma pessoa sempre a representa.

Nem sequer notou quando sua mão encostou na maçaneta gelada, a girando devagar. Havia uma grande chance da porta estar trancada, igualmente à do escritório, contudo essa ideia nem chegou a passar pela cabeça do ômega hipnotizado pelo aroma forte de licor que o sondava. Tamanha foi a felicidade de seu lobo interior quando a porta se abriu.

O quarto cheirava à Yifan. O aroma de licor era forte, dominante o suficiente para fazer as pernas do Huang estremecerem levemente. Zitao podia afirmar que o cheiro do alfa estava impregnado em cada centímetro do lugar, arriscava-se até mesmo em dizer que se encostasse o nariz em algum objeto qualquer, sentiria o odor atraente, como se tivesse sido absorvido pelo material.